Peixes monitorados pela Itaipu percorrem centenas de quilômetros e comprovam qualidade ambiental do reservatório
Estudo com marcadores eletrônicos revela migrações de até 450 km e reforça a importância do Canal da Piracema como corredor biológico no Rio Paraná
247 - O monitoramento de peixes realizado pela Itaipu Binacional tem revelado informações valiosas sobre o comportamento das espécies migratórias do Rio Paraná e, principalmente, sobre a boa qualidade ambiental do reservatório da usina. De acordo com informações divulgadas pela empresa, os dados mais recentes comprovam que o ecossistema ao redor da hidrelétrica segue preservado e funcional, sendo um ambiente favorável para a reprodução e migração da ictiofauna.
Desde 2009, a Itaipu utiliza a tecnologia de telemetria PIT (Passive Integrated Transponder) para acompanhar a movimentação dos peixes. Os dispositivos, implantados sob a pele dos animais, não têm bateria e são ativados por antenas que detectam sua passagem. Com esse método, já foram marcados 12.378 indivíduos de 42 espécies diferentes, possibilitando análises detalhadas ao longo do tempo.
Um dos casos mais emblemáticos envolve três piaparas marcadas no mesmo dia, em novembro de 2022, no Portinho do Refúgio Biológico Bela Vista. Elas percorreram cerca de 450 quilômetros rio acima até alcançar a escada de peixes da usina de Porto Primavera, em datas bastante diferentes: a primeira foi registrada em novembro de 2023, a segunda em setembro de 2024 e a terceira em dezembro do mesmo ano.
“É importante para a Itaipu acompanhar as movimentações dos peixes, pois elas comprovam que o Canal da Piracema está cumprindo seu papel de interconectividade, de corredor biológico. E os dados demonstram que as espécies estão conseguindo cumprir seus ciclos reprodutivos”, afirmou a bióloga Caroline Henn, da Divisão de Reservatório da Itaipu.
Caroline também destacou que os registros ajudam a compreender padrões comportamentais das espécies. “É interessante ver como as espécies têm comportamentos distintos: piaparas, por exemplo, migram pelo leito principal, enquanto pacus, por sua vez, preferem tributários como o Piquiri, Ivaí e Ocoy”, explicou.
Outro episódio que chamou a atenção foi o relato de um pescador paraguaio, Adelino Heck, que capturou um pacu de quase 9 kg no dia 7 de maio deste ano, em Puerto Torocuá, a 150 km rio abaixo da usina. O peixe havia sido marcado em Itaipulândia em 2019 e não foi detectado por nenhuma das sete antenas instaladas ao longo do Canal da Piracema — o que sugere que tenha passado por dentro de uma das turbinas da usina, comportamento ainda pouco documentado.
“Como o comportamento de peixes de água doce ainda é pouco estudado, muitas das pesquisas de Itaipu são pioneiras e de grande valia para entender o ecossistema do reservatório e seu entorno”, concluiu Caroline.
Com mais de 100 mil hectares de Mata Atlântica protegidos em seu entorno, o reservatório da Itaipu segue sendo um dos principais exemplos de equilíbrio entre geração de energia e preservação ambiental no Brasil.
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