247 - Em entrevista à TV 247, o educador e ativista Daniel Cara fez um alerta contundente sobre os efeitos dos algoritmos das redes sociais na vida escolar e no debate público brasileiro. Para ele, não é a internet em si que representa um risco, mas sim as plataformas digitais que, ao definir quais conteúdos chegam a cada usuário, priorizam discursos extremistas, conteúdos de extrema direita e até mesmo a adultização precoce de crianças.
Segundo Cara, o Brasil viveu uma escalada preocupante de ataques em ambientes escolares. Entre 2002 e 2016, foram registrados apenas nove episódios. Já entre 2016 e 2024, o número saltou para 40, dos quais 18 ocorreram em apenas 20 meses, entre fevereiro de 2022 e outubro de 2023. “Nós tivemos um surto de violência às escolas”, alertou. Pesquisas da Unicamp, da USP e também de universidades norte-americanas mostram a correlação entre essa onda de ataques e a crescente individualização causada pelo uso intenso da internet.
Para o educador, o cerne do problema está na forma como os algoritmos determinam o que será consumido digitalmente. “Os algoritmos … privilegiam os conteúdos de extrema direita, os algoritmos que privilegiam a adultização das crianças, algoritmos que privilegiam o discurso extremista”, afirmou. Ele acrescenta que a internet é uma arena importante para a comunicação pública, mas as plataformas desequilibram o jogo ao favorecer esse tipo de conteúdo.
Cara também destacou que tanto o Supremo Tribunal Federal quanto o Executivo federal têm demonstrado disposição para avançar na regulamentação das redes sociais. O cenário, no entanto, é bem diferente no Parlamento. “Está assustador. Eu nunca vi uma qualidade tão ruim em todos os partidos como eu estou vendo agora. Todos, sem exceção”, disse, classificando o momento como uma grave deterioração do poder legislativo brasileiro.
A entrevista ainda abordou a repercussão do vídeo do influenciador Felca, que denunciava a erotização precoce de crianças. Segundo Cara, parlamentares como Érica Hilton e Nicolas Ferreira reagiram ao caso, mas sem enfrentar o debate central: a necessidade de regulamentar as plataformas. “O Nicolas Ferreira defende o vídeo do Felca, mas não quer tratar do assunto do Felca, porque ele sabe que, se tratar, vai ter que buscar a regulamentação das redes. E, se buscar a regulamentação das redes, a extrema direita vai perder a audiência e a galinha dos ovos de ouro também”, afirmou.
Daniel Cara relatou ainda sua experiência recente em Pernambuco, quando participou da abertura do ano letivo da UFPE e do Programa de Iniciação à Docência (PIBID). Hospedado próximo a uma igreja evangélica, soube por funcionários do local que o deputado Nicolas Ferreira vinha realizando encontros frequentes com fiéis. “Não dá para menosprezar a capacidade desse parlamentar muito jovem, com um recurso de oratória muito bom. São falas de pouca profundidade, mas que comunicam muito”, disse o educador, ressaltando a força de mobilização do parlamentar entre setores religiosos. Assista:
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Dafne Ashton

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Entrevistas

Daniel Cara: "Os algoritmos privilegiam conteúdos de extrema direita e a adultização"

