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AIEA alerta que último reator na usina de Zaporozhie pode ser desligado; desastre nuclear pode ser maior do que Chernobyl

O único reator ainda em funcionamento na central nuclear de Zaporozhie, na Ucrânia, corre o risco de ser desligado, afirmou a AIEA

Usina nuclear de Zaporíjia (Foto: REUTERS/Alexander Ermochenko)
Juca Simonard avatar
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247, com Sputnik - A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da ONU, afirmou que o único reator ainda em funcionamento na central nuclear de Zaporozhie, na Ucrânia, corre o risco de ser desligado. A afirmação ocorre após um ataque cortar o fornecimento de energia para a cidade de Enerhodar, onde fica a usina.

A agência pediu que os combates perto da central cessassem imediatamente e ainda defendeu o estabelecimento de uma zona de proteção ao seu redor.

O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, diz que disparos de artilharia destruíram parte da usina termelétrica que fornece energia para Enerhodar. A cidade ficou sem luz e sem serviços básicos, como água e esgoto. “A AIEA entende que o operador, ao não ter mais confiança na restauração da energia externa, considera desligar o único reator operacional”, afirmou Grossi.

A usina, ocupada pelos russos desde março, desde agosto, está sendo alvo constante de ataques por parte de forças ucranianas, o que ameaça gerar um grande desastre nuclear na região, podendo afetar outras áreas da Europa. Em sua última operação na TV 247 (ver momento do vídeo abaixo), o jornalista Pepe Escobar apontou que o desastre seria “pior do que Chernobyl” – desastre nuclear que ocorreu em abril de 1986.

Desde o final de agosto, a usina está desligada da rede nacional, e o único reator em operação, dos seis do complexo, é responsável por manter os sistemas internos funcionando. A agência da ONU defende um sistema reserva de energia, apontando, no entanto, que com a destruição da usina termelétrica, parece inviável em curto ou médio prazo.

“A usina passaria a contar apenas com geradores de emergência, movidos a diesel, para garantir uma funções vitais de segurança nuclear”, destacou Grossi. “Como consequência, o operador não poderia religar os reatores a menos que a energia externa fosse restabelecida”.

“A usina não tem energia externa. E nós vimos que, uma vez que a infraestrutura é restaurada, ela vai ser danificada novamente”, afirmou o diretor da agência, destacando que essa é uma "situação insustentável, e que está se tornando gradativamente mais precária".

A agência, na terça, apresentou um relatório ao Conselho de Segurança da ONU apontando que existe o risco de um acidente nuclear potencialmente perigoso não apenas para as regiões próximas, mas para um grande número de pessoas na Europa. A AIEA também pediu a saída dos militares russos e um compromisso dos ucranianos para que não avancem após essa retirada, com o estabelecimento de uma zona de segurança nos arredores.

“Isso é completamente inaceitável. Eu peço, de forma urgente, que sejam interrompidos os ataques na área. Apenas isso garantirá a segurança do pessoal operacional e permitirá a restauração da energia a Enerhodar e à usina”, disse Grossi. “Os acontecimentos dramáticos demonstram ser imperativo estabelecer uma zona de proteção de segurança nuclear agora. Essa é a única maneira de garantir que não enfrentemos um acidente nuclear”.

Ocidente encoraja comportamento irresponsável, diz Moscou

O coletivo de países do Ocidente encorajaram as ações irresponsáveis ​​das autoridades ucranianas em relação à usina nuclear de Zaporozhie (ZNPP, na sigla em inglês), fornecendo-lhes armas, disse o embaixador russo no Canadá, Oleg Stepanov, em editorial de opinião nesta sexta-feira, 9.

O embaixador enfatizou que a Rússia nunca interferiu na operação da ZNPP e que o pessoal local continuou fazendo seu trabalho, enquanto as forças russas fizeram o possível para proteger a usina de danos críticos das tropas ucranianas que bombardearam a instalação.

"Mas os nacionalistas obstinados na Ucrânia, que não querem perder seu terreno, chegaram a se convencer de que a estratégia de saída plausível para expulsar os russos seria provocar uma catástrofe nuclear — causando danos inaceitáveis ​​à infraestrutura nuclear civil", disse Stepanov. "Ao fazê-lo, o regime de Kiev rejeitou todas as tentativas da Agência Internacional de Energia Atômica [AIEA] de chegar a acordos multilaterais ou bilaterais relativos à segurança e proteção nuclear das respectivas instalações, ao invés disso, desencadeou uma chuva de bombardeios contra a ZNPP e a cidade vizinha de Energodar, eventualmente causando a interrupção do fornecimento de energia devido ao rompimento das linhas de energia."

Stepanov disse que os políticos nas principais capitais ocidentais "têm encorajado tal comportamento irresponsável por parte de Kiev", inclusive por meio de "suprimentos de armas usados ​​pelas forças do regime da Ucrânia para bombardear a usina".

"Esse apoio reforça a falsa sensação de impunidade de Kiev e a recompensa por mais apostas insanas, incluindo tentativas de tomar a usina por meios militares subversivos. Assim, criando o perigo real para a integridade da usina e riscos de extensos vazamentos radioativos — potencialmente muito piores do que em Chernobyl ou Fukushima", disse ele.

Stepanov continuou dizendo que a situação na ZNPP continua muito precária e dificilmente previsível.

"Todos nós definitivamente deveríamos estar atentos ao rufar dos tambores sobre o iminente desastre nuclear em meio ao bombardeio contínuo da maior usina nuclear da Europa", disse ele. "Mas vamos encarar o evidente: todos, incluindo o establishment [a ideologia político-econômica] no Ocidente e a Agência Internacional de Energia Atômica [AIEA] que recentemente visitou a instalação, estão muito cientes de quem está por trás dessas provocações é apenas o regime de Kiev. Até a própria Kiev dificilmente nega isso."

A ZNPP, localizada na margem esquerda do rio Dnieper, é a maior central nuclear da Europa em número de unidades e produção. A usina caiu sob o controle das forças russas depois que a operação militar especial começou em 24 de fevereiro. Recentemente, a usina foi alvo de inúmeros ataques de projéteis de artilharia, levantando preocupações internacionais sobre um possível acidente nuclear. Rússia e Ucrânia culpam-se mutuamente pelo bombardeio.

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