Colômbia reage a ameaças de Donald Trump e defende soberania nacional
Chancelaria colombiana denuncia declarações ofensivas contra Gustavo Petro e promete recorrer a instâncias internacionais
247 - O governo da Colômbia respondeu com firmeza às recentes declarações do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dirigidas ao chefe de Estado colombiano, Gustavo Petro Urrego. Em comunicado divulgado neste domingo (19), o Ministério de Relações Exteriores classificou como “ofensivas e desobrigantes” as acusações vindas da Casa Branca e afirmou que a postura de Washington representa uma ameaça direta à soberania nacional.
De acordo com a chancelaria, Trump acusou o presidente colombiano sem apresentar qualquer evidência concreta. O texto ressalta que Petro tem sido um dos líderes regionais mais atuantes no combate ao narcotráfico, conduzindo uma política que resultou em recordes históricos de incautações de drogas ilícitas, além de implementar medidas de caráter estrutural voltadas à erradicação do problema em toda a América Latina.
Defesa da soberania e crítica à ingerência
O comunicado enfatiza que a retórica da Casa Branca abre espaço para a ideia de uma intervenção ilegal em território colombiano, algo considerado inaceitável pelo governo de Bogotá. A nota adverte que tais ameaças ferem princípios básicos do Direito Internacional, violam convenções multilaterais e colocam em risco o equilíbrio das relações diplomáticas entre os dois países.
“Essas acusações constituem um ato de extrema gravidade e vão contra a dignidade do presidente dos colombianos”, destacou o Ministério de Relações Exteriores, acrescentando que qualquer tentativa de ingerência fere tratados que protegem a soberania, a independência e a autodeterminação das nações.
A chancelaria ainda lembrou que a Colômbia, ao longo de décadas, tem sido um parceiro estratégico dos Estados Unidos no enfrentamento do narcotráfico e que sua contribuição tem sido fundamental para reduzir a circulação de entorpecentes na região e no mundo.
Ações no plano internacional
O governo colombiano assegurou que não ficará de braços cruzados diante da ameaça e pretende recorrer a organismos multilaterais em busca de respaldo internacional. Segundo a nota, Bogotá levará o caso a instâncias jurídicas e políticas globais para garantir a defesa de sua soberania e a integridade de seu chefe de Estado.
“Rejeitamos energicamente esses pronunciamentos e acudiremos a todas as instâncias internacionais em defesa da nossa soberania como Estado e da dignidade do nosso presidente”, diz o comunicado. A chancelaria frisou ainda que Petro sempre se caracterizou por sua postura de respeito às instituições democráticas e pela luta sem tréguas contra o narcotráfico.
Cooperação internacional sob ameaça
Outro ponto central do posicionamento colombiano foi a crítica ao uso da cooperação internacional como instrumento de pressão política. Para o governo, condicionar ou restringir esse mecanismo por razões externas significa fortalecer diretamente as organizações criminosas transnacionais que se beneficiam do comércio de narcóticos.
“Sem a cooperação, quem ganha são as máfias do narcotráfico e quem perde é toda a região”, advertiu a chancelaria, ao defender que a colaboração entre países deve ter como objetivo exclusivo o enfrentamento de problemas globais, e não servir como ferramenta de ingerência nos assuntos internos de outras nações.
Contexto de tensões diplomáticas
As declarações da Casa Branca abrem mais um capítulo de tensão nas relações bilaterais entre Bogotá e Washington. Analistas apontam que, apesar da histórica parceria na luta antidrogas, o tom agressivo adotado por Donald Trump contra Gustavo Petro pode agravar o cenário diplomático e gerar reações de solidariedade de outros governos latino-americanos.
Na prática, a ofensiva de Trump contra Petro também insere a Colômbia em um novo tabuleiro geopolítico, em que a disputa pela autonomia e pelo respeito às instituições democráticas se torna central. A defesa colombiana de sua soberania é, segundo especialistas, um recado não apenas aos Estados Unidos, mas à comunidade internacional sobre os limites da intervenção estrangeira em assuntos internos.


