Usar chupeta vira moda entre jovens e adultos, mas especialistas alertam para riscos

247 - A tendência de jovens e adultos utilizarem chupetas como forma de aliviar estresse e ansiedade vem ganhando força nas redes sociais, mas também acende um alerta entre especialistas. Segundo reportagem do Metrópoles, vídeos no TikTok e no X mostram usuários exibindo o acessório em momentos de lazer, no trabalho e até durante crises de burnout. Apesar da aparência inofensiva, psicólogos e dentistas alertam que a prática não traz benefícios reais para o controle das tensões e ainda pode gerar prejuízos físicos e psicológicos.

De acordo com a cirurgiã-dentista Gabriella Siqueira, a repetição do hábito pode comprometer a saúde bucal de forma significativa. “Entre os prejuízos que essa prática pode causar, estão problemas respiratórios, pela eventual dificuldade em fechar a boca, desenvolvendo um hábito de uma respiração bucal ao invés de respiração nasal; o comprometimento da posição da língua, e a dificuldade de rasgar os alimentos com os dentes da frente”, afirma. A profissional explica que, dependendo da frequência e intensidade do uso, é possível que haja projeção dos dentes e desenvolvimento da chamada mordida aberta.

A especialista acrescenta que casos mais graves podem exigir tratamento ortodôntico e acompanhamento fonoaudiológico para correção do posicionamento da língua. Outro risco é o de engasgos, principalmente se a pessoa dormir com a chupeta. “Durante o sono, não temos plena consciência dos movimentos respiratórios. Não é recomendado dormir com dispositivos ‘soltos’ na boca”, completa Gabriella, sócia da clínica Odonto Premier.

O uso do item infantil por adultos também levanta questões sobre saúde mental. Segundo o psicólogo Alexander Bez, o fenômeno pode ser explicado pela regressão — um retorno inconsciente a fases anteriores do desenvolvimento humano. “Psicologicamente, trata-se de um comportamento infantil que, no nível inconsciente, simboliza fuga da realidade e da fase adulta, revelando também o desejo de evitar obrigações e responsabilidades que, no entanto, não deixarão de existir”, avalia.