<p><b>247 </b>- Martinho da Vila, um dos maiores nomes do samba e da música popular brasileira, completa hoje 87 anos. Com uma trajetória marcada pela defesa da cultura negra, pelo compromisso com a valorização do samba e por uma produção artística riquíssima, ele se consolidou como uma das vozes mais importantes do Brasil. Cantor, compositor, escritor e intelectual do povo, Martinho ultrapassou as barreiras da música para se tornar um verdadeiro símbolo da identidade nacional.</p>
<p><b>A trajetória de um mestre do samba</b></p>
<p>Nascido Martinho José Ferreira em 12 de fevereiro de 1937, na cidade de Duas Barras, no interior do Rio de Janeiro, Martinho cresceu em um ambiente onde a música popular já pulsava forte. Ainda jovem, mudou-se com a família para a capital fluminense, onde teve contato com o universo do samba, especialmente por meio da escola de samba Unidos de Vila Isabel, que mais tarde se tornaria sua grande paixão e inspiração.</p>
<p>Seu talento para a música começou a despontar na década de 1960, quando passou a compor sambas que logo chamaram a atenção no mundo do carnaval. O reconhecimento veio em 1968, quando participou do III Festival de MPB da TV Record com a canção <i>Casa de Bamba</i>, uma obra que se tornaria um clássico do samba. No ano seguinte, lançou seu primeiro álbum, <i>Martinho da Vila</i>, consolidando-se como um dos principais expoentes do gênero.</p>
<p><b>O samba como resistência e identidade</b></p>
<p>Diferente de muitos sambistas da época, Martinho inovou ao trazer uma sonoridade mais cadenciada, conhecida como "samba de partido-alto", e letras que mesclavam a celebração da cultura popular com críticas sociais e políticas. Em plena ditadura militar, suas músicas exaltavam a negritude, a brasilidade e a vida nos morros e nas favelas, tornando-o uma figura essencial na luta pela valorização da cultura afro-brasileira.<br/>
Um de seus grandes marcos foi a relação com a Vila Isabel. Além de ser um dos principais compositores da escola de samba, Martinho ajudou a fortalecer sua identidade e foi um dos responsáveis pelo enredo histórico de 1988, <i>Kizomba, a festa da raça</i>, que garantiu o primeiro título da agremiação no carnaval carioca. A obra é um hino de resistência e celebração da herança africana no Brasil, tema que sempre esteve presente em sua trajetória.</p>
<p><b>O artista multifacetado</b></p>
<p>Além de ser um compositor e cantor de enorme sucesso, Martinho também se destacou como escritor. Com mais de uma dezena de livros publicados, ele transitou pela literatura com a mesma fluidez que dominou o samba. Em suas obras, abordou a cultura popular, a história da diáspora africana e até romances que trazem personagens e tramas envolventes.<br/>
Internacionalmente, Martinho levou o samba para palcos da África, Europa e América Latina, tornando-se um verdadeiro embaixador da música brasileira. Sua ligação com os países africanos lusófonos, especialmente Angola e Moçambique, fez dele um defensor da valorização da cultura afro-brasileira e do intercâmbio cultural entre os povos.</p>
<p><b>Um legado vivo</b></p>
<p>Aos 87 anos, Martinho segue ativo, lançando novos trabalhos e participando do carnaval carioca com o mesmo entusiasmo de sempre. Seu impacto na música popular brasileira é inegável: ele ajudou a renovar o samba, aproximou a cultura afro-brasileira do grande público e influenciou gerações de artistas.</p>
<p>Hoje, ao celebrar mais um ano de vida, Martinho da Vila não apenas reafirma sua importância como ícone da cultura nacional, mas também se consolida como um símbolo de resistência, alegria e compromisso com as raízes do Brasil. Seu legado continua vivo, ecoando nas rodas de samba, nos desfiles de carnaval e nas vozes de quem, como ele, acredita que o samba é mais do que um gênero musical—é uma forma de contar a história do país.</p>
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Redação Brasil 247

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Cultura

Martinho da Vila: 87 anos de um legado inigualável para a música e a cultura brasileira

<p><b>247 – </b>Aos 86 anos, Martinho da Vila, renomado cantor e compositor de samba, achava que já havia se aposentado. Porém, um convite de Paulo Junqueiro, presidente da Sony Music, fez o artista mudar de ideia e lançar "Violões e Cavaquinhos", seu novo disco. O álbum, com 12 faixas, inclui regravações de clássicos e quatro inéditas, com participações de suas filhas Alegria Ferreira e Mart’nália, Preta Gil e o rapper L7nnon, como aponta <a href="https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2024/05/martinho-da-vila-canta-com-l7nnon-diz-que-viveu-auge-dos-discos-e-elogia-madonna.shtml"><u>reportagem</u></a> da Folha de S. Paulo.</p>
<p>Martinho relembra o auge da indústria fonográfica, quando a gravação de discos era intensa. Hoje, observa que a prática mudou, com os artistas lançando músicas individualmente. O novo disco, com arranjos minimalistas de violão e cavaquinho, realiza um desejo antigo do cantor. Entre os músicos participantes estão Rafael dos Anjos, Carlinhos Sete Cordas e Pretinho da Serrinha. Martinho também gravou a percussão das músicas .</p>
<p>As faixas inéditas incluem "Coisa de Preto", em parceria com Chico César, e "Sempre Bela", com influências lusófonas e indígenas. Martinho, também autor da autobiografia "Martinho da Vida", que será discutida na Feira do Livro em São Paulo, se diz feliz com sua fase atual. Ele elogiou a apresentação de Madonna no Rio de Janeiro e recordou com emoção os ícones do samba que conheceu, como Nelson Cavaquinho e Cartola.</p>
<p><b>Confira:</b></p>
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