247 - Uma complexa rede de tráfico internacional de armas de guerra foi desmontada pela Polícia Federal, revelando o uso de empresas de transporte legal, como Correios, DHL e até o AliExpress, para abastecer o crime organizado no Rio de Janeiro. Segundo denúncia divulgada neste domingo (24) pelo programa <a href="https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2025/03/23/pf-descobre-importacao-de-armas-de-guerra-para-o-trafico-do-rj-entregas-eram-feitas-pelos-correios-e-transportadoras.ghtml">Fantástico</a>, da TV Globo, o esquema era liderado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o “Peixão”, apontado como um dos chefes do Terceiro Comando Puro (TCP).
De acordo com as investigações, Peixão criou uma rota internacional de importação de armamento pesado, que incluía fuzis, granadas, munições, drones e até equipamentos anti-drone. Os produtos eram adquiridos de fornecedores da China e do Paraguai, pagos em dólar e enviados com códigos de rastreamento por empresas internacionais de logística e pelos Correios, em pacotes disfarçados como brinquedos eletrônicos.
Em áudios obtidos pela PF, Peixão revela a escala da operação e a frequência das compras: "a partir de agora, a gente já não vai parar mais não, né? Toda semana a gente vai estar comprando alguma coisa. Eu vou me programar pra semana que vem fazer uma compra de 100 mil”.
Peixão se apresenta como dono de parte do Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio, onde vivem aproximadamente 140 mil pessoas. As investigações indicam que ele era assessorado por Everson Vieira Francesquet, conhecido como “Deus” nas comunicações com os fornecedores. Everson atuava como armeiro da facção e foi preso ao tentar retirar um fuzil antidrone em uma agência dos Correios em Nova Iguaçu (RJ).
Mensagens encontradas no celular de Everson mostram contatos frequentes com vendedores internacionais e comprovantes de entregas da DHL com origem em Hong Kong. Em uma das conversas, Peixão orienta sobre o envio: "veja a melhor forma de envio, dessa vez vou comprar 5 de uma vez. Tenho muitos clientes que querem isso”.
O esquema contava ainda com o uso de transportadoras nacionais para trazer armas pesadas. "Eu consigo a transportadora que traz, já. Já tenho contato com a transportadora que vai trazer, até se for um fuzil. Não tem problema”, afirma Peixão em outro áudio interceptado.
As transações financeiras eram realizadas via Pix, com a utilização de “laranjas” para movimentar grandes quantias. A PF rastreou pagamentos de R$ 30 mil e R$ 32 mil relacionados às compras ilegais. Os fuzis comprados no Paraguai eram adquiridos por valores que variavam entre R$ 7,5 mil e R$ 15 mil.
Everson, já investigado anteriormente, foi novamente preso neste mês ao se apresentar à Justiça e agora é acusado de tráfico internacional de armas e participação em organização criminosa. A Polícia Federal solicitou sua transferência para um presídio federal.
Em entrevista ao Fantástico, o superintendente da PF no Rio de Janeiro, Fábio Galvão, defendeu uma atuação mais coordenada entre os órgãos de segurança para enfrentar o tráfico internacional de armas: “a integração tem um papel fundamental nisso. Os problemas são muito grandes e complexos e exigem coordenação e união de esforço”.
Peixão continua foragido, e a Polícia Civil já realizou diversas operações para capturá-lo. Em uma das ações, foi destruído um “resort do tráfico”, erguido em uma comunidade sob seu domínio, com piscina, academia e até lago artificial.
Em nota oficial, os Correios afirmaram que mantêm uma atuação rigorosa no combate ao envio de objetos ilícitos e que colaboram com os órgãos de segurança. A DHL Express declarou que não compactua com atividades criminosas e está acompanhando o caso. Já o AliExpress informou que repudia qualquer atividade criminosa e está disponível para colaborar com as autoridades.
A reportagem do Fantástico não conseguiu contato com a defesa de Everson Francesquet.

