247 – Um estudo publicado na prestigiada revista científica The Lancet projeta um futuro alarmante para a saúde global: mais da metade dos adultos e um terço das crianças e jovens no mundo estarão com sobrepeso ou obesidade até 2050. O levantamento destaca as consequências severas desse crescimento para a saúde pública, incluindo o aumento expressivo de doenças crônicas e a pressão sobre os sistemas de saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define sobrepeso como um Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 25 e obesidade como um IMC acima de 30. Segundo o estudo, atualmente 2,11 bilhões de adultos com 25 anos ou mais e 493 milhões de crianças e jovens entre cinco e 24 anos são considerados acima do peso ou obesos. Esses números são significativamente maiores em comparação com 1990, quando eram 731 milhões de adultos e 198 milhões de jovens nessa condição.
O estudo faz um alerta contundente: sem mudanças imediatas em políticas públicas e intervenções eficazes, o número de adultos com excesso de peso pode saltar para 3,8 bilhões em 2050, e o de crianças e jovens pode atingir 746 milhões. “A epidemia global de sobrepeso e obesidade é uma tragédia profunda e um fracasso social monumental”, afirmou a professora Emmanuela Gakidou, da Universidade de Washington, uma das autoras do estudo.
O crescimento acelerado da obesidade tem efeitos diretos na incidência de doenças como diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardíacas e câncer, aumentando a taxa de mortalidade precoce. O relatório destaca que mais da metade da população obesa do mundo estará concentrada em apenas oito países: China (402 milhões), Índia (180 milhões), Estados Unidos (172 milhões), Brasil (88 milhões), Rússia (71 milhões), México (58 milhões), Indonésia (52 milhões) e Egito (41 milhões).
As projeções para a infância e adolescência também são alarmantes. A prevalência de obesidade entre crianças e jovens deverá crescer 121%, atingindo 360 milhões até 2050. O estudo destaca que a região da América Latina e Caribe, ao lado do Norte da África e Oriente Médio, será uma das mais afetadas, com um terço das crianças obesas concentradas nesses territórios.
O desafio também preocupa a Rússia, onde cerca de 25% dos adultos enfrentam problemas com excesso de peso. O ministro da Saúde, Mikhail Murashko, afirmou que reduzir esses índices é uma prioridade para o governo, juntamente com o combate ao consumo de álcool e tabaco. De acordo com estimativas oficiais, esses hábitos encurtam a expectativa de vida dos russos em média sete anos.
O estudo enfatiza que a obesidade está surgindo cada vez mais cedo, elevando os riscos de doenças graves ainda na juventude. Especialistas defendem que governos devem agir rapidamente para reverter essa tendência, adotando políticas eficazes de educação alimentar, regulação de produtos ultraprocessados e incentivo às atividades físicas para mitigar essa crise global de saúde pública.

Redação Brasil 247

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Saúde

Mais da metade dos adultos estará obesa até 2050, alerta estudo

247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa, nesta terça-feira (4), do 6º Encontro Nacional do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), em Brasília, onde anunciará medidas para promover uma alimentação mais saudável nas escolas públicas. A partir de 2025, o limite de alimentos processados e ultraprocessados nos cardápios escolares será reduzido de 20% para 15%, chegando a 10% em 2026. A mudança visa combater o avanço da obesidade infantil e oferecer refeições mais equilibradas aos 40 milhões de estudantes atendidos pelo programa.
O Pnae, que atende quase 150 mil escolas públicas e distribui cerca de 10 bilhões de refeições por ano, também reforçará a compra de alimentos da agricultura familiar. Atualmente, 30% dos recursos do programa são destinados a pequenos produtores, com prioridade para assentamentos da reforma agrária, comunidades indígenas, quilombolas e grupos de mulheres. Em 2024, o orçamento do Pnae foi de R$ 5,3 bilhões, mas especialistas alertam que o valor ainda é insuficiente para garantir uma alimentação de qualidade em todas as regiões do país.
Obesidade infantil - Dados do Ministério da Saúde mostram que a obesidade infantil é um problema grave no Brasil. Uma em cada sete crianças com menos de cinco anos está acima do peso, taxa que sobe para 33% entre os adolescentes. Esses números, superiores à média global, destacam a importância de políticas públicas que promovam hábitos alimentares saudáveis desde a infância. A redução de ultraprocessados na merenda escolar é um passo nessa direção, mas especialistas defendem que é preciso ir além, com campanhas educativas e maior investimento em alimentos frescos e regionais.
Capacitação de merendeiras e nutricionistas - Durante o evento, o governo também lançou o Projeto Alimentação Nota 10, que vai capacitar mais de 4.500 merendeiras e nutricionistas em segurança alimentar, práticas sustentáveis e agricultura familiar. Com um investimento de R$ 4,7 milhões, a iniciativa é uma parceria entre o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a Itaipu Binacional e instituições de ensino.
O projeto busca não apenas melhorar a qualidade das refeições, mas também fortalecer a conexão entre as escolas e os pequenos produtores, promovendo uma cadeia alimentar mais justa e sustentável.
Equiparação de repasses para a EJA - Outra novidade anunciada foi o reajuste no valor per capita repassado aos estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Após anos de desigualdade, o valor passará de R$ 0,41 para R$ 0,50, equiparando-se ao repasse do ensino fundamental e médio. A medida beneficiará cerca de 2,1 milhões de estudantes, com um investimento adicional de R$ 35,3 milhões.&nbsp;

