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Mistério cerca morte de atriz mirim Millena Brandão após idas e vindas em unidades de saúde de SP

Aos 11 anos, Millena enfrentou dores intensas, desmaios e paradas cardíacas

Atriz mirim Millena Brandão (Foto: Reprodução )
Laís Gouveia avatar
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247 - A morte da atriz mirim Millena Brandão, de apenas 11 anos, levantou uma série de questionamentos sobre a qualidade do atendimento prestado em unidades de saúde pública em São Paulo. Após enfrentar sintomas graves durante nove dias, Millena faleceu na sexta-feira (2), sem que médicos tenham conseguido determinar a causa exata da morte. As informações são do g1, que também entrevistou os pais da menina.

“Os médicos ainda não disseram o que realmente minha filha teve e o que a matou”, desabafou a mãe, Thays Brandão. “Ficou um ponto de interrogação.”

Millena foi levada a três unidades de saúde — o Hospital Geral de Pedreira, a UPA Maria Antonieta e o Hospital Geral do Grajaú — entre os dias 24 de abril e 2 de maio. Ao longo desse período, as suspeitas médicas variaram entre dengue, infecção urinária e, por fim, um possível tumor cerebral ainda não confirmado.

A Secretaria Municipal da Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde informaram que abriram sindicâncias para apurar se houve falhas nos atendimentos.

Sintomas ignorados e demora em diagnóstico

A primeira ida ao Hospital Geral de Pedreira ocorreu em 24 de abril, quando a menina apresentou dor de cabeça. “O médico disse que era dengue, mas não fez exame. Disse para irmos com ela de volta para casa e darmos dipirona”, relatou Thays.

Dois dias depois, Millena voltou ao hospital com dores nas pernas e dificuldades para andar. Mais uma vez, os exames não apontaram anormalidades e a criança foi liberada.

A piora no estado de saúde se intensificou em 28 de abril, quando desmaiou em casa. Levados às pressas à UPA Maria Antonieta, os pais viram a filha recuperar a consciência momentaneamente, mas a dor persistia. “Ela colocava a mão na cabeça e gritava de dor”, contou Thays, emocionada.

Segundo ela, uma enfermeira chegou a ironizar a dor da menina: “Falou para ela não gritar que a dor não ia passar assim.”

Na manhã seguinte, Millena sofreu a primeira parada cardíaca. Entubada, não voltou mais a acordar.

Descoberta tardia e agravamento do quadro

Millena foi transferida ao Hospital Geral do Grajaú apenas no dia 29. Lá, uma tomografia revelou uma massa de 5 centímetros no cérebro. No entanto, segundo a família, não houve confirmação sobre a natureza da lesão: “Só que não se sabe se essa massa era um tumor, um cisto, um edema, um coágulo...”, lamentou Thays.

A cada dia, a criança enfrentava novas paradas cardiorrespiratórias. “Ela teve 13 paradas no total. Nunca teve isso antes”, detalhou a mãe. Em determinado momento, uma vaga foi aberta no Hospital das Clínicas, referência em neurologia, mas a transferência não ocorreu. “Preferiram deixar para ver se ela estabilizava, pois o simples manuseio no corpo dela a fazia ter paradas cardíacas”, explicou.

Protocolo de morte encefálica e despedida

Diante da ausência de reflexos e da piora contínua, os médicos iniciaram o protocolo de confirmação de morte encefálica. “Desde terça, quando ela foi entubada, não abriu mais os olhos”, disse a mãe.

Na sexta-feira (2), os aparelhos foram desligados. “Eu falei que se fosse para deixar o coraçãozinho dela parar de bater sozinho, a gente sofreria mais, e ela também. E pedimos para desligarem os aparelhos”, afirmou Thays, em uma das declarações mais comoventes.

Carreira interrompida cedo demais

Millena era considerada uma jovem promissora na carreira artística. Atuava na Cia Artística En’cena e já havia participado de novelas do SBT como A infância de Romeu e Julieta e A Caverna Encantada, além da série Sintonia, da Netflix.

Com mais de 180 mil seguidores nas redes sociais, sonhava em se tornar uma atriz famosa. Em uma de suas postagens, celebrou a entrada na televisão: “E o sonho se tornou realidade... Quem acredita sempre alcança”.

O que dizem as autoridades

Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informou que uma sindicância foi aberta para apurar o atendimento na UPA Maria Antonieta, onde Millena foi classificada como caso urgente. A transferência ao Hospital do Grajaú só ocorreu na manhã do dia seguinte.

A Secretaria de Estado da Saúde também lamentou o ocorrido e informou que apura a conduta médica adotada no Hospital Geral de Pedreira. Já o Hospital Geral do Grajaú confirmou a morte encefálica às 16h55 da sexta-feira (2) e destacou que todos os cuidados foram prestados à paciente.

Enquanto isso, os pais de Millena aguardam o resultado da biópsia, que poderá esclarecer o que a menina realmente tinha. Até lá, a dor da perda é agravada pela incerteza.

“Era uma criança saudável, feliz, com muitos sonhos. E tudo acabou assim, sem respostas”, disse Thays.

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