Guilherme Levorato

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Sudeste

Peixão montou rota internacional de armas de guerra para o tráfico do Rio com entregas pelos Correios e DHL

VILNIUS (Reuters) - A Lituânia não encontrou sinais de que a queda de um avião de carga da DHL na segunda-feira tenha sido causada por sabotagem e acredita que questões técnicas sejam uma explicação mais provável, disseram as autoridades nesta quarta-feira.
A aeronave caiu ao aterrissar no aeroporto de Vilnius na segunda-feira, matando uma pessoa a bordo. A ministra das Relações Exteriores da Alemanha disse mais tarde que o incidente pode ter sido um acidente ou um ataque híbrido durante "tempos voláteis".
"Com tudo o que temos e sabemos, não há sinais de que possa ter sido um ato de sabotagem", disse o ministro da Defesa da Lituânia, Laurynas Kasciunas, a repórteres na quarta-feira.
Uma análise visual do acidente mostrou que não houve impacto externo no avião quando ele pousou, enquanto os membros sobreviventes da tripulação disseram que não houve caos ou preocupação dentro da aeronave antes do acidente, nem fumaça ou cheiro, disse o ministro.
Os investigadores estavam se inclinando para uma causa técnica para o incidente, disse Vilmantas Vitkauskas, chefe do Centro Nacional de Gerenciamento de Crises do país.
"Se obtivermos dados adicionais, poderemos mudar nossa direção, mas não os temos no momento", disse Vitkauskas aos repórteres.
Os sistemas do aeroporto de Vilnius que são usados para orientar as aeronaves que chegam estavam funcionando normalmente quando testados na terça-feira, disse ele.
A aeronave não utilizou GPS para aterrissar e é improvável que qualquer interferência com esses sinais tenha causado impacto, disseram as autoridades.

Os destroços do avião de carga DHL são vistos no local do acidente perto do Aeroporto Internacional de Vilnius, Lituânia, 25 de novembro de 2024

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Mundo

Queda de avião da DHL ocorreu provavelmente por problema técnico, não sabotagem, diz ministro lituano

247 - Na semana passada, o The Times relatou possíveis formas de retaliação da Rússia ao uso de mísseis de longo alcance disparados pelo Reino Unido na região de Kursk, na Rússia. O artigo incluía versões de possíveis ataques cibernéticos à infraestrutura crítica, sabotagem, assassinatos direcionados, bem como explosivos em pacotes DHL que poderiam "derrubar um avião".
Nesta segunda-feira (25), um avião de carga da DHL caiu perto do aeroporto de Vilnius. Segundo o portal FlightAware, a aeronave estava indo de Leipzig para Vilnius. A polícia informou que um dos pilotos, um cidadão espanhol, morreu no acidente. Outros três feridos — cidadãos da Lituânia, Alemanha e Espanha — estão hospitalizados.
Diante dos acontecimentos, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha descreveu como possível acidente ou ataque híbrido em "tempos voláteis".
O parlamentar russo Alexey Zhuravlev rejeitou à Sputnik nesta segunda-feira as acusações. O artigo do The Times sobre a possível resposta de Moscou a ataques com mísseis de longo alcance ocidentais utilizando pacotes explosivos da DHL parece uma tentativa de provocação para culpar a Rússia pelo acidente de avião, disse.&nbsp;
"A imprensa britânica relatou, citando fontes, as recentes alegações de que os serviços especiais russos poderiam preparar ações contra o Ocidente com a ajuda de pacotes da DHL. Claramente, naquele momento, uma provocação já estava pronta com o avião, que agora caiu em Vilnius. Uma relação de causa e efeito é claramente visível — assim que alertaram sobre isso, tudo aconteceu quase imediatamente", afirmou Zhuravlev.
Toda a operação foi planejada no Ocidente para culpar a Rússia, acrescentou Zhuravlev.&nbsp;

Equipes de resgate trabalham perto dos destroços do avião de carga DHL no local do acidente perto do Aeroporto Internacional de Vilnius, Lituânia, 25 de novembro de 2024

Antes de queda de avião na Lituânia, jornal apontou suspeita sobre pacotes russos. Parlamentar nega

