No Dia do Futebol, modalidade feminina celebra ascensão com mais visibilidade, investimento e crescente protagonismo
Com crescente apoio público, mulheres ganham espaço no esporte mais popular do país e impulsionam transformação dentro e fora dos gramados
247 - Celebrado em 19 de julho, o Dia do Futebol foi instituído em 1976 pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com o objetivo de homenagear o esporte mais popular do país. Por muito tempo, no entanto, o futebol foi dominado quase exclusivamente pelos homens. Esse cenário tem mudado significativamente nos últimos anos, com a presença cada vez mais ativa de mulheres dentro e fora dos gramados, fruto de investimentos, políticas públicas e maior visibilidade.
A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, ressaltou a importância da valorização do futebol feminino: “Investir no futebol feminino é afirmar que as mulheres têm o direito de sonhar, competir e brilhar em qualquer campo da sociedade. O esporte é uma ferramenta estratégica de transformação, e o Governo Federal está comprometido em garantir que meninas e mulheres ocupem, com dignidade e respeito, todos os espaços, inclusive os gramados”, afirmou.
Um passado de restrições e um presente de transformação
A trajetória do futebol feminino no Brasil foi marcada por proibições. Em 1941, o então presidente Getúlio Vargas sancionou o Decreto-Lei nº 3.199, que vetava a prática do futebol e de outros esportes por mulheres, sob a justificativa de serem “incompatíveis com a natureza feminina”. A proibição só foi derrubada em 1979, em meio ao processo de redemocratização.
Desde então, a modalidade vem evoluindo, com avanços notáveis nas últimas décadas. Hoje, o número de atletas profissionais cresce, campeonatos ganham maior expressão e clubes tradicionais, como o Corinthians — primeiro pentacampeão da Copa Libertadores Feminina — reforçam o protagonismo das mulheres no esporte. A presença na mídia e o apoio institucional também se intensificaram.
Copa do Mundo de 2027: marco histórico para a América do Sul
A seleção brasileira feminina disputou sua primeira Copa do Mundo em 1991, na edição inaugural do torneio promovido pela FIFA, na China. Desde então, participou de todas as edições, consolidando-se como uma potência do futebol internacional.
Em 2027, pela primeira vez, a competição será sediada na América do Sul. O Brasil foi escolhido como país-sede da próxima Copa do Mundo Feminina, que ocorrerá entre 24 de junho e 25 de julho. A expectativa é de que o evento represente um divisor de águas, com legado duradouro em termos de infraestrutura, incentivo e inclusão social.
Políticas públicas, incentivo financeiro e formação
Com uma abordagem intersetorial que envolve esporte, educação e cultura, o Governo Federal vem ampliando o suporte ao futebol feminino em todas as frentes — da base ao alto rendimento. Entre as iniciativas, destacam-se a qualificação de profissionais, a melhoria da infraestrutura esportiva e programas de incentivo direto às atletas.
Um dos pilares desse esforço é o programa Bolsa Atleta, coordenado pelo Ministério do Esporte. Em 2024, mais de 60% das jogadoras convocadas para os Jogos Olímpicos de Paris foram beneficiadas pelo programa, que oferece suporte financeiro em diferentes categorias. A medida tem sido crucial para garantir a permanência e o desenvolvimento das atletas na elite da modalidade.
Essas ações estão em consonância com a Estratégia Nacional para o Futebol Feminino, estabelecida pelo Decreto nº 11.458 de março de 2023, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A política tem como meta ampliar o acesso, garantir reconhecimento e criar oportunidades para meninas e mulheres em todas as etapas da formação esportiva.
Compromisso no combate à violência de gênero
Além do incentivo ao esporte, o Governo Federal tem atuado na promoção de ambientes mais seguros e igualitários. Em novembro de 2024, o Ministério das Mulheres e a CBF firmaram dois compromissos importantes: a adesão à Carta-Compromisso pelo Feminicídio Zero e a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica para implantação do Protocolo “Não é Não” em estádios e arenas esportivas.
As campanhas de conscientização já marcaram presença em mais de 10 jogos das séries A, B e C do Campeonato Brasileiro, levando aos torcedores mensagens de enfrentamento à violência contra a mulher e divulgando canais de denúncia, como o Ligue 180. As ações reforçam a necessidade de transformar também os ambientes esportivos, ainda fortemente masculinizados.
Inclusão, protagonismo e futuro
Mais do que uma política esportiva, a valorização do futebol feminino é um ato de reparação simbólica e de inclusão social. Ao ampliar o acesso das mulheres ao esporte, o Brasil avança no enfrentamento das desigualdades históricas e inspira novas gerações a sonhar com protagonismo nos gramados, nas arquibancadas, nas comissões técnicas e na gestão esportiva.
Como em tantas outras áreas, representatividade importa. E no futebol, essa presença cada vez mais visível e valorizada sinaliza um futuro mais justo, diverso e igualitário.
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