Brasil vai se ‘apresentar' à China para substituir EUA no comércio de carne bovina, diz Fávaro
O ministro afirma que o país pode ser a “segurança alimentar” para o mundo todo
247 - O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta quinta-feira (17) que o Brasil pretende se apresentar como alternativa à China para suprir a demanda por carne bovina, após a desabilitação de quase 400 frigoríficos dos Estados Unidos. As declarações foram feitas durante reunião de ministros da Agricultura do Brics, em Brasília. As informações são do g1.
Segundo Fávaro, a decisão do governo chinês de não reabilitar plantas frigoríficas norte-americanas — em meio à escalada da guerra tarifária entre as duas potências — cria uma "oportunidade" para o Brasil se consolidar ainda mais como fornecedor global de proteínas.
“Há poucos dias, nas carnes bovinas, o governo chinês deixou de habilitar 395 plantas. Alguém vai precisar fornecer essa carne, que era fornecida pelos norte-americanos. O Brasil se apresenta, com muita vontade e capacidade, e tenho certeza que vamos saber ocupar esse espaço e ser um grande fornecedor”, afirmou.
Fávaro ressaltou que o Brasil não pretende substituir completamente os EUA no mercado chinês, mas vê espaço para crescer. "O Brasil não pode ter essa pretensão", ponderou. Ainda assim, destacou que o país tem uma das maiores capacidades de expansão agrícola do mundo:
“Sem sombra de dúvida, o Brasil é um dos pouquíssimos países do mundo capaz de expandir a área produtiva em dezenas de milhões de hectares. Certamente, gradativamente, o Brasil será a segurança alimentar. Não só para a China, mas para todos os países do mundo”, disse.
O ministro também confirmou que representantes da alfândega chinesa devem se reunir com autoridades brasileiras na próxima terça-feira (22), em Brasília. A reunião técnica deve tratar de protocolos sanitários e da ampliação do comércio bilateral. O encontro é visto como preparatório para a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, prevista para maio, que deve incluir a pauta comercial entre os temas centrais da visita.
Além da China, Fávaro destacou que o governo brasileiro está em tratativas com outros países asiáticos, como o Japão, onde um acordo de cooperação foi firmado recentemente durante visita de Lula a Tóquio.
“Por óbvio, queremos ampliação com a China. Acho que, diante da não reabilitação de quase 400 plantas nos EUA, eles vão precisar se decidir, e vamos nos apresentar”, disse.
Durante a reunião do Brics — bloco formado por 11 economias emergentes, como China, Rússia, Índia, África do Sul e Brasil, que neste ano ocupa a presidência rotativa — os ministros discutiram medidas para contornar o protecionismo e as barreiras comerciais globais. Segundo Fávaro, embora o "tarifaço" dos EUA não tenha sido o foco do encontro, o tema permeou parte das discussões.
“Por óbvio, isso nos motiva ainda mais para o fortalecimento desse bloco geopolítico. A afronta neste momento, por parte do governo norte-americano, e um protecionismo sem precedentes certamente nos induz ao fortalecimento do bloco e buscar novas oportunidades.”
Os ministros devem concluir e divulgar ainda nesta quinta uma declaração conjunta com compromissos relacionados à agropecuária, desenvolvimento sustentável e um plano de ação para os próximos quatro anos. O documento será levado à cúpula de líderes do Brics, marcada para julho no Rio de Janeiro.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: