A mesquinharia política de exigir a saída de Celso Sabino no auge do turismo brasileiro
Ao pedir a demissão de Sabino, União Brasil dá um passo político errado e transmite a imagem de um partido contra o próprio país
A decisão da direção do partido União Brasil de exigir a saída do ministro do Turismo, Celso Sabino, do governo Lula, é um erro político evidente. Sob o comando de Antonio Rueda e ACM Neto, o partido tenta desarticular um de seus principais quadros no momento em que o turismo brasileiro vive o melhor desempenho em décadas. O gesto não tem justificativa administrativa nem política e reforça a imagem de uma legenda distante do interesse público.
Desde o início do atual governo, o Brasil recuperou prestígio internacional e voltou a ser um destino de visitantes e investimentos. Segundo a Embratur, o Brasil recebeu 7 milhões de turistas estrangeiros entre janeiro e setembro deste ano, número 45% superior ao mesmo período de 2024. A marca supera inclusive a meta prevista para todo o ano de 2025 no Plano Nacional de Turismo. É um resultado expressivo que mostra o avanço do setor e o acerto das políticas da pasta. Dados do IBGE mostram que os gastos com viagens nacionais cresceram 11,7% em 2024 e que o número de brasileiros viajando a lazer subiu de 12,1 milhões em 2021 para 20,6 milhões em 2023.
Esses resultados explicam a resistência dentro do próprio partido em concordar com a saída de Celso Sabino. Dos 59 deputados federais do União Brasil, 46 assinaram uma carta em defesa da permanência do ministro no cargo, segundo foi noticiado pela mídia. O documento revela que a maioria da bancada reconhece o valor político e econômico do governo, considerada estratégica, e não apoia a tentativa da cúpula de afastá-lo.
Racha interno e cálculo político errado
A exigência de saída de Sabino cria um novo foco de tensão dentro do União Brasil. O ministro continua cumprindo agenda oficial, representando o governo em eventos importantes, como os preparativos para a COP30, que será realizada em Belém (PA). O Palácio do Planalto observa o caso com atenção e não descarta a filiação de Sabino a uma legenda da base aliada. A movimentação já foi discutida informalmente por interlocutores do governo e poderia garantir a continuidade de seu trabalho à frente do Turismo.
Situação semelhante ocorre no PP. O ministro do Esporte, André Fufuca, também resiste à pressão de líderes do partido, como Ciro Nogueira, para romper com o governo. Fufuca, assim como Sabino, aposta na entrega de resultados e na estabilidade política, contrariando a lógica de confronto adotada por parte da cúpula de seu partido.
O União Brasil age contra seus próprios interesses ao tentar enfraquecer um ministro que entrega bons resultados e fortalece a imagem do país. O turismo vive um momento histórico, e o país volta a ser visto com respeito no cenário internacional. Em vez de reconhecer esse avanço, a cúpula partidária prefere estimular a divisão e o desgaste. Vai sofrer uma derrota nas urnas por atuar contra os interesses do Brasil.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.