247 - A bispa Mariann Edgar Budde, da Catedral Nacional de Washington (DC), tornou-se o centro de uma controvérsia ao confrontar diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante um sermão realizado em 21 de janeiro. Em entrevista à NPR, Budde reafirmou que não há motivo para se desculpar, apesar das críticas ferozes do republicano e de seus aliados. "Não sinto que haja necessidade de me desculpar por um pedido de misericórdia", declarou ao programa All Things Considered, de acordo com a <a href="https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2025/01/nao-eu-nao-vou-me-desculpar-por-pedir-misericordia-responde-bispa-de-washington-a-trump.shtml">Folha de S. Paulo</a>.
O embate começou quando Budde utilizou seu discurso no Serviço Nacional de Oração para defender comunidades historicamente marginalizadas e que estão na mira de Trump, incluindo crianças LGBTQIA+, trabalhadores imigrantes e pessoas sem documentação. "Há crianças gays, lésbicas, transgênero em famílias democratas, republicanas, independentes — algumas que temem por suas vidas", disse Budde, enquanto apelava por compaixão do presidente. A bispa também destacou a situação dos migrantes, afirmando que "a grande maioria não é criminosa" e merece ser tratada com dignidade.
A reação de Trump não tardou. Em sua plataforma Truth Social, ele criticou Budde, classificando-a como uma "esquerdista radical" que o odeia. O presidente também a chamou de "desagradável", alegando que seu discurso "não foi convincente nem inteligente". A polêmica foi intensificada por aliados republicanos, com um congressista sugerindo que Budde, cidadã americana, fosse incluída "na lista de deportação".
Apesar dos ataques, a bispa manteve sua postura. "Decidi pedir a ele o mais gentilmente possível que tivesse misericórdia", afirmou. Durante a entrevista à NPR, ela defendeu o papel da compaixão em um país diverso como os Estados Unidos e reiterou que não se arrepende de suas palavras. "Para sermos unidos como um país com tantas riquezas de diversidade, precisamos de misericórdia, compaixão e empatia", disse.
Budde reconheceu a polarização que seu discurso gerou, lamentando que o debate tenha sido dominado pela "indignação" em vez de respeito mútuo. "Lamento que tenha causado essa resposta, mas não, eu não vou me desculpar pelo que eu disse", afirmou. A líder religiosa também reforçou a necessidade de Trump reconsiderar sua retórica em relação às comunidades vulneráveis. "Milhões depositaram a confiança em você", declarou Budde em seu sermão. "Peço que tenha misericórdia das pessoas em nosso país que estão assustadas agora".

Guilherme Levorato

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Mundo

Bispa de Washington desafia críticas de Trump após apelo por misericórdia

247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu com veemência ao sermão da bispa Mariann Edgar Budde, líder da Igreja Episcopal em Washington, durante uma missa especial realizada na terça-feira (21) para celebrar a posse do republicano. O culto aconteceu na histórica St. John's Episcopal Church, em Washington, e foi marcado pelo pedido de Budde por "misericórdia" em relação às comunidades de imigrantes e LGBT+ nos EUA.
Em publicação na Truth Social, Trump chamou Budde de "radical de esquerda" e "hater", acusando-a de politizar a religião de forma "desrespeitosa", informa o <a href="https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/01/22/trump-exige-pedido-de-desculpas-de-bispa-de-washington-que-pediu-misericordia-com-imigrantes.ghtml">g1</a>. "Seu tom foi agressivo, e suas palavras não foram convincentes nem inteligentes. (...) Ela e sua igreja devem um pedido de desculpas ao público", escreveu o presidente.
Pedido por compaixão gera tensão - Mariann Edgar Budde, que se tornou a primeira mulher a liderar a diocese episcopal de Washington em 2011, usou o púlpito para exortar Trump a reconsiderar suas políticas de deportação em massa, lançadas oficialmente um dia antes com o envio do Exército à fronteira e a restrição ao asilo. No sermão, ela destacou o medo enfrentado por imigrantes e seus filhos, além de abordar os direitos de pessoas LGBT+.
"Peço que tenha misericórdia, Sr. Presidente, daqueles em nossas comunidades cujos filhos temem que seus pais sejam levados embora, e que ajude aqueles que estão fugindo de zonas de guerra e perseguição a encontrar compaixão e boas-vindas aqui", disse Budde.
Trump, visivelmente incomodado durante o discurso, limitou-se a dizer posteriormente que "não foi muito emocionante".
Reações e polêmica - As críticas de Trump rapidamente ecoaram entre seus aliados. Elon Musk, bilionário e defensor ferrenho do presidente, afirmou em sua plataforma de mídia social, X: "ela pegou o vírus da 'mente woke'", em referência a movimentos que defendem direitos de minorias. A declaração chamou atenção, especialmente considerando que Musk é pai de uma filha transgênero que, em 2022, rompeu publicamente relações com ele.
Budde, por sua vez, reafirmou sua posição em entrevistas posteriores, destacando o papel da igreja em promover a justiça social e os direitos humanos. "Nosso Deus nos ensina que devemos ser misericordiosos com o estrangeiro", declarou em um comunicado oficial.

Trump ataca bispa por sermão sobre imigrantes e comunidade LGBT+ e exige desculpas

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