Há 80 anos, a China foi e é crucial para libertar a humanidade do fascismo mundial
China desempenhou papel crucial na derrota do fascismo e segue firme na defesa de um mundo multilateral e pacífico
No dia 3 de setembro, o presidente da República Popular da China (RPC), Xi Jinping, em seu discurso, reafirmou o marxismo e o socialismo científico na Praça Tiananmen, durante o ato do 80º aniversário da Vitória da Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e a Guerra Mundial Antifascista. Ele reiterou os ideais socialistas fundadores da RPC, que ainda orientam, de forma fiel, sua governança:
“A história carrega o passado e também inspira o futuro. Nesta nova era e nova jornada, os povos de todos os grupos étnicos da China devem, sob a forte liderança do Partido Comunista da China, defender o marxismo-leninismo, o pensamento de Mao Zedong, a teoria de Deng Xiaoping, o importante pensamento das 'Três Representatividades' e a Perspectiva Científica do Desenvolvimento. Devem implementar plenamente o Pensamento sobre o Socialismo com Características Chinesas para uma Nova Era, seguir inabalavelmente o caminho do socialismo com características chinesas, herdar e levar adiante o grande espírito da Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa, avançar com coragem e determinação e unir-se na luta para promover de forma abrangente o desenvolvimento da China como uma nação forte e alcançar o rejuvenescimento nacional por meio da modernização ao estilo chinês”, afirmou Xi Jinping.
A determinação e organização de luta de libertação da China, dirigida pelo Partido Comunista da China (PCCh), na Guerra da Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e a Guerra Mundial Antifascista, são uma referência hoje para todos os povos do Sul Global na defesa de sua autodeterminação, da integridade territorial, da soberania e contra as agressões do Imperialismo e do neocolonialismo.
Aqueles homens e mulheres revolucionários chineses do passado forjaram, na ação política prática, o grande espírito de resistência imbuído em cada democrata, patriota e revolucionário do Terceiro Mundo no presente, constituído nas consignas "prefere morrer a render-se" e "todos têm um dever para com seu país", um caráter nacional de resolução heroica de "lutar até o fim sem medo da violência".
A vida sacrificada em luta e em sangue daqueles revolucionários chineses, assim como dos soviéticos e dos soldados da frente dos Aliados Ocidentais, entre os quais brasileiros, que levou à vitória na Segunda Guerra Mundial, deu origem a um sistema internacional com a Organização das Nações Unidas (ONU) como núcleo e o direito internacional que rege as relações internacionais baseadas nos propósitos e princípios da Carta da ONU.
O presidente da Associação de História Nacional da RPC, Jin Minqing, aponta que “a vitória desta guerra é um marco fundamental no rejuvenescimento da nação da China. Neste aspecto, o impacto global desta vitória da Guerra de Resistência liderada pelo PCCh impulsionou a criação da ONU e fez da China uma de suas mais importantes fundadoras. A configuração do pós-guerra preservou décadas de paz e o desenvolvimento mundial. E neste sentido, a contribuição da China é inquestionável.”
As ações bélicas abalam e desestabilizam o sistema internacional e, por conseguinte, as economias. Em contraste com os países que operam o hegemonismo, a imposição, a coação, bloqueios e sanções, a desagregação, o confronto comercial, a interrupção da cadeia de suprimentos industrial, o unilateralismo, a política externa agressiva, a China, ao contrário, mantém a mesma prática de defesa da paz, do multilateralismo, da cooperação, do desenvolvimento compartilhado, da autodeterminação dos povos e de uma ordem mundial baseada no direito internacional, fundada no pós-guerra.
No desfile militar do Dia da Vitória, para marcar o 80º aniversário da vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e na Guerra Mundial Antifascista, a China, que contou com a presença de mais de 20 chefes de Estado — entre os quais se destaca o presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, e o presidente da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), Kim Jong-un — demonstrou que, em termos materiais, é decisiva para a estabilidade internacional e para salvaguardar, hoje, a paz mundial.
Especialistas da imprensa oficial do PCCh identificam que, no desfile, que foi transmitido ao vivo para todo o mundo, foram exibidos, entre outros: tanques de nova geração, duas variantes de artilharia de foguetes modularizada de longo alcance e alta precisão, sistema completo de defesa aérea, incluindo o laser LY-1, mísseis hiperssônicos, armas antidrones a laser e micro-ondas, veículo subaquático não-tripulado, mísseis de cruzeiro aéreos e marítimos, míssil balístico intercontinental com alcance de 20 mil km, capaz de atingir qualquer país e com capacidade de liberar múltiplas ogivas nucleares sobre o alvo, torpedos e lançamentos de minas de novo tipo, entre outros.
