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Jeferson Miola

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Governo sob ataque sincronizado do Congresso, rentismo e Moody’s

'Usurparam a prerrogativa de regulação tributária do governo', escreve o colunista Jeferson Miola

Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsa de Valores e o dólar (Foto: Lula Marques | Reuters)

Congresso, rentismo e agência Moody’s coordenam ataques sincronizados ao governo Lula. Garroteiam o governo para asfixiá-lo e deixá-lo sem fôlego na eleição de outubro de 2026.

Nos últimos dias, os maiores bancos estadunidenses, JP Morgan e Bank of América, “aumentaram a aposta em investir no Brasil”, o que é sinônimo de pilhagem, por um motivo muito esclarecedor: “a eleição presidencial de 2026 já batendo na porta dos mercados com uma visão predominante de ‘Lula fora’, o que poderia servir de trampolim para uma nova política fiscal no País”, reporta matéria do Estadão.

Para analistas da Morgan Stanley, “o calendário eleitoral nos próximos 18 meses abre a oportunidade para iniciar uma mudança de política ‘muito necessária’ no País, especialmente na área fiscal”.

“Embora ainda estejamos a 18 meses da próxima eleição presidencial no Brasil, vemos sinais de enfraquecimento do apoio à plataforma política atual em relação à média histórica”, afirmam os banqueiros, no que pode ser entendido como uma aposta para inviabilizar a continuidade do projeto democrático liderado por Lula, mesmo sabendo que isso significa a retomada fascista no país em bases ainda mais ferozes, apesar do verniz falso-civilizado do capitão do Exército Tarcísio de Freitas.

Para cumprir a profecia do rentismo e sua mídia hegemônica de que a situação é crítica e de que é preciso cortar gastos sociais, a agência Moody’s, cuja confiabilidade vale tanto quanto uma nota de três reais, rebaixou a nota de crédito do Brasil com o manjado argumento “da deterioração fiscal”.

Editoriais da Rede Globo e da imprensa dominante então redobraram a exigência de corte dos orçamentos sociais, do fim do aumento real do salário mínimo, medida preconizada por Armínio Fraga, e, também, do fim dos mínimos constitucionais do SUS e da educação.

Hugo Motta, aquele presidente da Câmara que precisa aplicar gumex no cabelo para tentar parecer crível, escalou o deputado Pedro Paulo, do partido do Kassab, para avançar na eliminação desses direitos sociais sob o disfarce da reforma administrativa.

O que uma coisa [a reforma administrativa] tem a ver com a outra [o aumento real do salário mínimo e a garantia de verbas para saúde e educação]? Absolutamente nada!

O que está em curso, na verdade, é o mais audacioso ataque à Constituição de 1988 desde o teto de gastos criado com o golpe de 2016.

O escarcéu hipócrita em torno do decreto do IOF escamoteia a nova ofensiva do rentismo e do poder econômico, que defendem austeridade fiscal com o objetivo de ampliar a apropriação obscena do orçamento da União e dos fundos públicos pelas finanças.

Até Gabriel Galípolo, aquele que continua a política de juros estratosféricos do bolsonarista Campos Neto, reproduziu a histeria do mercado. Passando por cima do Haddad, ele telefonou diretamente para alertar Lula sobre “ruídos na sociedade”, ou seja, para vocalizar o sentimento da Faria Lima e da turma da pesquisa Focus. Como foi atendido pelo presidente, sua deslealdade a Haddad ficou atenuada.

Os parasitas da riqueza nacional são insaciáveis. Eles não se contentaram com os cortes de 31 bilhões do orçamento que o governo foi obrigado a fazer devido, aliás, à armadilha que o próprio governo armou para si com o Novo Arcabouço Fiscal e o déficit zero.

Num figurino mais assemelhado ao gangsterismo político que à prática parlamentar, Motta e Alcolumbre distribuíram ultimatos e ameaças ao governo.

Usurparam a prerrogativa de regulação tributária do governo, colocaram a faca no pescoço e ainda prometeram represálias caso o Executivo recorra ao STF para garantir sua prerrogativa constitucional. Agiram como o agressor que ameaça com mais violência a vítima que denuncia a agressão à polícia.

O plano de sabotagem do governo conta, ainda, com um profissional no ramo: Arthur Lira, aquele que diz se sentir orgulhoso em ser cogitado como vice de Bolsonaro.

Presenteado por Motta com a arma poderosa da relatoria do projeto da isenção de imposto de renda para quem ganha até cinco mil reais, Lira sinaliza dificuldades para a aprovação dessa promessa de campanha do Lula que beneficia mais de 20 milhões de contribuintes.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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