247 - O jornal neoliberal <a href="https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2025/04/mario-vargas-llosa-disse-a-folha-em-2022-que-jamais-votaria-em-lula-relembre.shtml">Folha</a> de São Paulo e a emissora pública do Reino Unido, a <a href="https://www.bbc.com/portuguese/articles/c62j07d27weo">BBC</a>, cujo serviço de mídia estrangeiro responde diretamente ao governo daquele país, usaram nesta segunda-feira (14) a morte do escritor peruano Mario Vargas Llosa, na véspera, para atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e politizar o momento de luto pelo falecimento de um dos nomes mais importantes, e polêmicos, da literatura latino-americana.&nbsp;
Nos dois casos, as publicações citaram uma entrevista do escritor de direita à Folha, de 2022, em que ele disse preferir Jair Bolsonaro a Lula. "Não gostaria de escolher entre Lula e Bolsonaro, mas Lula, jamais", disse Llosa na ocasião.&nbsp;
Mario Vargas Llosa, que, apesar das polêmicas declarações, encantou inúmeros leitores com seu rigor intelectual e prosa lírica por cinco décadas, morreu no domingo (13) aos 89 anos. Ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 2010 por obras como "Tia Julia e o Roteirista", "Morte nos Andes" e "A Guerra do Fim do Mundo".
Ele iniciou sua trajetória política como entusiasta da Revolução Cubana e apoiador declarado de Fidel Castro. Com o passar dos anos, porém, rompeu com o ideário de esquerda e passou a defender posições conservadoras, alinhando-se, em sua fase final, a discursos da extrema direita.

Leonardo Sobreira

Mario Vargas Llosa em Madri - 1/3/2016   

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Cultura

Folha e BBC usam morte de Vargas Llosa para atacar Lula

247 - O escritor peruano Mario Vargas Llosa, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 2010, morreu neste domingo (13), em Lima, capital do Peru, informa o <a href="https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2025/04/13/mario-vargas-llosa-morre.ghtml">g1</a>. A informação foi confirmada por seu filho, Álvaro Vargas Llosa, por meio de uma publicação nas redes sociais.
“É com profundo pesar que anunciamos que nosso pai, Mario Vargas Llosa, faleceu hoje em Lima, cercado pacificamente por sua família”, escreveu.
Vargas Llosa foi um dos maiores nomes da literatura em língua espanhola e uma das figuras centrais do chamado “boom” latino-americano — movimento literário que revelou ao mundo autores como Gabriel García Márquez (Colômbia), Julio Cortázar (Argentina), Carlos Fuentes e Juan Rulfo (México). Sua obra funde crítica social, análise política e ficção de alta complexidade, com destaque para romances como A cidade e os cachorros, A festa do bode, A casa verde e Conversa no Catedral.
Apesar do reconhecimento literário, sua trajetória também foi marcada por posições políticas liberais que geraram atritos com setores da intelectualidade, geralmente alinhados à esquerda. “Nós, latino-americanos, somos sonhadores por natureza e temos problemas para diferenciar o mundo real e a ficção. É por isso que temos ótimos músicos, poetas, pintores e escritores — e também governantes tão horríveis e medíocres”, disse em 2010, pouco antes de receber o Nobel.
Mario Vargas Llosa nasceu em 28 de março de 1936, na cidade de Arequipa, no sul do Peru. Cresceu sob os cuidados da mãe e dos avós maternos em Cochabamba, na Bolívia, antes de retornar ao Peru. Passou pela Academia Militar de Lima e formou-se em Letras, começando sua carreira como jornalista ainda jovem.
Em 1959, mudou-se para Paris, onde se casou com sua tia Julia Urquidi e trabalhou como tradutor, professor de espanhol e jornalista da Agence France-Presse. Mais tarde, separou-se e casou-se com sua prima Patricia Llosa, com quem teve três filhos e manteve um casamento de cinco décadas. Em 2015, já com quase 80 anos, iniciou um relacionamento com Isabel Preysler, ex-esposa do cantor Julio Iglesias.
Sua estreia na literatura ocorreu com Os chefes (1959), que recebeu o Prêmio Leopoldo Alas. A consagração viria nos anos seguintes com A cidade e os cachorros (1963), A casa verde (1966) e Conversa no Catedral (1969). Nas décadas seguintes, lançou obras de grande repercussão como Pantaleão e as visitadoras, A guerra do fim do mundo e O herói discreto.
Com seus livros traduzidos para mais de 30 idiomas, Vargas Llosa recebeu os principais prêmios da literatura em língua espanhola, como o Cervantes, o Príncipe de Astúrias das Letras, o Rómulo Gallegos e o Biblioteca Breve.
Sua produção seguiu intensa até os últimos anos. Entre seus últimos romances está Tempos ásperos, publicado em 2019, sobre a história recente da Guatemala.

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