247 - Em um julgamento marcado por tensão, contradições e descontrole, Paulo Cupertino Matias falou por mais de duas horas em sua própria defesa, desafiou a acusação e até comparou sua maneira de falar à de Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. O empresário foi condenado a 98 anos de prisão em regime fechado por matar a tiros o ator Rafael Miguel e os pais dele, João e Miriam Miguel, em 2019. As informações são do <a href="https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/06/02/video-cupertino-fala-por-mais-de-2-horas-em-seu-julgamento-e-cita-bolsonaro-e-lula.ghtml">g1, </a>que teve acesso às gravações do julgamento e dos depoimentos de Isabela Tibcherani, filha de Cupertino, e Vanessa Tibcherani, ex-mulher dele.
Cupertino iniciou seu interrogatório afirmando que não cometeu o crime. Em uma fala desorganizada e cheia de interrupções, desafiou promotores e até contrariou suas próprias advogadas, que tentavam conduzir o depoimento. “Impossível, entendeu, eu ter cometido esse crime. Eu não matei o Rafael, eu não matei a família”, afirmou. Mesmo alegando inocência, foi condenado por triplo homicídio duplamente qualificado — por motivo torpe e uso de recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.Durante o julgamento, o réu não respondeu às perguntas do Ministério Público e ignorou orientações da defesa. A certa altura, levantou-se do banco dos réus e partiu verbalmente contra os promotores e o assistente de acusação. “Se você quer me cortar, fica à vontade”, disse, sendo repreendido imediatamente pelo juiz Antonio Souza. “Primeiro, o senhor fica sentado. E segundo, que eu vou pedir que trate com urbanidade todo mundo aqui”, ordenou o magistrado.
Cupertino, que fugiu após o crime e só foi preso em 2022, atacou a polícia e negou qualquer relação com o assassinato. Disse que suas armas estavam regularizadas, mas não explicou como desapareceram. “As minhas armas de excelência, todas as duas, eu tinha porte e registro... Agora, no dia dos fatos, eu não estava armado”, afirmou. As câmeras de segurança, no entanto, gravaram sua fuga logo após os disparos.Entre as declarações mais marcantes, Cupertino disse não carregar culpa: “Eu não tenho que pedir perdão, tá? Porque não carrego isso no meu coração”. E ainda ironizou uma possível condenação: “Se acontecer de vocês me condenarem (...), não vem com cadeia de 20 anos, 30 anos, não, que eu não quero. Tem que ser chapoletada, porque é um triplo homicídio”.
O empresário também direcionou ataques à filha Isabela, que prestou depoimento emocionada, sem a presença do pai. “Eu lembro que ele me pegou pelo pescoço, me prensou contra a parede... falou que eu era igual a minha mãe... e ele devia ter dado um tiro na minha cabeça e na dela”, relatou, aos prantos, ao lembrar da reação de Cupertino ao descobrir seu namoro com Rafael Miguel.
Isabela contou que, no dia do crime, Rafael e os pais a levaram de carro para casa e foram surpreendidos com Cupertino dentro da residência. Logo após, ela ouviu os disparos. “Quando eu escutei os disparos, eu abaixei no chão... Tapei os ouvidos e falava: ‘Não, não, não’”, lembrou. “E aí foi quando eu comecei a me desesperar mais.”A ex-esposa de Cupertino, Vanessa Tibcherani, também acusou diretamente o réu. “O que eu posso dizer é que ele assassinou as três pessoas a sangue frio”, afirmou. Vanessa relatou o histórico de comportamento violento e controlador do ex-marido, especialmente contra ela e a filha.Apesar da estratégia de negação, a decisão dos jurados foi unânime, e o juiz Antonio Souza proferiu a sentença de 98 anos de prisão. Cupertino permanece detido no Centro de Detenção Provisória de Guarulhos, aguardando transferência para uma penitenciária do estado de São Paulo. Até o momento, sua defesa não se manifestou publicamente sobre o resultado do julgamento.

