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Milton Alves

Jornalista e sociólogo

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Bolsonaristas armam provocação contra julgamento no STF e violam autonomia universitária da UFPR

Violência policial e ataque bolsonarista à UFPR expõem escalada autoritária contra a autonomia universitária

Bolsonaristas armam provocação contra julgamento no STF e violam autonomia universitária da UFPR (Foto: Marcos Solivan/Divulgação)

A extrema direita bolsonarista plantou uma provocação na noite de terça-feira (9) nas dependências do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), na Praça Santos Andrade, região central de Curitiba.

O pretexto aparente foi a chamada para uma palestra com o tema “Como o STF tem alterado a interpretação constitucional?”. Ou seja, uma alusão clara ao julgamento em curso do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus generais golpistas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo os organizadores do evento, os palestrantes seriam os notórios militantes da extrema direita bolsonarista, os vereadores Guilherme Kilter (Novo) e Rodrigo Marçal (Novo), e o advogado Jeffrey Chiquini, que defende Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro e autor da criminosa minuta do golpe.

Desde o anúncio da atividade plantada pela extrema direita, a comunidade universitária demonstrou seu repúdio e questionava a Autoridade Universitária por conceder espaço para a propagação de teses golpistas e de defesa aberta da falsa narrativa de perseguição ao ex-presidente golpista.

A palestra foi cancelada minutos antes, contudo, os parlamentares da extrema direita, juntamente com um grupo de pessoas de fora da universidade, forçaram a entrada na UFPR e passaram a provocar os estudantes que estavam reunidos no local para protestar contra a atividade dos bolsonaristas.

Os bolsonaristas agrediram e xingaram os estudantes com o objetivo de gerar imagens para “lacrar” nas redes sociais, uma prática conhecida da extrema direita. Porém, a provocação escalou com a chegada da Polícia Militar e da Guarda Municipal, que partiram para uma ação violenta contra os estudantes. Foi tiro, porrada e bomba dentro da UFPR – algo inédito, pois nem durante a ditadura militar uma dependência da universidade foi invadida, violando a autonomia universitária, uma garantia constitucional.

Uma pergunta que não quer calar: quem chamou a PM para reprimir os estudantes da UFPR? É preciso uma resposta para essa questão grave, que gerou uma ação truculenta e desmedida da força policial, ferindo estudantes com balas de borracha, bombas de gás e spray de pimenta.

A ação da PM, comandada pelo governador bolsonarista Ratinho Júnior, também foi um ato de violação da autonomia universitária, que precisa de devida investigação e responsabilização.

A defesa do espaço acadêmico e da autonomia universitária

As universidades públicas são alvos do ataque permanente da extrema direita. Atualmente, grupos como o MBL e parlamentares da extrema direita cultivam uma ação sistemática contra as universidades, o movimento estudantil e os docentes. Um discurso de criminalização e de ódio, promovendo uma visão negativa das universidades e do ensino superior público no país. Arremetem e ventilam seu ódio contra a autonomia universitária, o espaço acadêmico e de militância estudantil, a liberdade de cátedra do corpo docente, a livre expressão de ideias, as cotas raciais e a produção científica.

A sociedade e o governo federal precisam agir com vigor para proteger as instituições acadêmicas, defender a liberdade de pensamento e a produção de conhecimento de alta qualidade, alicerces para a construção de uma nação soberana, democrática e justa.

Os estudantes da UFPR cumpriram, naquela noite, seu papel com galhardia e combatividade. Resta aguardar uma atitude mais altiva e mobilizadora da Autoridade Universitária da UFPR.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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