29ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo
"Sem Medo, Com Memória: A longevidade lésbica e as travestis que envelhecem e a Parada que não deixa ninguém para trás"
Sem Medo, Com Memória: A longevidade lésbica e as travestis que envelhecem e a Parada que não deixa ninguém para trás. Salve Herbert Daniel que em 1982 escreveu: Não que eu clame por desforra: a vingança, renego. Vingar que quero é positivo ato intransitivo, de vida que dá certo, de planta que pega (vinga).
Neste 22 de junho de 2025, enquanto a Avenida Paulista é tomada pelo orgulho de quem sobreviveu ao apagamento, à violência e ao silêncio, celebrando a 29ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, o mundo ainda ecoa o impacto da recente da posse de Donal Trump e a eleição Papal com Leão XIV, ocorrida em 8 de maio.
Nos discursos do pontífice, a expressão “sensa paura” — sem medo — aparece com insistência. Sem medo de reformar, de construir pontes, de se aproximar dos que sofrem. Mas como soa essa coragem espiritual quando confrontada com os corpos reais das pessoas LGBT+ que resistem e envelhecem sem o amparo das instituições religiosas que historicamente nos negaram?
Leão XIV: entre pontes e silêncios
O Papa Leão XIV, sucessor do Papa Francisco, tem uma posição complexa em relação à comunidade LGBTQIA+. Embora tenha reafirmado a doutrina da Igreja Católica sobre o casamento como união entre homem e mulher, ele também expressou a necessidade de uma igreja mais inclusiva e que não exclua pessoas com base em seu estilo de vida.
Sim, estilo de vida!!!
Inspirado por Santo Agostinho e com trajetória entre os pobres e perseguidos da América Latina, Prevost surpreendeu ao saudar em espanhol a arquidiocese de Trujillo, onde viveu durante a ditadura Fujimori. Em seu primeiro pronunciamento, usou termos como sinodalidade, pontes e sofrimento compartilhado. Mas esse vocabulário de inclusão contrasta com a realidade vivida por muitas pessoas LGBTQIA+ ao redor do mundo, sobretudo as travestis e pessoas trans que envelhecem com marcas da exclusão institucionalizada.
Enquanto o Papa fala de construir pontes, o Vaticano ainda silencia sobre as denúncias de abuso envolvendo o cardeal peruano Juan Luis Cipriani, figura influente e acusada de agredir um adolescente há mais de 40 anos. Cipriani esteve presente no funeral de Francisco e é parte da estrutura que muitos esperavam ver confrontada por uma Igreja “sem medo”.
Parada SP 2025: Velhices LGBT+ em marcha
Hoje, essa contradição se desfaz nas ruas de São Paulo.
Com o tema “Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro”, a Parada do Orgulho LGBT+ de 2025 ocupa a Avenida Paulista como um grande tributo às gerações que vieram antes — e que, muitas vezes, não puderam envelhecer com segurança, nem com o direito de amar abertamente, muito menos com garantias do Estado.
“Celebrar o orgulho LGBT+ também é honrar quem abriu caminho antes de nós”, afirma Nelson Matias Pereira, presidente da APOLGBT-SP, organizadora do evento.
“Lutar pelo envelhecimento com dignidade é lutar para que nenhuma pessoa seja deixada para trás.”
A realidade, porém, ainda é dura: idosos LGBT+ enfrentam abandono, invisibilidade e políticas públicas insuficientes. O tema de 2025 é, portanto, um gesto político radical — contra a lógica do descarte e da juventude compulsória que atravessa a própria comunidade.
Os números da PARADA LGBTI+ de SP mostram que quando o medo entra pela porta, o futuro sai pela janela
- 93% das pessoas trans e travestis se sentem inseguras na escola;
- 90% sofreram agressões verbais no último ano;
- 34% foram vítimas de violência física;
- 31% sofreram ciberbullying;
- 58% faltaram às aulas no último mês por medo;
- 94% relataram episódios de depressão;
- 50% pensaram em abandonar os estudos — número que salta para 58% entre pessoas trans e 48% entre estudantes negras e negros.
Para enfrentar tais números, uma vez por ano há um suspiro!
A Parada do Orgulho LGBTI+ de São Paulo é mais do que um evento: é a maior celebração de diversidade sexual e de gênero do planeta, reunindo milhões de pessoas na Avenida Paulista em um espetáculo de cores, corpos e coragem. É festa, mas também é manifesto. É dança, mas também é denúncia. Em cada cartaz erguido, cada batida de som, cada beijo sem medo, a Parada reafirma um compromisso coletivo com a liberdade, a visibilidade e a dignidade de todas as existências dissidentes. Em um país onde ainda se morre por ser LGBTI+, a Parada é resistência em movimento — um grito político potencializador da alegria que reverbera do asfalto da Av. Paulista para as políticas públicas do nosso Brasil!
Serviço — 29ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo
📅 Data: 22 de junho de 2025, domingo
📍 Local: Avenida Paulista — Concentração em frente ao MASP, a partir das 10h
🎨 Tema: Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro
📡 Transmissão ao vivo: Via YouTube, em parceria com a DiaTV
📞 Imprensa: [email protected]
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