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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor do livro "Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil". Editor da newsletter "Noticiário Comentado" (paulohenriquearantes.substack.com)

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Conceito psiquiátrico de "falso self" explica comportamento de Tarcísio

Sem carisma e refém do bolsonarismo, Tarcísio de Freitas projeta uma imagem artificial que ameaça sua ambição presidencial

Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas (Foto: Reuters/Amanda Perobelli)

Tarcísio de Freitas meteu os pés pelas mãos no 7 de Setembro, data preferida pelos bolsonaristas para dizer barbaridades. O governador de São Paulo, definitivamente, é um mau político, age fora do timing, presta vassalagem e, quando quer demonstrar liderança, soa pretensioso. Desprovido de carisma, a imagem que melhor lhe veste é a da marionete.

Por ter entendido que, para ser candidato a presidente da República, precisa ser ungido por Jair Bolsonaro, viaja a Brasília exercer sua “influência” em favor da tal anistia, chancelando o golpismo. No tenebroso carro de som da Avenida Paulista, no dia da Independência, ofende o ministro Alexandre de Moraes e, ato contínuo, o Supremo Tribunal Federal. Sua fala é a de um bolsonarista tosco – o que ele de fato é, mas o discurso do momento compromete a imagem de gestor moderado que, paralelamente, tenta emplacar.

Ocorre que, tanto na fantasia de gestor quanto no papel de golpista de extrema-direita, Tarcísio não transmite sinceridade. Lembra mais um ator de segunda que decorou mal e mal seu texto.

Seus gestos são classificados na psicologia como defesas psíquicas compensatórias, atitudes típicas de alguém que usa a força como máscara para encobrir insegurança, medo e fragilidade.

Pela teoria do psicanalista britânico Donald Winnicott, Tarcísio de Freitas desenvolveu o chamado “falso self”, mecanismo pelo qual a pessoa constrói uma fachada irreal de sua verdadeira face para agradar a outros, ocultando o verdadeiro self, seu “eu” autêntico e espontâneo. Esse conceito, aplicado inicialmente a bebês, expandiu-se para pessoas de todas as idades e está ligado à sensação de vazio, futilidade e irrealidade.

Os atormentados pelo “falso self”, como Tarcísio de Freitas, usam um tom impositivo para compensar inseguranças. Apesar da postura rígida, duvidam de si e buscam validação externa para reforçar a imagem. Tendem a rejeitar ideias alheias por medo de parecerem fracos e, então, fazem besteira. Alternam momentos de falsa bravura com crises de ansiedade ou raiva.

Este jornalista, que não vê explicação para certos comportamentos na política brasileira a não ser pela psiquiatria, aposta que Tarcísio de Freitas será tragado pela súcia que o cerca. Fará uma campanha pendular, incoerente. Uma administração técnica exige distância de negacionistas, claro está. E seu governo em São Paulo é o retrato da incompetência e da violação de direitos humanos, com a corrupção ameaçando alvejá-lo.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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