Sheinbaum desafia os EUA e rejeita 'invasão' na luta contra cartéis
Presidente mexicana endurece discurso após Washington classificar oito grupos do crime organizado como organizações terroristas
247 - A presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou nesta quinta-feira (20) que não tolerará uma "invasão" dos Estados Unidos em seu território sob o pretexto de combate aos cartéis do narcotráfico. A declaração foi dada um dia após a Casa Branca classificar formalmente oito grupos criminosos da América Latina como organizações terroristas estrangeiras. A informação foi publicada pela AFP.
Em resposta à decisão de Washington, Sheinbaum reforçou a intenção de seu governo em ampliar ações legais contra fabricantes de armas dos EUA, que, segundo o governo mexicano, facilitam o arsenal das organizações criminosas. "Todos queremos combater os cartéis de drogas", afirmou a presidente. "Os Estados Unidos no território deles, e nós no nosso".
A classificação feita pelos EUA tem como base um decreto assinado pelo presidente Donald Trump no dia de sua posse, em 20 de janeiro. Entre os cartéis mencionados estão o Trem de Arágua, grupo originado na Venezuela e atuante em pelo menos oito países sul-americanos, segundo a Interpol; e as Maras Salvatrucha (MS-13), gangue criminosa que surgiu em Los Angeles, mas tem forte presença em El Salvador.
Também foram listados os tradicionais Cartel de Sinaloa, Cartel de Jalisco Nova Geração, Cartéis Unidos, Cartel do Nordeste, Clã do Golfo e Família Michoacán. A medida permite o congelamento de bens das organizações e impede que cidadãos americanos realizem qualquer tipo de negócio com elas.
Outro ponto sensível é a possibilidade de a classificação abrir caminho para uma eventual intervenção militar americana no México, sem autorização do governo local. O histórico de operações unilaterais dos EUA, como as incursões no Afeganistão e na Síria, acendem um alerta no país latino-americano.
Embora o México coopere há mais de 30 anos com os EUA no combate ao narcotráfico, a decisão pode colocar essa parceria em risco. "Uma ação unilateral seria catastrófica", advertiu Craig Deare, especialista em Segurança Nacional. "Isso desmantelaria qualquer colaboração e décadas de esforços republicanos e democratas para construir uma relação de defesa com o México".
A preocupação da administração mexicana é que a classificação como terrorismo crie precedentes para os EUA adotarem medidas agressivas sem o consentimento do governo de Sheinbaum. Em 2020, por exemplo, a prisão do ex-secretário de Defesa do México, Salvador Cienfuegos, pelos EUA, levou o governo mexicano a suspender a cooperação com a Administração de Fiscalização de Drogas (DEA).
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