Disputa entre Raquel Lyra e João Campos paralisa votações na Assembleia de Pernambuco
Em meio ao embate político que antecipa 2026, oposição barra empréstimo bilionário e cobra explicações sobre nomeação em Fernando de Noronha
247 - O acirramento da disputa entre a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), tem travado votações na Assembleia Legislativa e tensionado o cenário político estadual. Segundo apuração da Folha de S.Paulo, o clima de pré-campanha para 2026, ano em que ambos são cotados para disputar o governo do estado, já impacta a tramitação de pautas estratégicas, como a autorização de um empréstimo de R$ 1,5 bilhão solicitado pelo Executivo estadual.
A relação entre o Palácio do Campo das Princesas e a Assembleia Legislativa, já marcada por atritos desde o início de 2023, se deteriorou nas últimas semanas. Deputados da oposição, agora com atuação mais incisiva, têm cobrado maior transparência do governo sobre a aplicação de recursos. “Esses empréstimos são falhos. Já aprovamos um valor expressivo e o governo parece não ter capacidade de execução. A taxa é de 60%, menor que na gestão anterior”, criticou o deputado estadual Antônio Coelho (União Brasil).
Dois movimentos recentes da governadora ampliaram o mal-estar com o Legislativo. Um deles foi o envio de um novo pedido de empréstimo de R$ 1,7 bilhão, mesmo com a solicitação anterior travada desde março. O outro foi a nomeação de Virgílio Oliveira como administrador interino de Fernando de Noronha, sem que ele tenha sido sabatinado pela Assembleia, o que desagradou até aliados. Virgílio é filho do deputado federal Waldemar Oliveira (Avante), partido que Raquel tenta atrair para sua base.
A estratégia de antecipar a posse de Virgílio em Noronha foi vista como manobra política para enfraquecer a aliança de João Campos no Recife, onde o Avante compunha a base do prefeito. A sabatina de Virgílio está prevista para acontecer apenas em agosto. Enquanto isso, os parlamentares também pressionam pelo pagamento de emendas impositivas de 2024 que ainda não foram liberadas.
A tensão se agravou com a perda de espaço do governo nas comissões estratégicas da Assembleia, hoje presididas por opositores, com apoio do PSB e de bolsonaristas. “Tivemos uma antecipação muito grande da campanha eleitoral. Nas eleições, Raquel derrotou o grupo do prefeito em vários municípios, e o PSB reagiu se articulando com a bancada bolsonarista”, afirmou o deputado João Paulo (PT), que, apesar de estar na oposição, tem votado com o governo em diversas ocasiões.
Enquanto enfrenta resistência no Legislativo, Raquel tenta consolidar sua base política no interior: o PSD alcançou a marca de 68 prefeitos filiados, tornando-se o partido com mais gestores municipais no estado. João Campos, por sua vez, mantém força na capital, onde a Câmara Municipal aprovou, com ampla maioria, autorização para a prefeitura captar R$ 900 milhões em novos empréstimos para obras de infraestrutura.
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