Laís Gouveia

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Cupertino citou Lula e Bolsonaro durante sua fala de defesa que durou 2 horas

247 - O julgamento do empresário Paulo Cupertino, acusado de matar o ator Rafael Miguel e os pais do jovem, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel, avança para o segundo dia nesta sexta-feira (30), no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo. As informações são d<a href="https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/05/30/juri-de-paulo-cupertino-entra-no-2o-dia-nesta-sexta-reu-e-acusado-de-matar-namorado-da-filha-e-seus-pais.ghtml">o g1.</a>
Cupertino é réu por triplo homicídio duplamente qualificado, com agravantes de motivo fútil e uso de recurso que impediu a defesa das vítimas. Preso preventivamente desde 2022, ele foi interrogado já no primeiro dia do júri popular, nesta quinta-feira (29), e negou os crimes. Outros dois réus, acusados de ajudá-lo a fugir, também prestaram depoimento, além de sete testemunhas, entre elas a filha e a ex-esposa do empresário.
Durante o interrogatório, Cupertino afirmou: “Impossível eu ter cometido esse crime. Não tinha motivo, nunca existiu crime premeditado”. O réu se mostrou exaltado em alguns momentos e chegou a ser interrompido por sua defesa. Ele respondeu apenas às perguntas feitas por suas advogadas e recusou-se a falar com o Ministério Público.A acusação sustenta que Cupertino cometeu o crime motivado pelo inconformismo com o relacionamento da filha, Isabela Tibcherani, com Rafael Miguel. O ator tinha 22 anos e Isabela, 18. O triplo homicídio ocorreu em junho de 2019. Câmeras de segurança registraram a ação e a fuga do autor dos disparos.Isabela, primeira testemunha ouvida, descreveu o pai como controlador e agressivo. Disse que foi privada de sair de casa e teve o celular confiscado por quase oito meses, após o pai descobrir o namoro com Rafael. Emocionada, afirmou: “Ele passou a me prender mais e isolar mais ainda. Tirou meu celular. Fiquei sem contato com mais ninguém”.Sobre o dia do crime, relatou: “Eu estava chorando e precisava vê-lo. Saí de casa escondida. Quando encontrei Rafael, aconteceu a tragédia”. Questionada se desejava a prisão do pai, respondeu que sim. Chorando, afirmou que preferia viver reclusa e revelou que o pai tratava a família como “um pet”.
Vanessa Tibcherani, ex-esposa de Cupertino, também prestou depoimento e relatou um histórico de violência doméstica: “Ele cortou minha roupa toda com um facão. Ele cortava e me batia”. Disse ainda que perdeu empregos por aparecer ferida no trabalho e confirmou que o empresário andava armado.
Outra testemunha, Camila Miguel, irmã de Rafael, contou que o irmão estava mais triste nos últimos tempos por causa do relacionamento com Isabela. Disse que a família temia mais pela jovem do que por Rafael, pela severidade de Cupertino. Foi Camila quem deu a notícia da morte dos pais à irmã mais nova, na época com apenas 13 anos.
Maria Quitéria de Oliveira, também ex-companheira de Cupertino, afirmou que o empresário era “seco e exigente”, mas negou agressões físicas durante o relacionamento.
Após o interrogatório de Cupertino, dois outros réus prestaram depoimento. Wanderley Antunes declarou que ajudou Cupertino a fugir após o crime, por não saber da gravidade do que havia ocorrido. “Amigo não faz o que ele faz comigo. Não consigo fazer mais nada, minha vida virou um inferno. Paulo mentiu pra mim”, desabafou. Ele contou que Cupertino apareceu em Sorocaba dizendo apenas que “deu uns tiros”.
Eduardo José Machado, o terceiro réu, é acusado de ajudar na fuga ao repassar R$ 5 mil, valor que, segundo ele, seria usado para custear um advogado. Negou que tenha financiado a fuga ou encontrado pessoalmente os outros envolvidos.O júri é presidido pelo juiz Antonio Carlos Pontes de Souza e composto por sete jurados – quatro homens e três mulheres. O julgamento segue sem previsão de término, com novas oitivas programadas para os próximos dias.Paulo Cupertino foi preso em 2022, após passar quase três anos foragido, escondido com identidade falsa em um hotel em São Paulo. O ator Rafael Miguel era conhecido por trabalhos em novelas como Chiquititas, Pé na Jaca e Cama de Gato, além de comerciais televisivos de grande sucesso.

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