247 - Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Pequim e da Universidade Estatal de Moscou desenvolveram um algoritmo capaz de multiplicar em até 800 vezes o desempenho de placas de vídeo da NVIDIA em simulações complexas, segundo o <a href="https://canaltech.com.br/hardware/novo-algoritmo-chines-aumenta-desempenho-de-gpus-nvidia-em-ate-800-vezes/">Canaltech</a>. A pesquisa, publicada na Revista Chinesa de Mecânica Computacional, revela que a inovação, chamada PD-General, otimiza o processamento de cálculos de peridinâmica, um modelo matemático usado para prever fraturas e falhas em materiais.
A descoberta tem potencial para revolucionar setores que dependem de análises detalhadas de materiais, como as indústrias aeroespacial, de engenharia civil e de defesa. Até então, tais simulações exigiam supercomputadores de alto custo, mas com o PD-General, GPUs de consumo comum podem realizar esses cálculos de maneira acessível e rápida. Essa democratização do acesso à computação de alto desempenho tem potencial para acelerar avanços tecnológicos em várias áreas.
O funcionamento do novo algoritmo - O PD-General se destaca por otimizar o processamento de simulações peridinâmicas, uma abordagem que modela materiais considerando interações não-locais entre partículas. Essa metodologia é essencial para prever falhas estruturais em componentes críticos, como asas de aviões e pontes.
Ao explorar a arquitetura CUDA das GPUs NVIDIA, a equipe liderada pela professora associada Yang Yang aprimorou a distribuição dos cálculos e a gestão de memória, resultando em ganhos expressivos de desempenho. Durante testes em uma GPU NVIDIA RTX 4070, o PD-General alcançou uma velocidade 800 vezes maior que programas seriais tradicionais e 100 vezes superior a programas paralelos baseados em OpenMP. Para se ter uma ideia do impacto, uma simulação envolvendo milhões de partículas completou 4 mil iterações em apenas cinco minutos, enquanto um cálculo de tração uniaxial 2D atingiu 69,85 milhões de iterações em menos de dois minutos.
Esse salto de eficiência permite que pesquisas que antes demandavam dias para serem processadas possam ser concluídas em minutos ou horas. Com isso, universidades, instituições de pesquisa e empresas podem realizar simulações avançadas sem a necessidade de investir em supercomputadores custosos.
Repercussão econômica e estratégica - Do ponto de vista econômico, a implementação do PD-General pode levar a uma redução significativa de custos em setores que dependem de simulações complexas, como a indústria automotiva, a engenharia estrutural e a fabricação de materiais avançados. O algoritmo permite que empresas acelerem seus processos de desenvolvimento e diminuam a necessidade de testes físicos onerosos.
No entanto, as implicações do avanço vão além do campo tecnológico e econômico. O desenvolvimento do PD-General por instituições russas e chinesas representa um movimento estratégico para reduzir a dependência desses países de tecnologias ocidentais, especialmente diante das sanções impostas pelos Estados Unidos. O acesso limitado a supercomputadores de ponta tem sido um entrave para a China e a Rússia em diversas áreas de pesquisa, incluindo desenvolvimento militar e engenharia aeroespacial. Com o PD-General, esses países podem contornar tais restrições utilizando GPUs amplamente disponíveis no mercado.
O algoritmo também fortalece a posição da China como líder em inovação tecnológica, especialmente em um momento em que o governo chinês tem investido pesadamente em pesquisa e desenvolvimento para reduzir a dependência de fornecedores ocidentais. Caso seja adotado em larga escala, o PD-General pode alterar a dinâmica do setor de supercomputadores e reforçar a capacidade da China e da Rússia de conduzirem pesquisas críticas sem interferência externa.
Impacto no futuro da computação de alto desempenho - Se amplamente implementado, o PD-General poderá redefinir o panorama da computação científica e industrial, ampliando a acessibilidade às simulações avançadas. O algoritmo representa um passo significativo na democratização do acesso a simulações complexas e pode acelerar avanços em áreas como nanotecnologia, bioengenharia e novos materiais.
O próximo desafio dos pesquisadores é expandir a compatibilidade do PD-General para outras arquiteturas de hardware, permitindo seu uso em uma gama ainda maior de dispositivos. Se bem-sucedida, essa expansão consolidará o impacto global do algoritmo, tornando-o uma ferramenta essencial para a pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias em diversos setores.

Redação Brasil 247

Representação futurista de uma GPU NVIDIA processando cálculos complexos

Mídia

China e Rússia desenvolvem novo algoritmo que impulsiona GPUs NVIDIA em até 800 vezes e desafiam monopólio tecnológico

