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      César Fonseca

      Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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      Depois do tarifaço, pt quer déficit e não superávit fiscal para enfrentar eleição

      Rever metas inflacionárias, câmbio flutuante e superávit primário vira o objetivo político principal do PT para conseguir vitória eleitoral em 2026

      Fernando Haddad e Lula (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

      O tarifaço trumpista cria novas circunstâncias políticas que estão levando os petistas a defenderem maior mobilização do PT para reagir contra a ameaça Trump, aumentando a força eleitoral para a sucessão 2026.

      Cresce dentro do PT pressão sobre novo presidente do partido, Edinho Silva, para que reaja às restrições fiscais que seguram os gastos públicos, sem os quais a possibilidade de vitória eleitoral no próximo ano diminui.

      A reação petista decorre da percepção geral no partido de que com o tarifaço, tudo piora; há redução forçada das atividades privadas e o desemprego pode aumentar.

      OPOSIÇÃO OPORTUNISTA

      Tal situação cria oportunidade para avanço da oposição, que busca justificativa - qualquer uma - para culpar o governo Lula pelos efeitos negativos da agressão de Donald Trump ao Brasil.

      Os oposicionistas tentam transformar a agressão trumpista em justificativa de ataque ao presidente sob argumento de que ele não agiu preventivamente na relação com o presidente americano, estreitando relações com a Casa Branca.

      Ao contrário, argumentam, Lula manteve-se à distância do império e do seu presidente de ultra direita fascista, enquanto aprofunda relações com os BRICS, como medida salvacionista contra o tarifaço.

      Certamente, queriam que Lula ficasse de braços cruzados.

      Os oposicionistas, com apoio da mídia conservadora pró-Washington, consideram a atitude lulista uma agressão a Trump, pois, afinal, dizem, o Brasil é aliado dos americanos, e não dos russos e dos chineses, dos quais Lula se aproxima.

      O viralatismo da elite tupiniquim não tem limites, mesmo sendo prejudicada pelo tarifaço trumpista.

      A oposição, desse modo, tenta criar o clima adverso nas relações LULA-TRUMP, a fim de levar o presidente americano à radicalidade contra o Brasil, em forma de pressões econômicas.

      O resultado seria agravamento das dificuldades, já profundas, graças ao arcabouço neoliberal imposto pelos rentistas.

      TRUMP INVIABILIZA O ARCABOUÇO

      Com o tarifaço, Trump, portanto, força o governo a buscar alternativas ao arcabouço fiscal, especialmente, se perder arrecadação pelo excedente não exportado para os Estados Unidos.

      As exportações não realizadas se traduzem em aumento de déficit fiscal.

      Fica, portanto, cada vez mais difícil cumprir a promessa do governo de realizar superávit fiscal em 2025, se já corre o risco, com o tarifaço, de sequer manter o déficit primário zero.

      Certamente, o governo redicionará o excedente não exportável aos Estados Unidos para outros mercados, mas essa tarefa não se cumpre de uma hora para outra.

      Afinal, também, todos os países da periferia, afetados pelo tarifaço, buscam o mesmo objetivo: diversificar as vendas externas.

      Diante desse novo cenário, aumenta a concorrência, caem preços e arrecadação, elevando a pressão para o ajuste fiscal interno, pressionado pelos credores da dívida.

      Pinta involuntariamente expectativa de recessão forçada pelo tarifaço trumpista, agravado pelo arcabouço fiscal.

      PT QUER NOVA POLÍTICA

      Novas circunstâncias, portanto, pressionam o PT a agir com vista à eleição presidencial de 2026.

      Frente ao tarifaço, que gera expectativas negativas, continuar com o arcabouço neoliberal aumenta o sacrifício social.

      Ficou mais difícil suportar a dose dupla de restrição fiscal mais tarifaço trumpista, pré condição para cumprir a meta neoliberal de déficit zero em 2025 e superávit fiscal em 2026.

      Rever metas inflacionárias, câmbio flutuante e superávit primário vira o objetivo político principal do PT para conseguir vitória eleitoral em 2026, elegendo Lula e ampliando participação no parlamento para garantir governabilidade, esvaziando, assim, as chances oposicionistas.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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