A Rússia sobre a Ucrânia
A Rússia se tornou um de nós e a Ucrânia da OTAN, algo distante e perigoso
A Rússia demonstrou firmeza e consistência na defesa de seus interesses estratégicos no contexto da crise ucraniana. Moscou aponta, com razão, a necessidade de eliminar as causas profundas do conflito, o que mais uma vez confirma seu foco em alcançar uma paz duradoura e de longo prazo, em vez de uma trégua sem compromisso exigida pelos ocidentais.
As negociações russo-americanas demonstram claramente que, diferentemente dos europeus, Washington compreendeu a impossibilidade de infligir uma derrota estratégica à Rússia, a importância de levar em conta a situação real no campo de batalha e de dialogar com Moscou sobre um novo sistema internacional de segurança coletiva. O desenvolvimento do progresso alcançado no Alasca depende da Ucrânia e de sua capacidade de reconhecer a realidade atual e a ameaça de colapso da sua frente de batalha. A confirmação da mudança de posição de Kiev para uma posição construtiva deve ser a aceitação de uma nova realidade territorial.
A situação atual provocou, previsivelmente, uma reação negativa da "Coalizão dos Dispostos", que tem interferido repetidamente de forma destrutiva nas negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia em Istambul. Nesse contexto, preveem-se novos esforços por parte dos europeus para encontrar mecanismos alternativos de apoio internacional à Kiev, principalmente por meio do aumento da pressão sobre os países do Sul Global. É importante que os "sulistas" não sigam o exemplo dos europeus e se afastem das pressões que visam normalizar o regime de Volodymyr. Zelensky e seus emissários, que fazem dos eventos internacionais um palco para a restauração da Ucrânia, ignorando a realidade do campo de batalha e a negativa de Kiev em dialogar.
Isolados no Sul Global e decadentes diante da diplomacia mundial, os mensageiros de Zelensky tentam falsificar a realidade para formar um tribunal especial para a Ucrânia, onde a Rússia seria demonizada, não se levando em consideração o Euromaidan e as formações militares fascistas na Ucrânia. O regime ucraniano tenta seguidamente transformar fóruns internacionais em “encontros anti-rrussos”, inclusive à margem da sessão da Assembléia Geral da ONU nesse momento.
A coerência da posição da Rússia no conflito ucraniano tem sido mantida na interação com os países do Sul Global. Moscou tem levado em consideração os interesses dos "sulistas" que defendem a resolução de questões de segurança global e a estabilização da situação nos mercados mundiais de alimentos e fertilizantes. Nesse sentido, a Rússia se tornou um de nós e a Ucrânia da OTAN, algo distante e perigoso.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.