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Frente POLISARIO cobra ação da ONU para garantir autodeterminação do Saara Ocidental

República Saaraui pede ao Conselho de Segurança que crie condições para negociações diretas e justas com Marrocos

O povo saaraui em manifestação pela independência e autodeterminação (27/10/2025) (Foto: Divulgação )

247 - A Frente POLISARIO reafirmou nesta segunda-feira (27) o direito inalienável do povo saaraui à autodeterminação e à soberania sobre seu território, o Saara Ocidental. Em comunicado oficial divulgado em Bir Lehlou, capital da República Árabe Saaraui Democrática (RASD), a organização pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas medidas concretas para que sejam criadas as condições de um diálogo sério e equilibrado com Marrocos.

De acordo com a declaração, que foi divulgada após a apresentação de um “projeto de resolução” pela Missão Permanente dos Estados Unidos junto ao Conselho de Segurança, em 22 de outubro de 2025, a Frente POLISARIO “rejeita categoricamente qualquer abordagem que estabeleça um quadro pré-definido para as negociações ou predetermine o seu resultado”. A organização enfatiza que não aceitará nenhuma iniciativa que limite “o livre exercício pelo povo saaraui do seu direito à autodeterminação” ou imponha uma solução “contra a sua vontade”.

Em carta, enviada em 23 de outubro ao presidente do Conselho de Segurança, reforça-se a posição histórica da Frente POLISARIO, que há décadas lidera a luta pela independência do Saara Ocidental, território ocupado por Marrocos desde 1975. No texto, a Frente declara que “não participará em nenhum processo político ou negociação baseados em propostas, independentemente da sua origem, que tenham por objetivo ‘legitimar’ a ocupação militar ilegal do Saara Ocidental por parte de Marrocos e privar o povo saaraui do seu direito inalienável, não negociável e imprescritível à autodeterminação e à soberania sobre a sua pátria”.

Proposta de diálogo sob os auspícios da ONU

A Frente POLISARIO recorda ter apresentado uma proposta detalhada ao secretário-geral das Nações Unidas, em 20 de outubro de 2025, “como um gesto de boa vontade e em resposta às resoluções do Conselho de Segurança”. Segundo o documento, o movimento está disposto a “encetar negociações diretas com a outra parte, se esta tiver uma verdadeira vontade política de fazer o mesmo e de se afastar das soluções baseadas no status quo e impostas unilateralmente”.

O texto ressalta que a manutenção da ocupação apenas “conduzirá a mais tensões e colocará em risco a paz, a segurança e a estabilidade em toda a região”. A Frente POLISARIO adverte que a busca por uma “paz justa e duradoura na nossa região nunca poderá ser alcançada recompensando o expansionismo e a aquisição de territórios pela força”, defendendo, em vez disso, “os princípios fundamentais do direito internacional, incluindo o direito inalienável dos povos a exercerem a autodeterminação em condições ótimas de liberdade, imparcialidade e transparência e sem qualquer forma de ingerência externa”.

Apelo ao Conselho de Segurança

A organização saaraui faz um apelo direto aos países membros do Conselho de Segurança da ONU para que “usem sua influência de maneira construtiva” na criação de um processo de negociação legítimo. A meta, diz a Frente POLISARIO, é alcançar “uma solução justa, duradoura e mutuamente aceitável, que preveja a liberdade de determinação do povo do Saara Ocidental, em conformidade com os princípios e objetivos da Carta das Nações Unidas e suas resoluções pertinentes”.

Ao reafirmar sua disposição para o diálogo, a República Saaraui deixa claro que a base de qualquer negociação deve ser o respeito pleno ao direito internacional e ao princípio da autodeterminação dos povos — pilares essenciais da ONU. O posicionamento reforça a legitimidade histórica da causa saaraui diante de uma ocupação que, segundo a própria ONU, permanece sem solução definitiva há quase meio século.

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