Corina Machado afirma que está "pronta para tomar o poder" na Venezuela
Em entrevista à Bloomberg, Nobel da Paz diz que oposição tem planos prontos, apoia pressão dos EUA sobre Maduro e fala em "transição ordenada do governo"
247 - A líder da oposição venezuelana María Corina Machado declarou que a Venezuela “está pronta para tomar o poder” e iniciar uma transição democrática derrubando o governo do presidente Nicolás Maduro. A afirmação foi feita em entrevista à Bloomberg, pouco após ela receber o Prêmio Nobel da Paz, que segundo Machado, é um reconhecimento da luta do povo venezuelano por liberdade e dignidade.
“Este prêmio é o reconhecimento de uma longa e dolorosa luta de uma sociedade que deseja paz e liberdade”, disse a dirigente. “Vencemos uma eleição presidencial em condições extremas e injustas, e o regime respondeu com a pior campanha de repressão da história da Venezuela.”
Machado vive atualmente em isolamento, após ter sido acusada de terrorismo pelo governo de Maduro. “Estou isolada há 15 meses, mas seguimos firmes. Sabemos que, se me encontrarem, provavelmente me farão desaparecer”, afirmou, destacando o risco que enfrenta.
Segundo ela, o Nobel oferece maior visibilidade internacional e aumenta o custo da repressão. “Durante anos, o regime acreditou que podia desaparecer, torturar e matar sem consequências. O tempo da impunidade acabou”, declarou Machado, enfatizando o impacto sobre o moral da população: “As pessoas estão vibrando, comemorando e se emocionando. Isso nos une ainda mais”.
Apoio às ações dos EUA e crítica a Maduro
Sobre os recentes ataques dos Estados Unidos a embarcações na costa venezuelana, descritos como operações contra o tráfico de drogas, Machado defendeu a medida. “A Venezuela virou um refúgio seguro para redes criminosas internacionais. Finalmente, o mundo está cortando essas fontes de financiamento”, afirmou. Ela atribui a responsabilidade da crise ao regime de Maduro: “Maduro começou esta guerra. A escalada é a única maneira de fazê-lo entender que é hora de sair”.
No plano econômico, Machado defende abertura rápida, privatização e atração de investimentos, mas garante atenção aos mais vulneráveis: “Nos primeiros momentos da transição, cuidaremos dos setores mais vulneráveis enquanto a economia avança”.
Ela afirma que a oposição já possui estrutura organizada para governar: “Temos as equipes, temos os planos — as primeiras 100 horas, os primeiros 100 dias”. Além disso, declarou que mais de 80% dos militares e policiais estariam prontos para aderir à transição ordenada: “O povo sairá às ruas no momento certo”.
Machado mantém contatos frequentes com autoridades dos EUA, Canadá, América Latina e Europa, ressaltando o apoio internacional à causa da oposição. “Acredito que o Secretário de Estado nos EUA compreende melhor do que ninguém as ameaças que a América Latina representa. Tenho estado em contato com ele e sua equipe”, afirmou.