247 - Um visitante italiano provocou a destruição parcial de uma obra de arte de mais de 300 anos ao tentar gravar um vídeo para as redes sociais no museu Galeria Uffizi, em Florença, na Itália. O caso aconteceu no último sábado (21) e foi divulgado nesta terça-feira pelo jornal Corriere della Sera.
De acordo com a direção da Uffizi, o turista se desequilibrou ao andar de costas em direção à pintura, na tentativa de produzir um "meme", tropeçou nos degraus de proteção e acabou rasgando o quadro “Retrato de Ferdinando de Medici”, do pintor italiano Anton Domenico Gabbiani, datado de 1712.
O dano foi causado na região do pé direito do príncipe, retratado na obra, e a pintura precisará passar por restauração. Como consequência, toda a exposição à qual o quadro pertence permanecerá fechada ao público até o dia 2 de julho. O nome do visitante não foi divulgado pelas autoridades italianas.Diante do episódio, o diretor da Galeria Uffizi, Simone Verde, afirmou que pretende endurecer as regras para evitar o que classifica como banalização dos museus por conta das redes sociais.“O problema dos visitantes que vêm aos museus para fazer memes ou tirar selfies para as redes sociais está se tornando generalizado: vamos impor limites muito precisos, impedindo comportamentos incompatíveis com o sentido das nossas instituições e com o respeito ao patrimônio cultural”, declarou o diretor.
Casos se repetem na Itália
&nbsp;Este não foi um caso isolado na Itália. No início de junho, um visitante danificou uma obra no museu Palazzo Maffei, em Verona, também ao tentar fazer uma foto. Ele se sentou em uma cadeira da instalação do artista Nicola Bolla, inspirada na célebre “Cadeira de Van Gogh com Cachimbo”, coberta por cristais Swarovski. A peça, extremamente frágil, desmontou com o peso do homem, que acabou processado pelo museu.
Já em setembro de 2023, um turista alemão subiu na histórica fonte de Netuno, na Piazza della Signoria, em Florença, na tentativa de tirar uma selfie, e acabou danificando o monumento.Os episódios reacendem o debate sobre o impacto do turismo irresponsável nos museus e espaços culturais italianos. Recentemente, Florença já havia proibido o uso de alto-falantes por guias turísticos em áreas históricas, como forma de tentar reduzir o incômodo e os danos causados pelo excesso de visitantes.

Laís Gouveia

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Mundo

Turista danifica quadro de 300 anos ao tentar fazer meme em museu de Florença

247 - Um meme que trata Portugal como uma espécie de novo território brasileiro — apelidado de Guiana Brasileira — tem provocado reações indignadas de usuários portugueses nas redes sociais. A informação foi publicada pelo portal <a href="https://g1.globo.com/turismo-e-viagem/noticia/2025/04/18/meme-guiana-brasileira-irrita-portugueses-nas-redes-sociais-isso-nao-e-brincadeira.ghtml">g1,</a> que detalhou como o humor ácido de internautas brasileiros acabou inflamando discussões sobre xenofobia, colonialismo e os limites do riso na internet.
A piada circula há meses em plataformas como X (antigo Twitter), TikTok e Instagram. Ela apresenta Portugal como se tivesse sido anexado ao Brasil, numa inversão histórica com traços de deboche. Frases como “somos todos brasileiros” ou “Lisboa agora se chama Vitória da Reconquista” se multiplicam em perfis portugueses, muitas vezes em tom provocativo.
Apesar de ter começado como brincadeira, a repercussão não agradou a parte do público luso, que passou a rebater publicamente a onda de comentários. Um dos vídeos de maior alcance é de Bruno Oliveira, que afirma: “Falar de uma cultura, de um povo, de uma nação, de uma bandeira, tudo tem limites. Isso é mau, isso não é brincadeira. Já está em outro nível”.
<h3>Humor ou falta de respeito?</h3>
Para muitos portugueses, a graça do meme já se perdeu. “Amo os brasileiros, só que essas atitudes só geram mais conflitos”, disse a usuária Bruna Filipa. “Falar mal da língua do povo que te acolheu, dos portugueses, do país, comparar com favela, é muita falta de respeito”.
Outros portugueses foram mais diretos nas críticas e até ironizaram os brasileiros. Um internauta identificado como Bruno afirmou: “Fiquem com o Brasil de um lado do Atlântico que nós ficamos com Portugal do outro lado. Não se tentem convencer que um dia Portugal será brasileiro”.
A resposta mais descontraída veio da influenciadora Nokas, que encarou o episódio com bom humor: “Primeiro, foi o meme do ouro. Depois, surgiu que falamos um português arcaico, um português pré-histórico. E, agora, somos uma guiana?”
O meme chegou ao ponto de aparecer em uma página falsa na Wikipédia, criada nesta sexta-feira (18), afirmando que Portugal teria sido anexado ao Brasil por um "acordo histórico". A publicação ficou no ar por apenas 10 minutos antes de ser removida pela moderação.
<h3>Brasileiros reagem com ironia e lembram xenofobia</h3>
Do outro lado do Atlântico, os brasileiros dobraram a aposta: memes chamando Portugal de “Pernambuco de pé” e Lisboa de “Vitória da Reconquista” tomaram conta das respostas. Muitos justificaram o tom da brincadeira como uma forma de reação à discriminação que alegam sofrer em terras portuguesas.
Dados da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial mostram que, em 2021, foram registradas 109 denúncias de xenofobia contra brasileiros em Portugal — um aumento de 142% em comparação com 2018. As queixas vão desde ofensas explícitas até casos de dificuldade de acesso a moradia, emprego e serviços de saúde.
Muitos brasileiros relataram já ter ouvido frases como “volta para sua terra” ou serem obrigados a falar inglês por conta do sotaque. Para eles, o meme seria uma forma de devolver, com ironia, o desconforto vivido fora do país.
<h3>Quando o riso incomoda</h3>
Especialistas em cultura digital apontam que o caso da Guiana Brasileira revela como o humor pode ser atravessado por memórias históricas, desigualdades sociais e tensões contemporâneas. A fronteira entre piada e ofensa, dizem, nem sempre é clara — especialmente em um ambiente globalizado como a internet.
Enquanto isso, a batalha de memes continua alimentando o algoritmo, com brasileiros e portugueses protagonizando uma disputa que, embora baseada em risos, escancara feridas ainda abertas de ambos os lados do Atlântico.

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