247 - A Nvidia, gigante do setor de tecnologia e atualmente a empresa mais valiosa do mundo, divulgou uma previsão de receita abaixo do esperado para o próximo trimestre, acendendo alertas sobre uma possível desaceleração no crescimento impulsionado pela inteligência artificial (IA). 
A companhia estima vendas de aproximadamente 54 bilhões de dólares para o terceiro trimestre fiscal, abaixo das projeções de analistas que esperavam valores superiores a 60 bilhões de dólares. A informação foi revelada pela Bloomberg nesta quarta-feira (27), gerando incertezas sobre a continuidade do ritmo acelerado de investimentos em IA.
Após um período de dois anos de crescimento expressivo, impulsionado pelo aumento global na demanda por chips de IA, a Nvidia começa a enfrentar sinais de desaceleração. No segundo trimestre deste ano, as vendas aumentaram 56%, atingindo 46,7 bilhões de dólares, o que representa uma grande expansão em comparação com o mesmo período do ano anterior. Contudo, esse crescimento foi o menor desde 2021, evidenciando um possível arrefecimento no mercado.
Durante uma teleconferência com analistas, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, foi enfático ao negar que o interesse em infraestrutura de IA esteja diminuindo. “A oportunidade que temos pela frente é imensa. Esperamos que o gasto em infraestrutura de IA atinja entre 3 trilhões e 4 trilhões de dólares até o final da década”, afirmou Huang, que reforçou a confiança no futuro do mercado de IA. A empresa também anunciou um novo programa de recompra de ações no valor de 60 bilhões de dólares, visando fortalecer sua posição no mercado.
Tensões geopolíticas afetam negócios na China
Além dos desafios econômicos globais, a Nvidia também enfrenta complicações significativas relacionadas à sua operação na China, um mercado crucial para o desenvolvimento de seus negócios. A crescente rivalidade entre os Estados Unidos e a China tem gerado dificuldades para a empresa, que enfrenta restrições no comércio de chips de IA. Apesar do alívio parcial das sanções pelo governo de Donald Trump, as vendas na China continuam aquém do esperado, sem grandes sinais de recuperação. No segundo trimestre, a empresa não registrou vendas do chip H20, projetado para o mercado de IA, o que resultou em uma perda de aproximadamente 4 bilhões de dólares em comparação com o trimestre anterior.
A Nvidia reconheceu que as sanções dos Estados Unidos podem continuar afetando suas operações na China, e a empresa alertou sobre possíveis impactos adversos de uma proposta que visa reter uma parte da receita obtida com as vendas de chips de IA para o país asiático. Em comunicado, a empresa mencionou que esse modelo de divisão de receita pode levar a um aumento de custos e prejudicar sua competitividade. A companhia, no entanto, ainda enxerga oportunidades de recuperação, caso consiga negociar a liberação de novos chips, como o Blackwell, para o mercado chinês.
Futuro promissor e desafios no setor de semicondutores
Apesar dos desafios geopolíticos e de mercado, a Nvidia permanece otimista quanto ao futuro. Sob a liderança de Huang, a empresa se tornou a principal referência em tecnologia de IA, após adaptar suas unidades de processamento gráfico (GPUs) para rodar softwares de inteligência artificial, criando a chamada "computação acelerada". Atualmente, a Nvidia projeta alcançar 200 bilhões de dólares em vendas anuais até o final deste ano, com estimativas de que esse número ultrapasse os 300 bilhões até 2028, consolidando sua liderança no setor de semicondutores.
Contudo, a empresa ainda depende significativamente de grandes clientes, como Microsoft e Amazon, que representam metade de suas vendas. Para mitigar essa dependência, Huang tem investido em diversificação, ampliando o portfólio de produtos e serviços da Nvidia, como computadores completos, redes e softwares especializados. Além disso, a companhia segue sendo uma das líderes no mercado de chips de IA, com poucos concorrentes próximos em termos de tecnologia e volume de vendas.
Porém, um dos maiores obstáculos para o crescimento da Nvidia é a escassez de oferta. A empresa depende de fábricas terceirizadas, como a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co., para a produção de seus chips, o que pode afetar a capacidade de atender à crescente demanda por seus produtos. Mesmo com esses desafios, a Nvidia segue na vanguarda da inovação em IA, com grandes expectativas para os próximos anos.

Luis Mauro Filho

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