Lula participa de cúpula amazônica em Bogotá para reforçar compromissos regionais
Encontro reúne líderes de oito países para consolidar agenda conjunta e avançar nas preparações para a COP 30
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em Bogotá, na Colômbia, para participar nesta sexta-feira (22) da 5ª Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). O encontro visa alinhar compromissos regionais em defesa da floresta e fortalecer a integração entre os países da região.
A reunião acontece na Casa de Nariño, sede e residência oficial do presidente colombiano Gustavo Petro. Segundo a Agência Gov, estão confirmadas também a presença da vice-presidente do Equador, Verónica Abad, além de representantes de Bolívia, Peru, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname, que integram o bloco amazônico.
Continuidade da Declaração de Belém
A cúpula dará sequência ao processo iniciado em 2023, com a Declaração de Belém, que reuniu mais de 110 parágrafos de ações estratégicas voltadas para a proteção da Amazônia e o bem-estar de seus povos. A nova etapa busca consolidar compromissos em áreas como segurança pública, combate a ilícitos, bioeconomia e participação de comunidades tradicionais.
O embaixador João Marcelo Galvão de Queiroz, diretor do Departamento de América do Sul do Itamaraty, ressaltou o papel do Brasil nesse processo:
“A participação do presidente Lula na Cúpula reforça o compromisso do governo brasileiro com o desenvolvimento de uma agenda estratégica para a Amazônia. A Declaração de Belém estabeleceu uma série de ações em praticamente todas as áreas”, afirmou.
Declaração de Bogotá e COP 30
O ponto central da reunião será a assinatura da Declaração de Bogotá, que terá foco nas mudanças climáticas e no balanço das medidas implementadas desde 2023. O documento também definirá os próximos passos rumo à COP 30, que será realizada na Amazônia em 2025.
Paralelamente, o Brasil apresentará a proposta do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), um mecanismo de financiamento avaliado em US$ 125 bilhões para remunerar países em desenvolvimento que preservam suas florestas. O secretário Patrick Luna, chefe da Divisão de Biodiversidade do Itamaraty, explicou que a proposta se diferencia dos mecanismos tradicionais:
“O que é bastante importante destacar em relação ao TFFF, em oposição aos outros mecanismos de financiamento que já existem, é que a contribuição ao fundo não vai ser uma doação, vai ser um investimento. Tanto as empresas quanto os países que fizerem aportes ao fundo vão ser remunerados anualmente com uma taxa competitiva de mercado”.
Agenda e participação social
O evento terá dois segmentos principais. Pela manhã, será realizado o Encontro Regional Amazônico, que reunirá representantes da sociedade civil, povos indígenas, comunidades tradicionais, academia e setores estratégicos. À tarde, os chefes de Estado participarão de uma reunião privada, seguida de almoço e da assinatura da declaração conjunta.
Antes da cúpula presidencial, ocorreram encontros preparatórios, como a Reunião do Conselho de Cooperação Amazônica, a reunião de ministros das Relações Exteriores e o encontro do Mecanismo Amazônico de Povos Indígenas (MAPI). Essas etapas foram essenciais para alinhar resoluções e preparar a base da declaração final.
Relações bilaterais e comércio Brasil-Colômbia
A visita de Lula também reforça o estreitamento das relações bilaterais com a Colômbia, elevadas a parceria estratégica em 2024. Entre janeiro e julho de 2025, o comércio entre os dois países movimentou US$ 3 bilhões. As exportações brasileiras, que alcançaram US$ 2 bilhões, incluíram principalmente veículos, peças automotivas, farelo de soja e café. Já as importações da Colômbia somaram US$ 1,1 bilhão, com destaque para carvão, combustíveis derivados e produtos químicos.
OTCA: bloco socioambiental latino-americano
Criada oficialmente em 1995, a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica é o único bloco socioambiental da América Latina, reunindo oito países com territórios na região amazônica. Sua Secretaria Permanente, sediada em Brasília desde 2003, atua na articulação política, estratégica e técnica, aproximando governos, sociedade civil, comunidade científica e setores produtivos.