Meta aumenta riscos para crianças no ambiente digital, alerta especialista
Pesquisador alerta sobre “campo minado” online e cobra regulamentação mais efetiva para plataformas digitais no Brasil
Meta reduz moderação e aumenta riscos para crianças no ambiente digital
Pesquisador alerta sobre “campo minado” online e cobra regulamentação mais efetiva para plataformas digitais no Brasil
A decisão da Meta de reduzir as normas de moderação de conteúdo em suas plataformas, como Instagram e Facebook, traz impactos significativos para crianças e adolescentes, especialmente aqueles já vulnerabilizados socialmente. Em entrevista à Agência Brasil, o pesquisador Pedro Hartung, diretor de Políticas e Direitos das Crianças do Instituto Alana, destacou que “a internet aumenta as vulnerabilidades que já existem no ambiente offline”, reforçando desigualdades sociais no espaço digital.
Hartung descreveu a internet como um “campo minado” para crianças e adolescentes. “Crianças negras, periféricas e meninas estão muito mais sujeitas a essas violências no mundo digital não só pela reprodução dessa violência social, mas pelo aumento dessa violência”, afirmou. O pesquisador também lamentou a ausência de representantes das grandes plataformas digitais em uma audiência pública promovida pela Advocacia-Geral da União (AGU) na última semana, destinada a debater soluções para o problema.
Afrouxamento na moderação amplia riscos
Pedro Hartung alertou que a flexibilização das regras de moderação por empresas como a Meta cria um ambiente propício para crimes graves no ambiente digital. “A plataforma sem moderação de conteúdo gera muito mais riscos para a violência contra crianças e adolescentes”, declarou. Ele destacou casos de exposição a conteúdos ilegais, como imagens de violência e cyberbullying, além da coleta indevida de dados pessoais.
Ao apontar para o que chamou de “colonialismo digital”, Hartung destacou que o Brasil, onde 93% das crianças já acessaram a internet, segundo pesquisa TIC Kids Online 2024, enfrenta desafios específicos devido à falta de regulamentação efetiva. “A arquitetura digital foi pensada para viciar, engajar e prender crianças e adolescentes, explorando-as comercialmente”, afirmou.
Papel do Estado, empresas e sociedade
O pesquisador defendeu maior fiscalização e regulamentação do setor. Para ele, o Estado tem responsabilidade de aplicar as leis já existentes, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que completa 35 anos em 2025. Ele também criticou a falta de ação das empresas digitais, que, segundo ele, deveriam assumir sua responsabilidade em proteger os direitos das crianças.
Hartung destacou ainda a importância de uma política de educação digital que ensine crianças e adolescentes a fazerem uma leitura crítica da mídia. “A nova lei que proíbe o uso de celular em sala de aula, por exemplo, pode ser um respiro para garantir um percurso mais consciente de emancipação digital”, explicou.
Grupos mais vulneráveis
Segundo Hartung, crianças negras, periféricas e meninas estão desproporcionalmente expostas aos riscos do ambiente digital. Ele ressaltou que essas desigualdades, presentes no mundo offline, são amplificadas na internet. “A internet impacta a vida de todos nós, mas de maneira mais grave para aqueles já vulnerabilizados pelas violências interseccionais baseadas em gênero, raça, classe e território”, observou.
Soluções urgentes
Para enfrentar o problema, Hartung defendeu a criação de um comitê intersetorial pelo governo federal e a utilização de ferramentas existentes, como a fiscalização pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Além disso, apontou a necessidade de envolvimento das empresas no debate público e no cumprimento da legislação.
A entrevista revela um cenário alarmante para crianças e adolescentes no Brasil, reforçando a urgência de ações integradas para combater os riscos digitais e garantir um ambiente online mais seguro para todos.
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