Materialismo histórico
No Brasil, na América Latina e no Oriente, de modo geral, quase não se sabe, e não está nos nossos livros de história, mas a verdade factual é que a China foi o primeiro país a deflagrar a guerra antifascista e a iniciar a guerra mundial antifascista. Em 18 de setembro de 1931, o Exército japonês provocou o incidente de Liu Tiao, lançando um grande ataque de invasão à China, e teve início a principal frente de batalha da Segunda Guerra Mundial no Oriente, a mais trágica da história da humanidade.
Os EUA só entraram na Segunda Guerra uma década depois, em 11 de dezembro de 1941, após a própria Alemanha nazista declarar guerra aos norte-americanos. A historiografia oficial registra que a Segunda Guerra Mundial teria iniciado em 1939, com a invasão da Polônia pelas tropas hitleristas.
A China foi a primeira a entrar na guerra e a última a sair. Lutou contra o fascismo durante 14 anos, em condições nacionais e internacionais difíceis. A China sofreu mais de 35 milhões de baixas, entre militares e civis, dos quais mais de 8 milhões eram efetivos do Exército. No total, a China aniquilou mais de 1,5 milhão de soldados japoneses, o que representa mais de 70% das baixas japonesas na Segunda Guerra Mundial. Quando o Japão foi derrotado, seus mais de 1,2 milhão de soldados se renderam à China. A contribuição da China para a vitória mundial antifascista foi crucial.
As tropas japonesas ocuparam sucessivamente as cidades de Shengyan, Chang Chun, Chichiart e Jinjo. Em fevereiro de 1932, conquistaram Harpin, o que significou a completa queda do Noroeste da China. Onde chegavam os invasores, deixavam um rastro de saques, incêndios e mortes, e milhões de chineses foram forçados a se deslocar.
Em 28 de janeiro de 1932, o Japão iniciou o incidente de Xangai, lançando um ataque repentino contra o subúrbio. Em 1933, intensificou seu avanço ao norte da China, o que desencadeou várias batalhas ao longo da Grande Muralha da China. Em 1936, o Japão firmou com a Alemanha Nazista o Pacto Anticomintern. O Comintern era a abreviação da Internacional Comunista, na época a III Internacional Comunista, que operou de 1919 até 1943. Assim, as potências fascistas do Ocidente e do Oriente se uniram para estabelecerem as bases do fascismo mundial. Em 7 de julho de 1937, o Exército japonês desferiu um ataque à Ponte de Lugou (ou Ponte Marco Polo, como também é conhecida), em Pequim. As tropas chinesas responderam fortemente, o que levou à guerra total do povo chinês de resistência contra a agressão japonesa. Em cerca de um mês, os japoneses tomaram Pequim e Tianjin.
O militarismo japonês se expandiu rapidamente pelo Oriente e é considerado o primeiro conflito bélico da Segunda Guerra Mundial. “No que se refere à Guerra Mundial contra o Fascismo, a China levantou por si mesma a primeira bandeira daquela luta. Hoje, acadêmicos de muitos países reconhecem que a China marcou o início da Guerra Mundial Antifascista. Dito de outro modo, foi o ponto de partida da Segunda Guerra Mundial”, afirma o professor da Universidade de Defesa Nacional do Exército Popular de Libertação da China, Liu Bo.
Em 1937, o Governo Soviético e o Governo da China firmaram um Pacto de Não Agressão Sino-Soviético, mediante o qual a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) proporcionou uma importante assistência militar secreta à China, tornando-se a primeira potência militar a apoiar a sua Guerra de Resistência. A URSS organizou uma equipe de pilotos com ampla experiência em combates e os enviou secretamente para combater diretamente o Exército japonês.
O Partido Comunista da China (PCCh) fundou a Universidade Política Militar Antijaponesa em 1931, em Ruijin, Jiangxi. Primeiramente, foi nominada Escola do Exército Vermelho da China, e em 1933 passou a se chamar Faculdade da Escola do Exército Vermelho da China. Em 1934, após o quinto cerco de supressão, a faculdade foi transferida para Wayaobu, no condado de Anding, na província de Shaanxi, no Noroeste da China, local que também sediava o PCCh, onde foi fundida com a Escola do Exército Vermelho de Trabalhadores e Camponeses da China. Em 20 de janeiro de 1937, foi renomeada como Universidade Antijaponesa do Exército Vermelho.
São esses homens e mulheres chineses formados na luta de libertação do imperialismo, nesta Guerra da Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e a Guerra Mundial Antifascista, que constituíram a espinha dorsal da RPC.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