Guilherme Paladino

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Brasil

Governo reduz ultraprocessados na merenda escolar e amplia apoio à agricultura familiar

Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein - Com uma prevalência crescente em todo o mundo, a obesidade é associada a uma extensa lista de prejuízos à saúde. Entre eles está anemia, segundo aponta um estudo publicado em junho no periódico científico <a href="https://jamanetwork.com/journals/jamapediatrics/fullarticle/2819322">BMJ Global Health</a>.
Cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, esmiuçaram pesquisas médicas de 44 países, em uma meta-análise (método que analisa resultados de diversos trabalhos científicos). Dentre os achados, observaram o elo entre a deficiência de ferro e o excesso de peso em crianças e adolescentes. 
“Embora o trabalho tenha alguns pontos críticos, porque reúne artigos muito heterogêneos, ele chega para reforçar que a chamada superalimentação, ou exagero na quantidade de comida, nem sempre fornece os nutrientes adequados”, comenta a pediatra e endocrinologista Lindiane Gomes Crisóstomo, do Hospital Israelita Albert Einstein. Esse tipo de carência de vitaminas e sais minerais, independentemente do peso, é o que especialistas definem como “fome oculta”.
Na falta de ferro, a anemia pode dar as caras e desencadear prejuízos. Fadiga, irritabilidade e dor de cabeça são alguns dos sinais de insuficiência do mineral, responsável pelo transporte de oxigênio para o organismo. “Ele é essencial para as funções cognitivas e a memória”, ressalta a médica, que completa: “Também tem papel crucial na imunidade e no desenvolvimento, entre outros.” 
No trabalho britânico, uma das hipóteses levantadas para a deficiência associada à obesidade teria relação com menores níveis de absorção e aproveitamento do ferro, devido ao processo inflamatório decorrente do excesso de gordura corporal. Mas não só: os cientistas enfatizam ainda os deslizes na dieta.
O risco dos ultraprocessados
Um cardápio recheado com ultraprocessados — produtos de alta densidade calórica, que concentram açúcares e gorduras, além de favorecerem o ganho de peso — tende a ser pobre em nutrientes e outras substâncias preciosas à saúde. Isso porque não apresenta boa oferta de hortaliças, frutas e grãos integrais. O ferro, por exemplo, aparece nas carnes, nos feijões e nas verduras verde-escuras.
Oferecer um prato equilibrado, com espaço para todos esses itens, desde a introdução alimentar – aos 6 meses de vida –, é uma das estratégias para reduzir o risco de obesidade. “É necessário que toda a família esteja envolvida e os pais são o principal exemplo”, afirma a pediatra do Einstein. “Deve-se ensinar os pequenos a comer salada e jamais fazer as refeições em frente à TV."
O estímulo à atividade física, segundo a especialista, precisa começar cedo também. “O ideal seria ter quadras disponíveis nas escolas, praças e parques seguros, mas tudo isso depende de políticas públicas”, pondera Lindiane Crisóstomo. 
Outro ponto é demarcar o tempo de telas, seja o computador, seja o celular. Joguinhos e afins têm tudo a ver com sedentarismo. As diretrizes médicas orientam que, entre 6 e 10 anos de idade, o limite seja de duas horas diárias; já os adolescentes não devem ultrapassar três horas por dia.
Combater a obesidade precocemente ajuda a afastar doenças associadas, caso do diabetes, das doenças cardiovasculares, de refluxo gastroesofágico, de problemas nos ossos, articulações e postura, da esteatose hepática (gordura no fígado), da apneia do sono, entre outras.

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Obesidade na infância e adolescência eleva o risco de anemia, indica estudo

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