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Arnóbio Rocha

Advogado civilista, membro do Sindicato dos Advogados de SP, ex-vice-presidente da CDH da OAB-SP, autor do Blog arnobiorocha.com.br e do livro "Crise 2.0: A taxa de lucro reloaded".

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Descanse em paz, Papa Francisco!

"Que o próximo papa saiba reconhecer a grandeza de Francisco e leve adiante seu exemplo", diz Arnóbio Rocha

Papa Francisco (Foto: Reprodução)

Hoje, 21.04.2025, o mundo se despede de um grande homem: Jorge Mario Bergoglio, cardeal argentino, o Papa Francisco, o jesuíta. Eleito em março de 2013, em meio a uma grave crise e escândalos na Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), sua escolha parecia, à época, uma tentativa de solução temporária. O conclave desejava alguém de transição — um nome para apaziguar as águas, após o escândalo do Vatileaks que escancarou os bastidores sombrios do Vaticano e precipitou a renúncia do cardeal Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVI, um dos homens mais poderosos da Igreja no papado de João Paulo II.

O Vatileaks revelou ao mundo não apenas os desmandos da Cúria Romana, mas também as intrigas de poder que permeavam seus corredores. A eleição de Bergoglio, com 76 anos, vindo de uma Igreja latino-americana marcada por relações controversas com ditaduras militares, gerou ceticismo. Muitos acreditavam que ele não passaria de um pontífice frágil e breve — uma figura decorativa, enquanto os partidos internos se articulavam para a sucessão.

Mas o que parecia fadado à irrelevância tornou-se um fenômeno. Tudo conspirava para um papado apagado, sem apoio, frágil e isolado. E, no entanto, é preciso reconhecer: o cardeal Bergoglio foi um milagre. Não um milagre místico, mas uma manifestação palpável da luz cristã, da inteligência e da sensibilidade humanas. Francisco surpreendeu o mundo não apenas por suas palavras, mas por seus gestos, por sua coerência, por ser testemunho vivo de uma bela transformação na ICAR.

Seu pontificado foi inesperadamente longo e fecundo. Com posturas firmes e gestos eloquentes, ele rompeu o silêncio institucional em temas até então intocáveis. Enfrentou as contradições de uma instituição milenar, pouco disposta a dialogar com o presente. Se os esforços modernizadores dos papas João XXIII e Paulo VI haviam sido abafados por João Paulo II e Bento XVI — conservadores, reacionários e coniventes com os abusos da Igreja —, Francisco recuperou a esperança de uma fé com rosto humano.

Agora, sua partida traz dúvidas legítimas: suas reformas resistirão? A Igreja Católica será capaz de continuar seu movimento de abertura, diálogo e humanidade? Que o próximo papa saiba reconhecer a grandeza de Francisco e leve adiante seu exemplo. Que não haja retrocessos. O mundo clama por líderes com postura ética, voltados à democracia, aos direitos humanos e à luta contra o obscurantismo e o negacionismo.

Vá em paz, Papa Francisco.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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