Programa "Conhecimento Brasil" trará de volta ao país cientistas de 34 nações e amplia investimentos em pesquisa

247 - O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciou, nesta terça-feira (3), o resultado da chamada pública para Atração e Fixação de Talentos do programa Conhecimento Brasil. A iniciativa visa repatriar pesquisadores brasileiros que atuam em instituições de prestígio no exterior e já atraiu cientistas residentes em 34 países. A maior parte desses profissionais atualmente vive nos Estados Unidos (12,8%), Alemanha (7,3%), França (4,6%), Portugal e Inglaterra (4,1% cada), com experiências em universidades de excelência como Harvard, Oxford, Cambridge, Lisboa, Porto e Karlsruhe. 

Segundo o CNPq, serão investidos R$ 604 milhões na contratação de 599 projetos científicos. Esses projetos foram submetidos por brasileiros que realizaram doutorado ou pós-doutorado fora do país desde 2019 e poderão ser desenvolvidos ao longo de até cinco anos, independentemente de os proponentes estarem residindo no exterior ou já terem retornado ao Brasil.

Lançado em julho de 2023, o programa Conhecimento Brasil já realizou duas chamadas públicas. Juntas, elas mobilizaram mais de 2.500 pesquisadores e pesquisadoras brasileiros interessados em retornar ao país ou colaborar com instituições nacionais por meio de parcerias científicas.

Na chamada divulgada nesta terça-feira, 566 dos 599 projetos selecionados serão desenvolvidos em universidades e institutos de pesquisa brasileiros, enquanto 33 serão realizados em parceria com empresas. Uma das metas do programa era destinar pelo menos 30% dos recursos às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste — objetivo que foi superado: 126 projetos foram aprovados para instituições do Nordeste, 43 do Centro-Oeste e 23 do Norte, o que representa 32% do total.

Os valores aprovados para cada projeto ultrapassam R$ 1 milhão, cobrindo a remuneração dos cientistas, o suporte às instituições envolvidas e os custos diretos das pesquisas.

O presidente do CNPq, Ricardo Galvão, celebrou os resultados. “Felizmente, foi bem compreendida e aceita pela comunidade científica. Estamos satisfeitos por poder proporcionar oportunidades de retorno e de cooperação a nossos pesquisadores no exterior”, afirmou.

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, também elogiou o desempenho do programa. “O programa Conhecimento Brasil é um caso de sucesso. Mais de 2.500 pesquisadores se candidataram para voltar ao Brasil ou para fazer pesquisa em rede, contribuindo com soluções para desafios brasileiros.”

Na mesma linha, o diretor científico do CNPq, Olival Freire Jr., destacou o papel estratégico da iniciativa: “O êxito das duas chamadas do Programa Conhecimento Brasil demonstra que existe uma diáspora científica muito qualificada que deve ser mobilizada visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia em nosso país.”

Além da linha de repatriação e fixação de talentos, o programa também promoveu uma chamada específica para apoio a projetos em rede com pesquisadores brasileiros que atuam no exterior. Nessa vertente, 640 projetos foram aprovados, com investimentos de R$ 228,5 milhões ao longo de dois anos, voltados à formação de redes científicas com instituições estrangeiras.

Desses projetos, 217 serão coordenados por pesquisadores vinculados a instituições das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que, juntas, receberão R$ 76,4 milhões — o equivalente a 33,45% do total investido, novamente acima da meta mínima estabelecida.

Por fim, o Conselho Diretor do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) autorizou, no último dia 28 de maio, a ampliação do programa Conhecimento Brasil. A nova fase incluirá, além da repatriação, ações voltadas à fixação de jovens pesquisadores e recém-doutores no território nacional, com o objetivo de conter a evasão científica e fortalecer o ecossistema de pesquisa no país.