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Milei sinaliza que Argentina poderia sair do Mercosul para priorizar acordo com EUA

Milei não poupa críticas ao Mercosul, a quem acusa de ser uma "prisão protecionista"

Javier Milei e Donald Trump (Foto: Redes sociais / Milei)

247 - Em entrevista à Bloomberg durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, o presidente argentino Javier Milei admitiu considerar a saída da Argentina do Mercosul, caso isso seja necessário para consolidar um acordo comercial com os Estados Unidos. No entanto, Milei também mencionou que há alternativas para negociar dentro do bloco sul-americano, evitando uma ruptura imediata.

“Existem mecanismos que podem ser utilizados dentro do Mercosul, então acreditamos que é possível alcançar um acordo sem sair do bloco”, declarou o presidente argemtino, mostrando ambiguidade em sua posição sobre o tema.

A Argentina, que já enfrenta uma crise econômica profunda, tem sido palco de debates intensos sobre sua política externa e estratégia econômica. Milei, conhecido por suas promessas de campanha de dolarizar a economia e reduzir drasticamente o déficit fiscal, afirmou que sua equipe está comprometida com a meta de déficit zero. Além disso, revelou que planeja suspender os controles cambiais e investir no mercado de capitais, embora tenha evitado detalhar prazos.

O Mercosul como "prisão protecionista"

Milei não poupou críticas ao Mercosul, a quem acusou de ser uma "prisão protecionista". No entanto, até agora, ele não concretizou suas ameaças de campanha de retirar a Argentina do bloco. Em contrapartida, no final de 2024, a Argentina aderiu aos apelos por celeridade na aprovação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, assinado em dezembro.

Deixar o Mercosul implicaria um grande desafio para a Argentina, considerando sua forte integração econômica com o Brasil, seu maior parceiro comercial. Uma ruptura poderia desencadear uma série de dificuldades no comércio bilateral e afetar a já debilitada economia argentina.

As declarações de Milei revelam uma postura contraditória em relação ao Mercosul, oscilando entre ataques ideológicos e pragmatismo político. Embora critique o bloco como "protecionista", a economia argentina depende intrinsecamente do comércio com o Brasil e outros países membros. A retórica de rompimento com o Mercosul pode agradar a aliados políticos nos Estados Unidos, mas ignorar as consequências econômicas dessa decisão seria imprudente.

Além disso, a falta de um cronograma claro para a implementação de suas reformas econômicas — como a dolarização e a suspensão dos controles cambiais — evidencia uma abordagem improvisada que pode gerar mais instabilidade econômica do que resolver os problemas estruturais do país.

Enquanto busca um acordo com os EUA, Milei corre o risco de isolar a Argentina em um cenário global cada vez mais interdependente, especialmente num momento em que blocos regionais são fundamentais para enfrentar crises econômicas e geopolíticas.

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