Milei enfrenta teste eleitoral em Buenos Aires em meio a suspeitas de corrupção
Mais de 13 milhões de eleitores vão às urnas neste domingo para eleger deputados, senadores e vereadores em meio a crise política que envolve Javier Milei
247 - O presidente da Argentina, Javier Milei, encara neste domingo (7) um teste político decisivo, em meio à pressão crescente causada pelas suspeitas de que sua irmã, Karina Milei, estaria envolvida em um esquema de corrupção, informou o g1.
Moradores da província de Buenos Aires, onde está localizada a capital do país e residem quase 40% dos eleitores argentinos, escolherão 46 deputados e 23 senadores provinciais, além de cargos municipais, como vereadores e conselheiros escolares. Ao todo, mais de 13 milhões de pessoas participarão da votação.
Historicamente governada pelo peronismo, Buenos Aires é liderada pelo opositor Axel Kicillof. O presidente Milei aposta na vitória de seu partido, La Libertad Avanza, mas pesquisas recentes apontam para uma disputa acirrada. Um estudo da consultoria argentina Aresco indica que a aliança peronista Fuerza Patria mantém pequena vantagem de quase dois pontos percentuais sobre o partido de Milei: 36,7% a 34,8%, com margem de erro de 1,24%.
O levantamento foi divulgado no dia 3 de setembro, no auge da turbulência política gerada pela divulgação de áudios de Diego Spagnuolo, que acusam Karina Milei, e pelas operações policiais ordenadas pela Justiça. Apesar disso, o presidente mantém apoio de parte de seus seguidores, que seguem sua narrativa de que se trata de uma operação política contra ele.
Para Milei, o desempenho eleitoral terá impacto direto na capacidade de avançar com sua agenda de reformas liberais. Atualmente, seu partido detém menos de 15% das cadeiras no Congresso, e a vitória em Buenos Aires seria crucial para ampliar sua base e enfrentar medidas da oposição que podem bloquear suas propostas de austeridade e reformas econômicas.
“Acho que um caso isolado de corrupção é uma coisa. Mas, quando misturado com turbulência econômica e dificuldades políticas, essa é uma combinação muito mais difícil para o governo”, avalia Ana Iparraguirre, consultora política de Buenos Aires, em entrevista à Reuters. Já Facundo Cruz, também consultor, acredita que a polarização política pode favorecer Milei, que não deve perder muito apoio com o escândalo.
Desde que o escândalo sobre a suposta propina veio à tona, Milei viu sua popularidade cair. Um desempenho fraco nas urnas aumentaria as incertezas sobre sua capacidade de implementar reformas que muitos investidores esperam. O presidente encerrou sua campanha com um evento ao lado da irmã e viajou para Los Angeles, nos Estados Unidos, retornando agora para acompanhar a apuração na residência oficial da Presidência, a Quinta de Olivos, em Buenos Aires.