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Macron é acusado por jornais italianos de tentar influenciar eleição do novo papa

Presidente francês se reuniu com cardeais e líder da comunidade Sant’Egidio, o que gerou especulações sobre sua interferência no conclave papal

Emmanuel Macron 07/07/2024 MOHAMMED BADRA/Pool via REUTERS (Foto: MOHAMMED BADRA / POOL)
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247 - A sucessão do papa Francisco, falecido no último dia 21 de abril, já mobiliza bastidores e teorias políticas antes mesmo do início oficial do conclave. Segundo reportagem publicada pelo jornal francês Le Monde e repercutida pela Rádio França Internacional, o presidente da França, Emmanuel Macron, estaria articulando silenciosamente apoio a candidatos de sua preferência para o comando da Igreja Católica. A suposta interferência francesa, amplamente noticiada por jornais italianos ligados à extrema direita, gerou acusações de “complô” e abriu mais um campo de tensão diplomática entre Paris e Roma.

A origem das suspeitas remonta a um almoço realizado no último sábado (26), logo após os funerais do papa Francisco, na embaixada francesa junto à Santa Sé. Estavam presentes Macron e quatro dos cinco cardeais franceses com direito a voto no conclave: Jean-Marc Aveline, François Bustillo, Christophe Pierre e Philippe Barbarin. Jean-Marc Aveline, arcebispo de Marselha, é considerado papabile — um dos nomes cotados para suceder Francisco.

Jornais italianos próximos ao governo da primeira-ministra Giorgia Meloni, como La Verità, Libero e Il Tempo, interpretaram o encontro como parte de uma estratégia para promover um papa alinhado com os interesses franceses. As manchetes variaram de “Macron quer até escolher o papa” a “intervencionismo digno de um Rei-Sol moderno”, em referência ao monarca absolutista francês Luís XIV.

Além do almoço com os cardeais, Macron também jantou com Andrea Riccardi, fundador da comunidade católica Sant’Egidio, influente no pontificado de Francisco e conhecida por sua atuação diplomática e humanitária, especialmente na África. A proximidade do presidente francês com Riccardi reforçou os rumores de que o cardeal Matteo Zuppi, ligado à Sant’Egidio, seria o preferido de Macron no conclave. Zuppi, atual arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, é defensor da acolhida de migrantes e crítico de reformas promovidas pelo governo de Meloni.

As acusações, no entanto, foram tratadas com ironia por parte da imprensa liberal italiana. O jornal Il Foglio classificou o suposto complô como “fofoca” alimentada por círculos próximos à primeira-ministra e por seus aliados conservadores, interessados em um papa mais alinhado à sua agenda. Membros da própria Sant’Egidio negaram qualquer articulação: “Macron busca apenas entender o processo, não influenciá-lo”, afirmaram.

Enquanto as tensões políticas crescem, os preparativos no Vaticano seguem em ritmo acelerado. Nesta sexta-feira (2), bombeiros da Santa Sé instalaram a tradicional chaminé na Capela Sistina, que anunciará ao mundo, com fumaça branca ou preta, a escolha — ou não — do novo pontífice. O conclave começa na próxima quarta-feira (7), com 133 cardeais eleitores, sendo que 80% deles foram nomeados por Francisco, muitos vindos de regiões antes periféricas para a Igreja.

As votações ocorrerão duas vezes pela manhã e duas à tarde. Se nenhum nome alcançar dois terços dos votos, a fumaça que sairá da chaminé será preta. Quando houver consenso, a fumaça branca indicará ao mundo que há um novo líder da Igreja Católica, com o anúncio oficial do “Habemus Papam”.

Segundo o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, quatro dos cardeais eleitores ainda não chegaram a Roma. A expectativa é de que a eleição seja rápida, mas especialistas alertam para um cenário mais dividido. “Este é o primeiro conclave em 50 anos em que há um forte sentimento de fratura dentro da Igreja”, afirmou o vaticanista Marco Politi. “Não haverá Francisco II”, concluiu.

O cardeal salvadorenho Gregorio Rosa Chávez, de 82 anos, também resumiu o espírito que deve guiar os eleitores: “O mundo precisa de uma pessoa completamente coerente”. Em tempos de disputas geopolíticas até dentro da Santa Sé, a escolha do próximo papa carrega peso espiritual, político e simbólico como há muito não se via.

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