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Fernando Lavieri

Jornalista, com passagens pela IstoÉ e revista Caros Amigos

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Bolsonaro na prisão é fazer Justiça

O ex-presidente simboliza o que há de pior no Brasil, ele é criminoso e o golpe de Estado está em seu âmago

Jair Bolsonaro e presídio da Papuda (Foto: Reuters | Reprodução)

Ao votar “pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”, o ex-presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, o inominável, declarou a todo o mundo quem ele é de fato e o que pretendia. Por pusilanimidade de seus pares passou ileso pelo crime e pela infeliz lembrança. Ele é defensor do arbítrio, racismo, genocídio, da barbárie, desumanidade, em resumo, é apoiador sem meias palavras ou vergonha, de uma das grandes desgraças que ocorreu no País, a ditadura militar. Bolsonaro sabia que todo o espúrio julgamento político contra a primeira mulher que alcançou o posto mais alto da Nação seria filmado exaustivamente e transmitido ao vivo. Fazer o que fez, votar pelo golpe de 2016 daquela maneira fazia parte do plano. Causar o choque midiático, distorcer e falsear o período de exceção que acometeu o Brasil sempre foi a sua pauta. A partir daquele dia não houve dúvida alguma sobre o personagem de triste figura, Jair Messias Bolsonaro, o principal títere de Donald Trump e dos Estados Unidos.

Sempre é bom e necessário lembrar: os vinte e um anos de ditadura militar no Brasil foram horrendos, sombrios. Nesse período houve inúmeras mortes, desaparecimentos, tortura, crimes políticos, econômicos, de lesa Pátria e humanidade cometidos pelos militares. Quase quarenta anos após o fim da ditadura militar muitos problemas daquele tempo não foram resolvidos e, há, ainda, imensa dificuldade de transmitir essa história de forma correta, sem deixar dúvidas sobre o quão danoso foi aquele momento. Muitas pessoas ainda acreditam nas mentiras do ex-presidente e pensam: “Bolsonaro está certo. A esquerda mente sobre o período da ditadura militar”. E veja, questionamentos absurdos como esse causam espécie a quem entende que a Terra não é plana, mas o tempo sombrio sofre de revisionismo e mesmo após a produção e divulgação de diversas obras literárias e cinematográficas sobre o tema, a mentira as vezes prevalece. Uma dessas produções, aliás, o filme Ainda estou Aqui deu ao Brasil o seu primeiro Oscar mostrando de forma rápida, especial e universal a verdade a respeito dos anos de chumbo. 

Jair Messias Bolsonaro, o imoral, não fez apenas parte do golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, a partir do uso da mentira e promoção da violência, elementos que integram o método de ação da extrema direita, ele alcançou à Presidência da República e desde os primeiros momentos colocou em prática a destruição de tudo que havia de minimamente razoável no Brasil. Mire por partes e reflita sobre o caos governamental que vigorou entre 2019 e 2022, lembre de seus ministros como símbolos de seu governo. Na Economia, Paulo Guedes. Como Chicago Boy que é, ele queria fazer do País, a República neoliberal, sem freios, do século XXI. Preconceituoso e arrogante, como o seu chefe, Guedes entrou para história nacional como inimigo das empregadas domésticas. Na administração Bolsonaro, a Educação não teve se quer um minuto de paz. Os ministros se revezavam no cargo em busca de promover a deseducação, mentiras e até roubo. O Ministério da Saúde de Bolsonaro mostrou ao mundo exatamente o que não pode ser feito na pasta em hipótese alguma. Inclusive, o próprio ex-presidente colocou a sua sombra horrenda sobre o Ministério, quando ofereceu a cloroquina a emas, no Palácio da Alvorada. Foi o Ministério da Saúde, ainda, que rendeu ao ex-presidente o epíteto de genocida, alcunha que ele nunca mais se livrará, as inúmeras mortes relacionadas à pandemia sempre estarão em suas costas. Todos os outros Ministérios tiveram desempenho semelhante, ou seja, péssimos em todos os sentidos, mortíferos e contrários ao desenvolvimento do Brasil. 

Ao final de seu tenebroso governo em 2022, a derrota eleitoral estava dada, apesar de seu esforço em contrário, era questão de tempo. Ele não tinha saída a não ser fazer o que sempre disse que queria “dar um golpe de Estado”. O que deu errado? O momento escolhido. A partir do fracasso absoluto, ele entrou para história nacional também como bufão. Com todas as provas e o contexto que culminou no dia 8 de Janeiro, a prisão do infame ex-presidente é justa, justíssima! Ela deveria ter ocorrido em 17 de abril de 2016, em Brasília, logo após  ele ter deixado o púlpito. Teria poupado inúmeras vidas.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.