247 - A Comissão Europeia anunciou na sexta-feira (17) a intensificação de sua investigação sobre o X, plataforma de mídia social de Elon Musk, ordenando que o empresário divulgue completamente as mudanças recentes feitas nas recomendações do algoritmo. A medida, segundo o <a href="https://www.ft.com/content/a6dc562c-4fa0-4ec6-9f3a-ad3be594bc7c">Financial Times</a>, inclui a solicitação de documentos internos e uma "ordem de retenção" de dados sobre como o algoritmo pode ser alterado futuramente.
Essa investigação ampliada ocorre em um contexto delicado, em que políticos na Alemanha têm se queixado do suposto favorecimento de conteúdo da extrema-direita pela plataforma, especialmente à medida que as eleições alemãs se aproximam. O governo da União Europeia, por meio da Comissão, também requisitou informações sobre a moderação de conteúdo e como o X amplifica certas publicações.
O foco recaiu sobre o apoio público de Musk ao partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que tem ganhado destaque nas pesquisas eleitorais, e seu alinhamento com ideologias controversas. O serviço de inteligência alemão já classificou algumas partes da AfD como extremistas de direita. O chanceler Olaf Scholz, em uma declaração recente, não poupou críticas a Musk, afirmando que seu apoio ao partido era "completamente inaceitável".
A Comissão Europeia, por meio de Henna Virkkunen, chefe digital do órgão, reafirmou seu compromisso de garantir que todas as plataformas que operam na União Europeia cumpram a legislação local, que visa garantir um ambiente online justo, seguro e democrático para os cidadãos. "Estamos comprometidos em garantir que oda plataforma que opere na UE respeite nossa legislação", afirmou Virkkunen.
A investigação segue a pressão política crescente sobre Musk, especialmente após a entrevista com Alice Weidel, co-líder da AfD, que teve liberdade para promover a plataforma de seu partido e fazer declarações controversas. A pressão também inclui a recente suspensão de atividades do governo alemão no X, incluindo os Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores, que demonstraram crescente insatisfação com a plataforma.

Paulo Emilio

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Mundo

Bruxelas ordena que Elon Musk divulgue mudanças no algoritmo do X

247 - Um estudo conduzido pela entidade americana de direitos civis Southern Poverty Law Center (SPLC) revelou que o algoritmo do Telegram, por meio do recurso "canais similares", promove conteúdos extremistas. A investigação, divulgada com exclusividade pela <a href="https://www.bbc.com/portuguese/articles/cwy4en1k175o">BBC</a>, mostra que até usuários buscando assuntos inofensivos, como celebridades e tecnologia, recebem recomendações de canais radicais.
A pesquisa analisou 28 mil canais no aplicativo e concluiu que quem busca conteúdos banais pode ser direcionado para grupos extremistas. Aqueles que já consomem material radical, como teorias conspiratórias antigoverno, são expostos a conteúdos ainda mais extremistas, incluindo antissemitismo e nacionalismo branco.
A pesquisadora-chefe Megan Squire demonstrou o funcionamento do algoritmo pesquisando por “Donald Trump” em uma conta recém-criada. Imediatamente surgiram recomendações de canais associados à conspiração Q-Anon. Outra busca por “revoltas no Reino Unido” exibiu memes sobre Adolf Hitler e links para grupos violentos de extrema direita.
“Alguns desses grupos são muito ativos. Os usuários não estão apenas recebendo memes, mas sendo atraídos para eventos presenciais”, alertou Squire.
A pesquisa também destacou a resposta rápida de grupos extremistas no Telegram após o ataque a faca em Southport, no Reino Unido, em agosto. A plataforma foi usada para espalhar boatos e convocar protestos violentos, baseados em informações falsas sobre o suposto agressor.
Ex-funcionários do Telegram também relataram preocupações internas. Elies Campo, que trabalhou seis anos na plataforma, afirmou que cobrou o fundador Pavel Durov sobre moderação de conteúdo extremista. “Estava claro que ele não queria dedicar mais recursos a isso”, revelou Campo.
David Maimon, professor da Georgia State University, que estuda crimes no Telegram, destacou que há milhares de canais oferecendo desde armas até ferramentas de fraude. Durante a pesquisa, ele mostrou como um vendedor ofereceu uma submetralhadora Uzi por 850 libras (cerca de R$ 6,6 mil), prometendo entrega rápida na Irlanda do Norte.
Durov está sendo investigado na França por suposta cumplicidade em crimes como tráfico de drogas e compartilhamento de imagens ilícitas. Ele nega as acusações e está em liberdade condicional, proibido de deixar o país.

Camila França

Logo do Telegram
21/02/2023
REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração

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Estudo aponta que algoritmo do Telegram promove conteúdo extremista, diz BBC

