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      Fernando Lavieri

      Jornalista, com passagens pela IstoÉ e revista Caros Amigos

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      Chega de Lulinha paz e amor

      Tal definição foi necessária para estabelecer condições mínimas de governo por curto período, mas agora é o momento de o Jararaca morder

      Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

      Para além de óbvios cuidados sensíveis com a saúde, o presidente Lula terá de voltar ao passado em 2026, exatamente ao ano de 1989. Não necessariamente o seu visual, mas a postura, atitude frente ao Congresso e bolsonarismo. O bolsonarismo não entende a discussão em âmbito político, social ou ideológico, o diálogo propositivo e o jogo do presidencialismo de coalizão, o seu mote é a mentira e violência. O embate, por esse motivo, é a única forma de enfrentá-lo. Então, Lula não deve lustrar a derrota eleitoral de 1989, apenas a forma como ela se deu, sórdida e arranjada. Ele deve, isso sim, recordar a sua vitória política, ela se deu no coração do povo e lhe permitiu chegar à Presidência da República três vezes, apoiar decisivamente às vitórias fantásticas de Dilma Rousseff e a quase eleição de Fernando Haddad, em 2018. A partir de sua firme atitude política naquele tempo, espetaculares avanços civilizatórios ocorreram no Brasil. 

      Vamos lembrar. No crepúsculo dos anos 1980, o Brasil havia acabado de implantar uma nova Constituição Federal, algo fundamental para que a classe trabalhadora pudesse ver a Nação como algo que poderia dar certo, sem o entulho violento e destruidor da ditadura militar. Do seio do povo vibrava o sentimento de liberdade, coisa que fora traduzida muito bem pela arte: o samba, elegante e agitado, ocupava a cabeça das gentes nas grandes cidades e mobilizava por meio de sua inteligência histórica e ternura sonora. Os shows incríveis de artistas da MPB pipocavam por todo o País e na televisão, o rock nacional estava na ponta da língua da juventude, e o movimento hip hop começava a tomar conta da periferia de São Paulo e Rio de Janeiro. No cinema, o filme era: Festa, de Ugo Giorgetti e, no teatro: Suburbano Coração. A literatura foi destaque com a enciclopédia Barsa e 1968: O ano que não terminou, de Zuenir Ventura. “O Brasil haveria de dar certo”, dizia Darcy Ribeiro, pois se tratava de um “povo novo”, magnífico. Faltava somente um presidente que expressasse esse mix de sentimentos populares, um líder oriundo da classe trabalhadora e querido por ela. O Partido dos Trabalhadores falava em socialismo em suas bases populares, em alterar a realidade radicalmente. Os épicos discursos de Lula encantaram artistas e intelectuais; a ele havia somente um caminho, a Presidência da República do Brasil. 

       A respeito do Parlamento, Lula e o PT sabiam quem eram os seus aliados políticos e quem eram os adversários e, com o dedo em riste, faziam a extrema direita abaixar a cabeça. Apesar do tino negociador do presidente,  hoje não há espaço para conciliação, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal estão cooptados pelo bolsonarismo rasteiro e asqueroso. O presidente Lula tem de ter clareza sobre tal ameaça a seu mandato e lutar com todos os instrumentos que tiver a seu alcance. Ou seja, com o Poder Judiciário e principalmente com o povão, do Oiapoque ao Chuí. A comunicação do governo tem de valorizar aspectos que diferenciam Lula de outros políticos. Por exemplo, recente, Lula esteve na Favela do Moinho, em São Paulo, e falou diretamente ao povo. Tal capacidade e desenvoltura somente ele tem. Mas o episódio não foi aproveitado, infelizmente. 

      O Brasil, nação marcada eternamente pela violência atroz e golpes militares, precisa que o Partido dos Trabalhadores e Lula voltem a  ser a novidade política, o símbolo que irá se contrapor às iniquidades autoritárias do bolsonarismo. E, para voltar a ser a novidade, é fundamental que o presidente fale diretamente ao povo e, de preferência, ao vivo. Em outras palavras, se a campanha começou, a bandeira do presidente Lula tem de ser: trabalhadores uni-vos! Às ruas! Somente haverá vitória  eleitoral da esquerda em 2026 se o Jararaca voltar a morder como ameaçou fazer durante a visita à Favela do Moinho. “O governador quer construir um parque. Isso é legal, mas quem frequentar esse parque não  poderá pisotear o sangue das pessoas que forem retiradas daqui com truculência”, discursou o presidente. Mensagem acertada. A administração de Tarcísio de Freitas é violentíssima e ter o presidente da República dizendo isso cara a cara com os moradores dentro da favela representa conexão direta com a classe que acompanha Lula e o PT  desde 1989. Devemos ter em mente sempre que o conjunto de ideias da esquerda é jovem, modernizador, altruísta, valente e coletivo. É o que irá salvar a humanidade.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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