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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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O verdadeiro plano de Jair Bolsonaro

“Dê-me 50% da Câmara e 50% do Senado que eu mudo o destino do Brasil”

Jair Bolsonaro (Foto: Ton Molina / STF)

A frase, escrita pelo semianalfabeto ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, se estivesse se dirigindo a alguém específico, poderia vir com o verbo “dar” no singular. Porém, como – certamente - ele se dirige ao conjunto da sociedade, de quem espera obter votos para mais essa “aventura”, (ou plano malévolo, melhor assim), teria de estar necessariamente no plural: “deem-me”. 

Eu posso apostar que ele optou pelo singular com medo de usar o plural, pois deve ter faltado a essa aula e não soube grafar corretamente o que lhe ia n’alma. “Deem-me” era difícil para ele.

Para além dos seus tropeços ortográficos, Bolsonaro se recusa a sair de cena. E a cena (mídia) o persegue, teimando em mantê-lo não só nas pesquisas para 2026 – enquanto todos nós sabemos que até qualquer medida jurídica em contrário, ele está e permanecerá INELEGÍVEL. Vai se esgueirando pelas brechas que consegue para manter viva a sua política do “primeiro eu”.

De onde está – o hospital, para variar, seu spa preferido para quando a situação aperta -, Jair acompanha o desenrolar dos acontecimentos no plano internacional e se coloca. De modo errado, claro. Aplaude os agressores contra o agredido, pois não entende “lhufas” da carta da ONU e suas recomendações para manter o mundo mais ou menos em ordem. E, ao palpitar contra a posição do Brasil, já explicitada em nota, pelo Itamaraty, aproveita para mandar o seu recado também para o público interno.

A frase acima consta de um post seu, no X, rebatido pela ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

E o que ele quis mesmo dizer com isso? Que, sim, não vai largar o posto de pré-candidato pelo PL, embora o presidente, Valdemar Costa Neto, tenha outros planos. Sonha com o dia em que poderá anunciar a chapa que a mídia já parece ter abraçado, independente do que isso possa significar para o futuro do país. Tarcísio de Freitas, o radical da ultradireita, o disseminador das escolas cívico-militares, o privatista, o que criou o “factóide” de um atentado em sua campanha ao governo de São Paulo, resultando em um morto em Paraisópolis, crime obscuro e arquivado. 

Ele mesmo, o que no dia da eleição para prefeito da capital de São Paulo, acusou sem provas o candidato Boulos, opositor do seu, de ser ligado ao PCC, sem apresentar provas. E o que aconteceu? Nada. Porque Tarcísio é a galinha dos ovos de ouro dos comentaristas que sonham todos os dias com um nome que “areje” a política. 

O que não contam é que seus costumes, seu posicionamento diante do mundo é igual ou pior que o de Bolsonaro. Talvez mais perigoso, porque embrulhado em papel reluzente, com apresentação razoável. Pensando bem, em sua última aparição ele estava mesmo era embrulhado na bandeira do país que está dizimando Gaza, matando e mutilando crianças e mulheres. 

Sim! A chapa! Importante falar da chapa. Como sua vice, a mídia já determinou que Michelle – assim, com dois eles – aquela, que afogou as carpas do lago do Alvorada para catar até o último centavo antes de embarcar para visitar lojas de grife em Miami, ao apagar das luzes do governo do marido, é o nome. 

E o que faz Jair Bolsonaro, além de postar no X, com toda a sua limitação na Língua Pátria?  Elabora rotas de fuga. Não necessariamente por alguma embaixada, como tentou em um carnaval. Sabe que a cadeia o espera. Sabe que a inelegibilidade é inexorável, então, inventa. 

Planeja seguir até a última barreira se dizendo candidato, mas o que ele quer mesmo é executar a estratégia contida na frase acima – ainda que com o português claudicante. Quando o STF e o TSE disserem para ele que não dá de jeito nenhum, ele terá percorrido o país inteiro fazendo o que já deveríamos estar ensaiando: pregando a necessidade de ter maioria no Congresso. Deputados que votem projetos do interesse da ultradireita, e senadores com poder de elaborar propostas de impeachment de ministros do Supremo. 

É esse o seu verdadeiro plano. Atrapalhar a todos que se colocarem como candidatos pelo PL, mas disseminar a maior quantidade de Nikolas, possível, na Câmara. Com apelos religiosos, pela família, pela pátria! Quanto ao Senado, lá tentará eleger os que o vingarão! Cuidem-se Alexandre de Moraes e Flávio Dino! Rsrsr.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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