BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fala em reciprocidade, e não em retaliação, ao tratar das negociações comerciais com os Estados Unidos.
Em entrevista à GloboNews, Haddad disse ser preciso aguardar para ver o que o governo do presidente Donald Trump pensa do Brasil, ressaltando há uma "longa negociação" a ser feita entre os dois países e que a diplomacia brasileira tem histórico de bons resultados em casos complexos.
"Nós não estamos levando combustível para essa fogueira, estamos deixando eles apresentarem o plano de voo da relação conosco", disse.
"Vamos deixar as semanas correrem, vamos aguardar para ver o fechamento desse entendimento... O presidente Lula fala em reciprocidade, não fala em retaliação."
Em declarações pública, Lula tem afirmado que se houver taxação dos EUA sobre produtos brasileiros, haverá reciprocidade. No entanto, o governo ainda não agiu depois dos anúncios de tarifas sobre aço e menção sobre o etanol brasileiro.
<h3>ATUAÇÃO DO BC</h3>
Ao falar sobre a condução da taxa básica de juros no país, Haddad afirmou que Banco Central tem que olhar para as expectativas de inflação ao executar a política monetária, mas também tem que observar os fundamentos da economia.
Haddad afirmou confiar que o BC olhará para todas as variáveis e trará a inflação para a meta da maneira mais inteligente possível.
"O BC tem que olhar para a expectativa, sim, o modelo do BC considera as expectativas para a tomada de decisão, mas ele tem que olhar também para os fundamentos da economia", afirmou.
Ao elevar a taxa básica de juros a 14,25% ao ano nesta semana, a autoridade monetária mencionou a desancoragem das expectativas de mercado para a inflação, mas também fez alertas sobre a resiliência da atividade econômica do país e pressões do mercado de trabalho.
Na entrevista, Haddad citou "barbeiragens" feitas por economistas na elaboração de estimativas para a economia, que são usadas pelo BC em suas avaliação. Para ele, o governo recebe cobranças maiores quando erra projeções.
O ministro disse ter confiança na liderança de Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, e nos outros diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a autarquia.
Ele ainda defendeu a atuação do governo na área fiscal, afirmando que todas as medidas enviadas Executivo foram na direção correta e estão produzindo resultados positivos.
Questionado sobre a preocupação de analistas com a trajetória crescente da dívida pública brasileira, o ministro afirmou que não se pode projetar o endividamento do país à frente com base na atual taxa Selic.
"Você está projetando a trajetória da dívida imaginando que essa Selic é eterna? Essa Selic é momentânea para corrigir um problema inflacionário que tem razões domésticas, mas tem razões externas também", disse.

Bianca Penteado

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad
18/03/2025

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Brasil

Haddad diz que Lula defende reciprocidade em política comercial com EUA, não retaliação

247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os americanos podem sentir "dor" econômica devido à imposição de tarifas a importantes parceiros comerciais. As declarações foram publicadas em sua rede social, Truth Social, um dia após ele assinar novas tarifas sobre produtos importados do México, Canadá e China. A informação foi divulgada pelo <a href="https://www.theguardian.com/us-news/live/2025/feb/02/canada-mexico-china-donald-trump-trade-tariffs-us-politics-live?CMP=Share_iOSApp_Other">The Guardian</a>.
"Haverá alguma dor? Sim, talvez (e talvez não!)", escreveu Trump em caixa alta, destacando que o objetivo da medida é impulsionar a economia do país. "Mas faremos a América grande novamente, e tudo valerá o preço que deve ser pago", completou.
A decisão do presidente gerou críticas por parte de representantes de sindicatos trabalhistas. Shawn Fain, presidente do United Auto Workers (UAW), afirmou que a política comercial de Trump é "anti-trabalhador" e está deixando os empregados americanos “enfrentando salários cada vez piores e condições de trabalho precárias".
Em comunicado divulgado no sábado, Fain declarou que o sindicato apoia medidas tarifárias agressivas para proteger os empregos na indústria manufatureira dos EUA, mas criticou o uso dos trabalhadores como "peão" em disputas sobre imigração e políticas de combate às drogas.
"Se Trump realmente quer trazer de volta os bons empregos da classe trabalhadora que foram destruídos pelo Nafta, USMCA e pela OMC, ele deve ir além e buscar imediatamente renegociar nossos acordos comerciais falhos", afirmou o presidente do UAW.
O embate entre Trump e sindicatos industriais reflete as divisões sobre sua estratégia comercial e seus impactos sobre a economia americana, especialmente em estados que dependem fortemente da indústria automotiva e manufatureira.

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Trump alerta que tarifas podem causar 'dor' econômica aos americanos

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