A soberania nacional e o cinema brasileiro
A regulação do Vídeo Sob Demanda é essencial para criar um ambiente justo e sustentável para todos os envolvidos na indústria cinematográfica
Em virtude do debate que se estabelece diante da regulamentação das Plataformas de “streaming” no Brasil como também das “Big Techs”, assunto de interesse nacional e em alta devido aos ataques dos EUA ao Brasil, um assunto que toma a grande imprensa brasileira e que trata da necessária regulamentação para garantia de direitos que abrange o cinema nacional.
Destaco que o presidente Lula e seus ministros tem enfatizado a importância de garantir a soberania cultural e a valorização da produção audiovisual nacional, promovendo políticas que incentivem o crescimento e a visibilidade do cinema brasileiro, através das regulamentações necessárias as garantias previstas em nossa constituição e nas bases legais que a subsidiam.
Como primeira relatora do PL 8889/2017, em 2019, que hoje se encontra junto ao relator André Figueiredo no plenário da Câmara dos Deputados, venho me pronunciar em defesa da soberania nacional através do nosso cinema.
O Projeto de Lei 8889/2017, de autoria do deputado Paulo Teixeira, busca regular as atividades diversas das novas modalidades de acesso e distribuição de conteúdo nacional no Brasil, assegurando direitos aos produtores brasileiros e promovendo a soberania nacional nas redes dominadas pelas regras estrangeiras das “Big Techs”.
Na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados temos também em tramitação o Projeto de Lei 2331/2022, cuja relatora é a deputada Jandira Feghali, que teve o consenso amplo e favorável construído junto ao setor do audiovisual é apoiado e defendido por nós que compomos a Comissão de Cultura para sua aprovação.
O PL 2331/2022 possui dois pontos destacados e que vale a defesa, sendo:
1) Garante o mínimo de 6% da CONDECINE (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional) paga pelas plataformas estrangeiras para alimentar o Fundo Setorial do Audiovisual e, portanto, o sistema de financiamento do nosso cinema;
2) A garantia que esses recursos serão utilizados tão somente para a produção, licenciamento e programação independentes.
Ambos os projetos refletem um movimento em direção à proteção da indústria nacional contra a influência das grandes empresas estrangeiras para promoção da cultura local, destacando a relevância da soberania em diferentes setores de produtos e serviços nacionais e nesse contexto há conciliação entre expectativas e regras possíveis que garantam os acordos internacionais e medidas já aplicadas em outros países, respeitando as bases legais e justas da produção do audiovisual brasileiro.
A regulação do Vídeo Sob Demanda (VOD) é, de fato, fundamental para garantir os direitos dos produtores, artistas e a proteção da propriedade intelectual no setor cinematográfico.
Destaco algumas questões dessa necessária regulamentação:
- Proteção dos Direitos Autorais: a regulação pode estabelecer diretrizes claras sobre como os conteúdos são distribuídos e monetizados, garantindo que os criadores recebam compensação justa pelo seu trabalho. Isso é essencial para a sustentabilidade da indústria audiovisual.
- Equidade no Reparto de Receitas: com uma regulação adequada, é possível assegurar que as receitas geradas pelas plataformas de VOD sejam distribuídas de maneira justa entre todos os envolvidos na produção, desde roteiristas até atores e técnicos.
- Valorização da Produção Nacional: a regulação prevê incluir cotas de exibição para filmes nacionais, promovendo a visibilidade da produção local e incentivando a diversidade cultural. Isso ajuda a fortalecer a identidade cultural e a economia criativa do país.
- Transparência e Responsabilidade: a regulação exige que as plataformas de VOD sejam transparentes em relação às suas práticas de monetização, dados de audiência, publicidade e critérios de seleção de conteúdo, promovendo um ambiente mais responsável.
- Incentivos à Inovação: uma regulamentação que protege os direitos dos criadores estimula a inovação, permitindo que novos talentos e ideias surjam sem o medo de exploração ou apropriação indevida.
- Empoderamento dos Produtores Locais: a regulação pode garantir que os criadores de conteúdo, artistas e produtores tenham seus direitos reconhecidos e respeitados, promovendo uma economia criativa mais robusta.
- Impacto Social e Cultural: a regulação pode ajudar a preservar a cultura local e a diversidade, garantindo que as plataformas digitais não homogeneízem o conteúdo disponível, mas, sim, promovam a riqueza cultural de cada região.
Em resumo, a regulação do Vídeo Sob Demanda é essencial para criar um ambiente justo e sustentável para todos os envolvidos na indústria cinematográfica, assegurando que os direitos dos produtores, artistas e a propriedade intelectual sejam respeitados e protegidos.
Desta forma, eu, Benedita da Silva, deputada federal pelo PT do Rio de Janeiro, me coloco ao lado do Presidente Lula em defesa da soberania nacional e reafirmo meu apoio ao PL 2331/2022 e aos relatores que terão que alinhar as propostas em tramitação na Câmara dos Deputados para a defesa do cinema nacional e das melhores garantias aos direitos do povo brasileiro.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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