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Milton Alves

Jornalista e sociólogo

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Brasil, domingo, 21 de setembro, marca também a retomada, com vigor, das ruas pela esquerda

Uma nova situação política foi criada pela ingerência direta do imperialismo na conjuntura do país, com o tarifaço e as sanções de Trump contra o Brasil.

Manifestação contra a anistia em Curitiba (Foto: Gibran Mendes)

As manifestações em todo o país indicam uma retomada das ruas pela esquerda, depois de anos de primazia da extrema direita.

As mobilizações em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Curitiba, Belém, Natal, entre outras capitais e cidades — ao todo, 35 localidades — reuniram mais gente do que os últimos atos da extrema direita, segundo estimativas da USP e do Cebrap.

A convocação das manifestações, iniciada nas redes com o apelo de artistas e logo assumida pelas frentes e pelos movimentos sociais, repudiou o escárnio da aprovação em regime de urgência do PL da Anistia, que pretende livrar a cara de Bolsonaro e dos generais — uma tentativa de deixar impunes, mais uma vez, os golpistas de sempre.

O Congresso, inimigo do povo, quis mais e aprovou uma escandalosa blindagem para os crimes presentes e futuros dos parlamentares do Centrão e da extrema direita, que não defendem prerrogativas para o exercício do mandato, mas sim a criação de um estatuto próprio de proteção e impunidade. Ou seja, privilégios para cometerem, impunemente, mais crimes contra o povo.

A cantilena do discurso da “pacificação”, via “PEC da dosimetria”, dos bolsonaristas e da velha direita neoliberal — que escalou delinquentes políticos de corte golpista como Michel Temer (MDB) e Aécio Neves (PSDB), além de trânsfugas como Paulinho da Força (SDD), Aldo Rebelo (MDB) e caterva — não colou. Apesar do esforço do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, a tramoia gerou a repulsa enérgica da população, acirrando a polarização na sociedade.

Enquanto a maioria de direita e extrema direita tenta emplacar o golpismo e a impunidade, a pauta do povo continua paralisada na Câmara dos Deputados, que só vota medidas contra os trabalhadores.

As reivindicações populares — fim da escala 6×1, isenção de imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais, taxação dos ricaços e especuladores — estiveram no centro das manifestações deste domingo.

Para além das instituições parlamentares, o recado das ruas também foi claro para os ilusionistas da conciliação frente-amplista: basta de transigir com os inimigos do povo e cultivar falsos aliados — cevados nos ministérios e nos altos cargos do governo Lula III. Fora os traíras do governo federal!

Virada nas ruas e avanço na pauta do povo

Uma nova situação política foi criada pela ingerência direta do imperialismo na conjuntura do país, com o tarifaço e as sanções de Trump contra o Brasil. A defesa da soberania nacional, ao lado das pautas do povo, está no centro da disputa de rumos do país. Não existe defesa da soberania nacional sem a defesa dos direitos dos trabalhadores.

É hora de construir uma jornada de mobilização permanente em defesa do emprego dos trabalhadores — nenhuma demissão por taxação de Trump —, pelo fim da escala 6×1 sem redução de salários, pela taxação dos ricos e das grandes fortunas, pela reorientação da política econômica, pelo enfrentamento ao rentismo da Faria Lima e pelo fim das medidas de contingenciamento e cortes nos investimentos sociais do governo.

As últimas pesquisas de opinião apontam que a melhor política para a acumulação de forças do governo e da esquerda é a do enfrentamento aberto e da polarização com os inimigos da nação — Trump, Bolsonaro, agora condenado, e a maioria reacionária e neoliberal do Congresso.

Uma agenda política mais afirmativa empolga e arrasta para as ruas as forças motrizes capazes de derrotar a extrema direita e os neoliberais — e reeleger Lula em 2026.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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