Justiça do Panamá adia julgamento da Odebrecht
Justiça panamenha suspende o caso Odebrecht e reacende críticas à lentidão e à falta de punições
247 - A Justiça do Panamá voltou a adiar o julgamento do caso Odebrecht, considerado o maior escândalo de corrupção da história do país. A audiência, que deveria ocorrer em 11 de novembro de 2025, foi remarcada para 12 de janeiro de 2026, sob a justificativa de que as autoridades não conseguiram localizar o ex-presidente Ricardo Martinelli (2009–2014), atualmente asilado na Colômbia. As informações são da agência Prensa Latina.
“Zombaria à justiça panamenha”
O advogado e analista político Rodrigo Noriega classificou o adiamento como “uma zombaria à justiça panamenha e aos cidadãos”. Em entrevista ao canal TVN, ele afirmou que Martinelli “não tem a coragem, a valentia, a decência e o civismo de se apresentar à justiça do Panamá”, mesmo após acusar o ex-vice-presidente José Gabriel Carrizo (2019–2024) de supostos crimes.
Noriega destacou ainda que o embaixador panamenho na Colômbia, Mario Boyd — irmão do ministro da Saúde, Fernando Boyd —, é amigo pessoal do ex-governante. Segundo ele, o Estado deve pressionar as autoridades colombianas para garantir o retorno de Martinelli ao país.
Possível pacto político
Ainda conforme a reportagem, o jurista afirmou também que há indícios de um acordo entre o atual presidente do Panamá, José Raúl Mulino, e Martinelli, o que, em suas palavras, “lamentavelmente significa impunidade”. Ele cobrou que a Suprema Corte de Justiça atue com firmeza nos processos que envolvem o ex-presidente e outros acusados, como Juan Carlos Varela (2014–2019) e os filhos de Martinelli, ambos deputados do Parlamento Centro-Americano (Parlacen).
Subornos e lentidão judicial
Martinelli é acusado de lavagem de dinheiro em um esquema que, segundo o Ministério Público, movimentou mais de 96 milhões de dólares em subornos pagos pela construtora brasileira Odebrecht entre 2009 e 2014, em troca de contratos públicos.
A juíza Baloisa Marquínez, da Primeira Vara Liquidadora de Causas Penais, expediu neste ano um edital determinando que Martinelli se apresente à Justiça em até 40 dias — prazo que termina em 15 de dezembro. Caso não o faça, o processo ficará suspenso até sua localização.
Três adiamentos em sequência
A magistrada justificou o novo atraso alegando que ainda não foram recebidas as assistências judiciais solicitadas ao Brasil e ao Peru para oitiva de testemunhas. Esse mesmo motivo já havia levado à suspensão do processo em janeiro deste ano, a pedido de advogados de defesa e da promotora anticorrupção Ruth Morcillo. Desde 2024, a juíza já remarcou o julgamento três vezes, sempre sob alegações processuais.


