Barroso já livrou a cara de Valdemar
Talvez o forte de Valdemar seja a simpatia. Se existe um político que conta com os bons olhos da Justiça, chama-se Valdemar da Costa Neto
Todos e todas perguntam por que o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, não é réu na ação que julga os golpistas bolsonaristas. Se não sua participação efetiva, sua conivência com as tramoias está absolutamente demonstrada. Como diria um velho procurador, só não denuncia quem não quer.
Talvez o forte de Valdemar seja a simpatia. Se existe um político que conta com os bons olhos da Justiça, chama-se Valdemar da Costa Neto.
O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal e sempre iluminista Luís Roberto Barroso deve nutrir grande simpatia pelo político supracitado. Idem o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. É possível, apesar de improvável, que até a ex-presidente Dilma Rousseff nutra alguma afeição pelo dito-cujo.
Puxemos pela memória.
Valdemar da Costa Neto fora condenado a sete anos e 10 meses na Ação Penal 470, a do Mensalão, em novembro 2012. Pegaram-no por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Prisão semiaberta. Sua defesa pediu progressão de regime e, em novembro de 2014, o ministro Luís Roberto Barroso, que herdara a ação do aposentado Joaquim Barbosa, concedeu-lhe o benefício da prisão domiciliar.
Em 23 de dezembro de 2015, a presidente Dilma Rousseff baixa o Decreto 8.615, concedendo indulto natalino coletivo a condenados no Mensalão, não indiscriminadamente. Em maio de 2016, o ministro Barroso aceita parecer do PGR, Janot, segundo o qual Valdemar preenchia os requisitos para indulto constantes do decreto de Dilma, reconhecendo-lhe o direito ao perdão da pena remanescente. Valdemar da Costa Neto torna-se um cidadão sem contas a pagar à Justiça.
Não se pode chamar Valdemar de ingrato. Em julho de 2023, o presidente do PL se distanciou publicamente de uma crise envolvendo o ministro Barroso e o bolsonarismo. “Nós vencemos o bolsonarismo”, havia dito Barroso, escandalizando alguns por mostrar-se “partidário”. Oficialmente, Valdemar avaliou que qualquer ação contra Barroso poderia prejudicar investigações em andamento no STF relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Extra-oficialmente, não quis se indispor com o juiz que lhe devolvera a liberdade.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
