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Oliveiros Marques

Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

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Fim da escala 6X1. Essa é a pauta

Para Oliveiros Marques, a recente vitória do governo Lula na redução do Imposto de Renda prova que a mobilização popular ainda tem força decisiva

Mobilização contra a escala 6x1 (Foto: Letycia Bond/Ag. Brasil)

A aprovação da proposta do governo Lula de redução do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, e de redução da alíquota para aqueles com rendimentos entre esse valor e R$ 7.350, mostrou a influência que as manifestações de rua ainda exercem sobre o cenário político. Mais do que um sentimento vintage de um militante na casa dos 60 anos de idade, é a prova de que, mesmo com o advento das redes sociais, a sola de sapato e as vozes falando alto - unidas e coletivamente - cumprem um papel importante na construção do futuro.

E, quando há um objetivo mais concreto, tangível aos olhos e ouvidos das pessoas, a tarefa de mobilização se torna mais fácil. É o que me parece que acontecerá com a pauta que está na ordem do dia: o fim da escala 6x1, que busca garantir pelo menos dois dias de descanso semanais para todas as categorias de trabalhadores e trabalhadoras.

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, deu a senha em entrevista publicada neste final de semana: só a mobilização popular vai forçar o Congresso Nacional a deixar de olhar para os seus próprios interesses e assumir a responsabilidade de aprovar a Proposta de Emenda Constitucional que determina a redução do número de dias de trabalho semanais que beneficiará cerca de 40 milhões de trabalhadores e trabalhadoras. As declarações do ministro Marinho, assim como o recente encontro entre a ministra Gleisi Hoffmann e a deputada do PSOL Erika Hilton, autora da PEC, mostram o compromisso e a determinação do governo com a ideia.

Contudo, é sabido que a correlação de forças dentro do Congresso não é positiva para as pautas do governo. Se o debate ficar sujeito apenas aos jogos das relações políticas na superestrutura de poder, será difícil avançar. Por isso, a necessidade de uma mobilização social unificada - não necessariamente única - em torno da defesa do fim da escala 6x1 se faz tão evidente.

E o tempo corre. Há possibilidade de que o parecer do relator seja colocado em votação em dezembro. Isso significa menos de dois meses para que se ergam, em todo o Brasil, as vozes a favor da proposta da deputada psolista, encampada pelo governo do presidente Lula. E, sabemos, sessenta dias é nada quando falamos na necessidade de movimentar um país continental como o nosso.

Por isso, ocupar as ruas e as redes, em um movimento de acúmulo de forças para uma grande mobilização nacional nos primeiros dias de dezembro, pode ser uma estratégia acertada - tarefa que cabe ao movimento sindical, aos partidos de esquerda e aos movimentos sociais.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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