Cavou a prisão. Caso pensado ou imprudência
A família sempre alega fazer as coisas de improviso. Mas tudo é sempre estratégico
O Ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro por descumprir medidas cautelares. Redes sociais pessoais e de terceiros, tornozeleira eletrônica e postagens pessoais, assim como mandar mensagens para terceiros postarem. Bolsonaro descumpriu direto, principalmente nas manifestações pró extrema direita. Lembrando que anteriormente, Bolsonaro já podia ter sido preso por conta de na época de ter colocado a tornozeleira, já não podia se manifestar em redes sociais e seu filho, Eduardo Bolsonaro postou um vídeo de uma manifestação do pai. O descumprimento naquela época já renderia uma cadeira. Mas agora, foi muito flagrante em ato antidemocrático, que mais uma vez, atacava as instituições.
Bolsonaro cavou sua prisão. As ordens eram claras. E apesar da falta de muitos políticos que sempre foram presentes nessas manifestações, O ex-presidente, participa com lives, incitando a população. As manifestações foram contra o supremo, contra Alexandre de Moraes, a favor do tarifaço e a cereja do bolo foi à aparição em vídeo de Jair, através do celular de seu filho Flávio Bolsonaro. Foram dois motivos graves. Alexandre de Moraes dessa vez, não podia dar uma chance. Ele foi levado a prender Bolsonaro.
A questão é por que cavar a prisão? A família sempre alega fazer as coisas de improviso. Mas tudo é sempre estratégico. Tudo dentro de uma cartilha da extrema direita internacional. Nada é à toa. A prisão de Bolsonaro já era certa, mas ainda iria demorar mais algumas semanas. A antecipação, em meio ao movimento das ruas era provocar comoção. Afinal, tendo Trump invocado injustamente e ilegalmente a Lei Magnitsky (onde o próprio criador da lei já se manifestou como arbitrária nesse caso) contra Alexandre de Moraes, por conta da tornozeleira eletrônica em Bolsonaro. Trump estaria pressionando o Brasil com medidas duras com pena das medidas adotadas ao seu amigo, aumentando a sensação entre bolsonaristas que a realidade seria de perseguição injusta ao ex-presidente. Foi pedido a Lei Magnitsky, a mesma dada a grandes tiranos ao redor do mundo contra o povo em pedido aos direitos humanos, mesmo que o presidente americano não respeite os direitos humanos e um dos principais órgãos internacionais de direitos humanos, o Conselho de Direitos Humanos da ONU (CDH), ter falado que foi uma aplicação sem nexo.
Para piorar o cenário de prisão arbitrária contra seu messias, os bolsonaristas concordam com a quebra econômica do Brasil para livrar seu herói da prisão, podendo elevar o tom de ameaça que a boca pequena se fala em até ter bomba atômica no país. Eles apostam em um cenário de prisão de um inocente na cabeça deles, para a soltura ilegal e ser levado pelos braços do povo. Isso lembra Jânio Quadros? Em 25 de agosto de 1961, o plano do Vassorinha, era renunciar em meio a tensões políticas, mas voltar nos braços do povo e ter força popular para governar contra as forças conservadoras que pressionavam o presidente. Como sabemos, o plano falhou e à beira de uma guerra civil, os militares acabaram aceitando a posse de Jango Goulart.
A família Bolsonaro quer vender a ideia que o Coringa diz: "Eu realmente pareço um cara com um plano? Você sabe o que eu sou? Eu sou um cachorro correndo atrás de carros. Eu não saberia o que fazer com um se eu pegasse!". A verdade vem da cartilha de Steve Bannon, que já pedia sansões ao Brasil desde janeiro deste ano, falou para a BBC News: “Eu trabalho nesse projeto há vários anos. Lembre-se que logo após (vencer) a Casa Branca, acho que eu fui a primeira pessoa a recomendar que o Movimento Cinco Estrelas (partido italiano antissistema) e a Liga do Norte (partido italiano de direita radical) se unissem. Eu disse a eles: "Ei, vocês dois são partidos populistas, tentem colocar suas diferenças de lado". E eles fizeram isso e apoiaram Matteo Salvini”.
Prefiro ficar com a "Carta a Stalingrado", de Carlos Drummond de Andrade, onde fala:
“A tamanha distância procuro, indago, cheiro destroços sangrentos,apalpo as formas desmanteladas de teu corpo,caminho solitariamente em tuas ruas onde há mãos soltas e relógios partidos,sinto-te como uma criatura humana, e que és tu, Stalingrado, senão isto?Uma criatura que não quer morrer e combate,contra o céu, a água, o metal, a criatura combate,contra milhões de braços e engenhos mecânicos a criatura combate,contra o frio, a fome, a noite, contra a morte a criatura combate,e vence”.
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