O ano é 2027. É o segundo ano do quarto mandato do presidente Lula
Um economista, agora deputado, organizou uma greve de fome dentro do parlamento que já conta com a adesão de mais de 80 professores...
Como todos se lembram, a eleição de 2026 foi ganha na unha. Grupos de bolsonaristas pendurados em caminhões e que rezavam para pneus ou esperavam a chegada de extraterrestres foram arregimentados por “mercadores da fé” do novo evangelismo do lucro e do empreendedorismo para votarem pela família de fascistas. Apesar da tentativa novamente de golpe da PRF, das “marchas pela família e pela liberdade” – que reuniram milhares de fascistas aos gritos de “brasil acima de tudo”, o presidente Lula venceu por uma margem maior do que na eleição anterior.
Após a derrota, o restante da família Bolsonaro teve sua prisão decretada e hoje o único Bolsonaro homem que não está preso é Eduardo Bolsonaro, o bananinha, que se refugiou no novo Império dos Estados Unidos da América. De lá, Eduardo Bolsonaro se autoproclamou presidente do Brasil e está exigindo que o imperador Trump I lhe entregue o controle sobre todas as embaixadas brasileiras e as rendas de todas as empresas estatais operando em solo norte-americano.
Os EUA que, aliás, tiveram sua constituição mudada e hoje Donald Trump é imperador aclamado já prepara a sua sucessão. Neste cenário, a China segue crescendo e seu PIB já é quase duas vezes o dos EUA. A Guerra Tarifária iniciada por Trump em 2025 terminou por jogar a economia norte-americana no chão e solapou o dólar. A queda do valor do dólar não foi corretamente prevista pelo presidente do Banco Central e o Brasil segue levantando juros para “conter a inflação”, nas palavras do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Os juros nominais já chegam a 25% e os setores econômicos nacionais já abandonaram qualquer ideia de investimento jogando nossa economia nas mãos do agronegócio.
O Brasil entrou no século XXI como um “fazendão” que vende quinquilharias compradas pelo “véio da Havan” e outros da China e revendidos aqui pagando-se a “taxa das brusinhas” que hoje ajudam a manter o orçamento. O vice presidente, Fernando Haddad, que ocupa também o cargo de ministro da economia anunciou esta semana que não há mais dinheiro para investir em saúde e educação e atacou fortemente a constituição brasileira a que chamou de “perdulária e atrasada”. O ministro afirmou que já se investiu muito em educação e que – como ele tinha avisado em 2025 – o novo arcabouço fiscal não consegue mais fazer os investimentos que a constituição exige. Assim, ele está comandando uma “força tarefa” de deputados e senadores para retirarem o texto da constituição porque é preciso manter o “equilíbrio fiscal”.
O economista David Deccache lembrou que já em 2023 vinha avisando que o novo arcabouço não poderia ser cumprido sem destruir a educação e a saúde brasileira. O agora deputado organizou uma greve de fome dentro do parlamento que já conta com a adesão de mais de 80 professores, dentre eles o professor Daniel Cara da USP e o professor Daniel Negreiros da UFRJ que, junto com outros já lutavam contra essa mudança constitucional lá em 2025. Os manifestantes usam camiseta alusiva à campanha “Glauber fica” que foi bem-sucedida em 2025 nas ações do deputado Glauber Braga. A promessa é que a UNE e outras instituições da sociedade organizada se juntem à manifestação que já foi atacada pelo Ministério da Educação que continua dominado por interesse de banqueiros. O estranho é que é a primeira vez que um ministério defende com tanta veemência a redução de seu orçamento. O ponto jocoso de todo esse processo é que até o ex-ministro da educação – Camilo Santanna – que começou a gestão neoliberal da educação no governo Lula, hoje se junta aos professores no protesto e afirma ser “inaceitável” que PT seja quem vai destruir as proteções constitucionais à saúde e educação do Brasil. Perguntado sobre a sua história, o ex-ministro disse que nunca é tarde para se reconhecer os erros e afirmou que se pudesse teria mudado todo o ministério ainda no primeiro semestre de 2025 “para lutar por uma educação inclusiva, pública, democrática e que formasse cidadãos politicamente interessados” nas palavras do ministro.
A briga entre os defensores da educação e saúde contra a nova onda neoliberal promete rachar não apenas o parlamento, mas também o Partido dos Trabalhadores. Nos últimos dias, após o ministro discursar pela necessidade da retirada da exigência dos investimentos em saúde na constituição, banqueiros e operadores do mercado financeiro voltaram a lhe oferecer o prêmio de “melhor ministro da economia” enquanto o PT viu uma onde de mais de 15% de desfiliações em apenas 48 horas. Enquanto o presidente Lula promete ouvir a todos com atenção, a base do partido – de forma organizada – abandona a sigla e vários professores ouvidos afirmam que “não votaram em Lula para isso”.
Colocando um pouco mais de lenha nessa fogueira, viralizou um vídeo mostrando o sistema educacional chinês que desde cedo oferece a todas as crianças chinesas desde matérias ensinando a plantar e colher com as mãos, projetar e levantar muros até operar inteligência artificial e programação avançada. Enquanto isso, no Brasil, o “novo ensino médio” segue oferecendo as proverbiais disciplinas de “bolo de rolo”, “educação financeira” e “torne-se presidente”, juntamente com “empreendedorismo”, “meritocracia” e “o agro é pop”. Estudantes e professores pelo Brasil inteiro se revoltaram e pressionam o governo. Do lado do ministério da Economia se diz apenas que “não há alternativa” ...
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