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Comércio cresce no início de 2025, mas alta da Selic e inflação ameaçam continuidade da recuperação

Após avanço de 2,3% nas vendas, setor varejista alerta para perda de fôlego nos próximos meses diante do crédito caro e da queda na confiança

(Foto: Agência Brasil )
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247 - O comércio varejista brasileiro iniciou 2025 com desempenho positivo, registrando crescimento de 2,3% nas vendas no primeiro bimestre em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que setores como veículos (+9,5%), móveis e eletrodomésticos (+6,9%) e materiais de construção (+6,7%) foram os principais responsáveis por impulsionar o resultado. No entanto, o bom começo do ano convive com um cenário econômico preocupante, marcado por juros elevados e inflação acima da meta, que acendem o sinal de alerta entre empresários do setor.

Apesar da recuperação nas vendas, lideranças do comércio manifestam preocupação com os efeitos de uma política monetária restritiva. “Os patamares elevados da Selic e a inflação são os principais vilões do comércio. Os lojistas não conseguem oferecer preços competitivos, afastando os consumidores – muitos dos quais já não têm acesso ao crédito”, afirma Maurício Stainoff, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo (FCDLESP). A Selic, hoje em 14,25% ao ano, encarece o crédito e limita o consumo, comprometendo a sustentabilidade do crescimento.

Esse impacto é percebido especialmente nas linhas de crédito rotativo, como o cartão empresarial, cuja taxa média de juros chegou a 142,3% ao ano em fevereiro, segundo o Banco Central. Ao mesmo tempo, a inadimplência permanece elevada: 69,66 milhões de brasileiros estavam negativados em março, conforme levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil.

Para Stainoff, a alta dos juros compromete não apenas o consumo, mas também a margem das empresas. “É um ciclo que exige planejamento. Boas práticas de gestão financeira, como controle de fluxo de caixa e condições diferenciadas para pagamentos à vista, podem mitigar os riscos”, orienta o dirigente.

Outro sinal de preocupação é a queda na confiança do setor. O Índice de Confiança do Comércio, calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou para 83,1 pontos em março – o menor nível desde 2021. O indicador que mede as expectativas futuras teve retração ainda mais acentuada, refletindo o pessimismo dos empresários com os próximos meses.

“O comércio precisa de previsibilidade, confiança e crédito acessível para se manter em crescimento”, reforça Stainoff. Ele acredita que a retomada mais consistente depende de mudanças no ambiente macroeconômico, especialmente na política monetária, e da adoção de estratégias de adaptação por parte dos lojistas.

Segundo o presidente da FCDLESP, a digitalização e a diversificação dos meios de pagamento são caminhos promissores para quem busca manter a competitividade. “A adoção de estratégias digitais e a diversificação de meios de pagamento são caminhos fundamentais para atravessar 2025 com resiliência. O consumidor está cada vez mais conectado, e os lojistas que investirem em experiências digitais tendem a se destacar”, conclui.

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