Chega de só os pobres pagarem a conta! Todos devem contribuir de forma justa
É hora de exigir que ricos e poderosos paguem sua parte, aliviando o peso que recai hoje sobre quem trabalha
As ações do Congresso durante a semana escancararam, mais uma vez, a injustiça do nosso sistema tributário ao derrubar vetos do presidente Lula que tentavam limitar privilégios fiscais de fundos de investimentos imobiliários e do agronegócio. Esses setores haviam sido incluídos na reforma tributária para finalmente contribuírem com impostos (IBS e CBS), mas permanecerão isentos graças à decisão dos parlamentares. Ou seja, nossos representantes optaram por proteger os ganhos de grandes investidores, enquanto a imensa maioria do povo continua arcando com a maior parte da carga tributária.
Essa escolha lamentável dos deputados e senadores revela de que lado está a base do poder legislativo. O Congresso brasileiro hoje é uma verdadeira distopia política, dominado por homens brancos, latifundiários e empresários milionários, que deveriam representar um povo majoritariamente pobre e trabalhador. Mas como a raposa vai cuidar dos interesses do galinheiro? Como esperar justiça social de um parlamento cuja composição reflete exatamente aqueles que sempre se beneficiaram das injustiças? Não surpreende que, na hora de decidir, muitos ali fechem questão pela manutenção de isenções e benefícios fiscais aos mais ricos, como vimos no caso dos FIIs e Fiagros. Alegaram, em defesa desses fundos, que tributá-los “prejudicaria investimentos” e “a oferta de crédito” ao agronegócio – um discurso conveniente para justificar que os tubarões sigam sem pagar impostos, enquanto o trabalhador paga até no arroz e feijão de cada dia.
É exatamente esse o retrato do nosso sistema tributário profundamente injusto e regressivo. Atualmente, quase metade de tudo que o governo arrecada vem de impostos indiretos embutidos em bens e serviços – impostos sobre consumo, que pesam no bolso de todos cada vez que compram algo. O problema é que rico e pobre pagam a mesma taxa no produto, mas para o pobre essa taxação leva uma fatia muito maior de sua renda do que para o rico. Estudos mostram que os 10% mais pobres das famílias brasileiras comprometem 32% de sua renda em tributos, enquanto os 10% mais ricos gastam apenas 21%. Em outras palavras, proporcionalmente quem tem menos paga mais – um contrassenso perverso que aprofunda as desigualdades e torna nosso país campeão em concentração de renda. Não por acaso, aqui grandes fortunas e patrimônios praticamente não são tributados, milionários e bilionários não pagam imposto sobre grandes fortunas, lucros e dividendos há décadas, e sempre barraram qualquer tentativa de fazê-lo. Chega! Vamos lutar por um sistema tributário em que todos contribuam de forma justa.
Felizmente, há um movimento em curso para corrigir essas distorções. O governo Lula tem se empenhado na direção da justiça tributária. Não se trata de punir o sucesso de ninguém, e sim de equilibrar a balança que hoje pesa somente de um lado.
É claro que ações com esse intento encontram resistência de quem sempre foi blindado. Vimos isso com a reação organizada das frentes parlamentares do empreendedorismo e do agronegócio, que se articularam nos bastidores para manter seus fundos isentos a qualquer custo. O ministro da Fazenda tentou negociar, ofereceu projeto alternativo, mas a pressão dos lobbies falou mais alto. Precisamos deixar claro que não aceitaremos mais esse jogo em que só o povo paga a conta. Os trabalhadores urbanos e rurais, o funcionalismo honesto, a classe média sufocada por impostos e alto custo de vida – todos nós já demos nossa cota de sacrifício. Agora, é a vez dos endinheirados contribuírem. Não podemos permitir que meia dúzia de privilegiados no Parlamento desfaçam avanços em nome de interesses próprios.
Para isso, é fundamental a mobilização popular e da classe trabalhadora. Se os de cima têm poder econômico, nós temos a nossa voz, o nosso voto e a nossa união. Nos últimos meses, a classe trabalhadora deu demonstrações de força e consciência, voltando às ruas mais unida e combativa. Aprendemos, ao longo de nossa história, que direitos só se conquistam com luta – e com justiça tributária não será diferente. Cabe a nós pressionar nossos parlamentares, expor quem vota contra o povo e cobrar a conta do voto. Quem continuar traindo a maioria para proteger privilégio de minoria deve saber que terá resposta nas urnas. Não vamos esquecer, em 2026, daqueles que viraram as costas para o Brasil real.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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