Beatriz Bevilaqua, 247 - O recém-lançado documentário "A Conspiração Consumista", da Netflix, é um verdadeiro soco no estômago dos consumidores impulsivos, que muitas vezes nem percebem a manipulação algorítmica por trás de suas escolhas. Esse jogo invisível cria uma sensação constante de escassez e necessidade, fazendo com que as pessoas se sintam obrigadas a consumir mais e mais. Hoje, com apenas um clique e um cartão de crédito, temos ao alcance da mão tudo o que desejamos – mas o custo disso vai muito além do valor monetário.
Dirigido pela premiada Nic Stacey, indicada ao Emmy, o documentário revela os bastidores surpreendentes que poucos imaginam. Entre os depoimentos impactantes, destaca-se o de Maren Costa, ex-funcionária da Amazon, que desempenhou um papel crucial na criação das primeiras interfaces de compras online da empresa. Hoje, ela é uma das vozes mais ferrenhas em relação à uma das práticas mais absurdas da Amazon: a queima de milhares de produtos novos nos depósitos. Esse desperdício ecológico ocorre para evitar custos com armazenamento ou a devolução desses itens aos seus países de origem.
Além disso, os números apresentados no documentário são alarmantes. Em média, 13 milhões de celulares são descartados a cada dia, e gigantes como a Apple dificultam ainda mais a situação ao proibir o conserto de iPhones. Para isso, chegam a modificar modelos de parafusos, tornando impossível o reparo com ferramentas comuns e forçando os consumidores a adquirir novos aparelhos.
O documentário também aborda o conceito de "greenwashing", uma prática em que empresas ou organizações se passam por ambientalmente responsáveis, usando marketing e publicidade para criar uma imagem de sustentabilidade, enquanto, na realidade, estão longe de adotar práticas ecológicas genuínas.
No episódio <a href="https://www.youtube.com/watch?v=QWNvdiwOtWo&amp;ab_channel=TV247">“Mentira Verde e Corrupção Internacional”</a>, na TV 247, trago uma entrevista exclusiva com Antonio Elian Lawand, advogado, professor universitário e um dos maiores especialistas brasileiros nesta temática. Durante a conversa, discutimos o impacto para a população, como podemos identificar estas empresas, fiscalizações e punições necessárias pelo mundo afora.
Segundo estimativas, a indústria varejista é responsável por um quarto das emissões globais de gases de efeito estufa. Na obra da Netflix, somos confrontados com a realidade de que algumas das marcas mais famosas do mundo, especialmente no setor da moda, enviam seus resíduos para países em desenvolvimento, onde a fiscalização é quase inexistente. Essa estratégia serve como uma forma de esconder o problema, evitando multas e crises de imagem. O que não é visível, aparentemente, não existe. Dessa maneira, as empresas conseguem continuar a agradar seus consumidores, promovendo uma falsa imagem de responsabilidade socioambiental, enquanto, na verdade, cometem uma fraude.
No documentário, ex-diretores de grandes empresas como Google, Unilever e Adidas alertam sobre os riscos que estamos impondo às próximas gerações se continuarmos nesse caminho adotando práticas antiéticas, com uso de alta tecnologia e sem se responsabilizar pelo destino e pelo ciclo de vida dos produtos. O futuro do nosso planeta depende de mudanças reais e não de mais mentiras inventadas pelas maiores empresas do mundo.

Consumo sem fim: como os algoritmos contribuem para a destruição do planeta?

<a href="https://ansabrasil.com.br/brasil/noticias/ultimo_momento/2024/11/21/musk-mudou-algoritmo-do-x-para-ajudar-republicanos-diz-pesquisa_bab5ffe5-3b36-4f8d-a2a7-20614f6ceb55.html">ANSA</a> - O bilionário Elon Musk modificou o algoritmo da rede social X (antigo Twitter) para beneficiar as suas próprias postagens e de usuários ligados ao Partido Republicano, de acordo com uma pesquisa da Universidade de Tecnologia de Queensland.
Os líderes do estudo, que foram Timothy Graham e Mark Andrejevic, analisaram diversas publicações feitas por Musk e outros perfis entre 1º de janeiro e 25 de outubro, que antecederam as eleições presidenciais dos Estados Unidos, vencidas por Donald Trump.
A pesquisa apontou que, no decorrer do período, a manobra resultou em um aumento em todas as métricas das postagens do dono do X, pois as visualizações e republicações cresceram 138% e 238%, respectivamente.
Em relação aos perfis dos republicanos, tanto apoiadores como políticos, os especialistas notaram um aumento de visualizações em comparação com os perfis dos democratas.
Essa não foi a primeira vez que Musk alterou o algoritmo para se beneficiar. Em fevereiro de 2023, o bilionário ameaçou demitir os engenheiros do X após descobrir que um de seus posts recebeu menos visualizações do que a publicada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

CEO da Tesla e proprietário do X, Elon Musk, ao lado do candidato à Presidência dos EUA Donald Trump em comício na Pensilvânia
5/10/2024 REUTERS/Brian Snyder/Arquivo

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