(Reuters) - Um avião de carga da DHL (DHLn.DE) caiu ao tentar pousar no aeroporto de Vilnius, na Lituânia, na manhã desta segunda-feira, matando uma pessoa em um incidente que o ministro das Relações Exteriores da Alemanha descreveu como possível acidente ou ataque híbrido em "tempos voláteis".
As outras três pessoas a bordo ficaram feridas, ao menos uma em estado crítico. Chamas e fumaça envolveram o avião enquanto equipes de bombeiros trabalhavam para apagar o incêndio.
Autoridades lituanas disseram que, até o momento, não há indícios de sabotagem, embora a Alemanha esteja investigando incêndios anteriores causados por dispositivos incendiários escondidos em pacotes em um armazém em Leipzig, relacionados à DHL.
Países europeus expressaram repetidamente preocupações sobre a vulnerabilidade de infraestruturas civis — apreensões que aumentaram após o rompimento inexplicável de dois cabos de fibra óptica no Mar Báltico na semana passada.
"Fato é que, junto com nossos parceiros lituanos e espanhóis, agora devemos seriamente nos perguntar se isso foi um acidente ou, após a semana passada, outro incidente híbrido, o que mostra os tempos voláteis em que vivemos, mesmo no centro da Europa", disse a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock.
"As autoridades alemãs estão trabalhando muito de perto com as autoridades lituanas para esclarecer isso", acrescentou.
O Boeing (BA.N) 737-400, que caiu às 03h30 GMT, era operado pela Swiftair em nome da DHL, um grupo logístico alemão, e havia decolado de Leipzig, Alemanha, às 02h08 GMT, segundo o Flightradar24.
O chefe de contra-inteligência da Lituânia, Darius Jauniskis, disse aos jornalistas: "Não podemos descartar a possibilidade de terrorismo... Mas, no momento, não podemos fazer atribuições ou apontar culpados, pois não temos essas informações."
Um alto funcionário europeu de inteligência acrescentou que nenhuma possibilidade está sendo descartada.
Em um comunicado, a DHL afirmou que o avião, que chegava de Leipzig, "fez um pouso forçado" a cerca de um quilômetro do aeroporto de Vilnius e que a causa do acidente ainda é desconhecida.
Enquanto isso, autoridades lituanas disseram que não houve sinais de nada extraordinário dos pilotos durante o contato por rádio com a aeronave.
"Na gravação da conversa entre os pilotos e a torre, os pilotos, até o último segundo, não informaram a torre sobre qualquer evento extraordinário", disse Marius Baranauskas, chefe da Autoridade Nacional de Aviação da Lituânia.
"Precisamos examinar as caixas-pretas para saber o que aconteceu na aeronave."
A residente de Vilnius Kotryna Ciupailaite relatou que o avião passou baixo sobre seu carro enquanto ela dirigia para o trabalho.
"O avião virou a asa direita para baixo antes de cair, como se estivesse tentando girar. Havia algo brilhando saindo do lado direito da aeronave, como faíscas ou uma chama, antes de atingir o solo", disse Ciupailaite.
Ela compartilhou um vídeo com a Reuters, filmado pelo para-brisa de seu carro, que mostra um grande incêndio além de uma faixa de árvores. "Meu Deus", ela exclamou no vídeo.
A Swiftair informou que o avião caiu em uma área residencial perto do aeroporto de Vilnius e que criou um centro de atendimento para ajudar os familiares das vítimas.
AVIÃO SE PARTIU NO IMPACTO - Imagens de câmeras de segurança mostraram a aeronave descendo atrás de um armazém, após o que o céu noturno foi iluminado em vermelho e laranja brilhantes, seguido por colunas de fumaça escura e espessa.
Os serviços de resgate disseram que o avião atingiu o solo, se partiu em pedaços e deslizou por mais de 100 metros. Alguns destroços atingiram uma casa, cujos 14 ocupantes foram evacuados posteriormente.
"Apenas essas investigações responderão às perguntas sobre as reais causas do incidente. Especulações e suposições realmente não ajudarão a determinar a verdade", disse a primeira-ministra Ingrida Simonyte em comunicado.
PACOTES PADRÃO - Um porta-voz da polícia lituana disse que uma pessoa a bordo, um cidadão espanhol, morreu, e outras três — cidadãos da Espanha, Alemanha e Lituânia — ficaram feridas.
A DHL lançou sua própria investigação sobre o acidente, disse um porta-voz da divisão lituana da empresa. "A aeronave transportava pacotes regulares. Não temos nenhuma informação de que algum deles fosse suspeito", afirmou.
A aeronave tinha 31 anos, segundo o banco de dados do Flightradar24. A Boeing está buscando mais informações e fornecerá qualquer suporte necessário, disse um porta-voz da empresa.
Além das investigações alemãs, a polícia britânica está investigando um incêndio em um armazém em Birmingham, em julho, causado por um pacote que pegou fogo, e está em contato com outras agências policiais europeias para verificar se há conexão com incidentes semelhantes em outros locais.

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