Cristina Fernández de Kirchner recebe apoio de religiosos e ativistas de direitos humanos

247 - Às vésperas de uma decisão judicial que poderá definir como serão aplicadas sua condenação à prisão e a proibição de exercer cargos públicos, a ex-presidenta argentina Cristina Fernández de Kirchner segue recebendo demonstrações de apoio político, social e espiritual. Segundo a Prensa Latina, Cristina foi visitada nesta segunda-feira (16) por pastores, padres e militantes de direitos humanos, que realizaram celebrações e mobilizações em frente à sua residência.

Desde o início da manhã, simpatizantes se revezaram em vigília diante do prédio onde a ex-presidenta vive. À tarde, integrantes da Mesa Ecumênica Argentina, formada por líderes religiosos de diversas denominações, se reuniram com ela em sua casa.

O padre Francisco “Paco” Olivera, um dos presentes no encontro, relatou a experiência em entrevista à Agência Comuna: “A vimos imensamente forte, lúcida e convicta. Ela nos disse, com a dignidade de quem nunca se quebra, que nem mesmo aprisioná-la seria capaz de humilhá-la”.

Do lado de fora, os religiosos realizaram uma celebração ecumênica com a presença de centenas de apoiadores. O Padre Paco liderou a cerimônia e emocionou os presentes ao lembrar a tentativa de assassinato sofrida por Cristina há dois anos, quando um homem apontou uma arma para seu rosto e apertou o gatilho duas vezes, sem que os disparos se concretizassem.

“Com a voz embargada, agradeceu à Virgem por deter a bala que tentou tirar sua vida”, relatou a Agência Comuna, descrevendo o momento em que o padre conduziu uma oração coletiva seguida de uma Ave-Maria.

A mobilização também contou com a participação de uma coluna de jovens peronistas, que marchou da sede do Partido Justicialista, no bairro de Balvanera, até o encontro com Máximo Kirchner — deputado, líder da organização La Cámpora e atual secretário-geral do PJ na província de Buenos Aires.

Cristina também recebeu representantes das históricas organizações de direitos humanos argentinas, como as Avós e as Mães da Praça de Maio, que reafirmaram solidariedade e compromisso com a democracia e a memória do país.

Em paralelo, a direção do Partido Justicialista organizou uma reunião estratégica para coordenar a campanha internacional Libertem Cristina, que articula lideranças políticas de diversos países em apoio à ex-presidenta.

“Defender Cristina é defender seu povo, a democracia na Argentina. Quarta-feira será um dia crucial para o destino da ex-presidenta e de muitos argentinos. A mobilização visa garantir seu retorno para casa sem qualquer humilhação”, afirmou Gustavo Menéndez, secretário de Relações Internacionais da Juventude Peronista, durante o encontro.

Para esta terça-feira, está prevista uma reunião entre a cúpula da Confederação Geral do Trabalho (CGT) e dirigentes do PJ, além de outro encontro com governadores de várias províncias. O objetivo é consolidar o apoio institucional em meio à expectativa pela decisão judicial.

Enquanto isso, cresce a expectativa para a grande marcha marcada para quarta-feira, quando uma multidão deverá acompanhar Cristina de sua casa até os tribunais de Comodoro Py. O gesto é simbólico: a presença popular pretende pressionar pela justiça e pelo respeito à trajetória da líder peronista, que governou a Argentina entre 2007 e 2015 e é considerada, por amplos setores, vítima de perseguição judicial.

A Argentina observa atentamente o desenrolar dos acontecimentos, em um momento que promete marcar um novo capítulo da história política do país.