HOME > Entrevistas

Nova peça teatral de Dani Balbi dá voz à luta das mulheres negras diante da justiça seletiva

Deputada da Alerj denuncia em entrevista à TV 247 o racismo e o patriarcado no Rio

Dani Balbi (Foto: Reprodução/Twitter/@danielibalbi)
Redação Brasil 247 avatar
Conteúdo postado por:

247 - A deputada estadual do Rio de Janeiro, Dani Balbi (PCdoB), também professora, roteirista e dramaturga, foi a entrevistada de Mario Vitor Santos e Regina Zappa, na TV 247. Durante a conversa, revelou detalhes sobre sua mais nova obra, o livro e peça “Mãe, Preta e Reincidente”. O livro será lançado no próximo dia 17 de junho, na Livraria Travessa do Leblon, com uma leitura dramática de pequenos trechos.

Trata-se de uma peça que, segundo a autora, "conta o drama das ruas, das mulheres negras das periferias do Rio de Janeiro, que é conflagrada". Escrita em 2021, durante um intervalo das gravações de um projeto audiovisual, a obra surgiu a partir da inquietação de Dani com as vivências cotidianas de mulheres negras nas favelas em meio à pandemia. Com o apoio de parceiras mulheres, a escrita foi tomando corpo e ganhou forma literária e cênica.

A montagem e encenação do espetáculo devem acontecer entre o fim de 2025 e o início de 2026. A obra tem estrutura de dois momentos, divididos em três atos, e propõe uma crítica à repressão do Estado, ao sistema justiça e à violência policial nas periferias. 

"A obra conta a história de uma mulher negra atravessada pelos conflitos que ocorrem no Rio de Janeiro. Duas vezes ela se confronta com o sistema de justiça, na primeira vez como ré, para defender sua história e seu legado e justificar diante do júri as razões que a levaram para uma vida de criminalidade; e na segunda vez para defender o legado do filho assassinado de forma covarde pela polícia através de uma incursão militar", afirmou Balbi.

A peça, afirma a autora, é “a arte imitando a vida”, uma representação crua e sensível das violências impostas às mulheres negras. 

O projeto também dialoga diretamente com sua atuação na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde ocupa uma das cadeiras como a primeira mulher trans da história da Casa.

Questionada sobre como sua vivência artística e política se cruzam, Dani denunciou as estruturas de poder ainda vigentes no parlamento fluminense e do Brasil de forma geral:

"Eu preciso me impor, porque o parlamento é um espaço machista e patriarcal. Deslocaram as violências de gênero para outro lugar. Se antes eram mais diretamente grosseiros, ou se não reconhecessem nosso gênero, já não fazem isso, porque temos legislações que combatem a violência política de gênero", explicou.

Ainda assim, ela alerta que formas sutis de opressão permanecem:

“Muitas práticas que buscam relegar as mulheres continuam, como descaracterização de projetos e da tramitação, e silenciamento”, disse.

Para Dani Balbi, a legislação contra a violência política de gênero precisa avançar, sobretudo para garantir a efetividade da participação feminina e trans no espaço político, hoje ainda marcado por obstáculos.

Assista

❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Cortes 247

Relacionados

Carregando anúncios...
Carregando anúncios...